sábado, 17 de novembro de 2012

A ESCRAVIDÃO NO CEARÁ


A ESCRAVIDÃO NO CEARÁ
MARIA IVANILDA DOS SANTOS


Palavras-chave: História. O negro no Ceará


1. INTRODUÇÃO

O estado do Ceará ficou conhecido por ser a primeira província brasileira no século XIX a abolir a escravidão. Isso ocorreu em 25 de março de 1884, quatro anos antes da promulgação da Lei Áurea. Foi concedida liberdade acerca de trinta mil cativos. Segundo a própria história, consta que Francisco José do Nascimento, mais conhecido como Dragão do Mar, já em 30 de Agosto de 1881, no porto do Ceará, já não se embarcava mais escravos. Ele conseguiu fechar os portos de embarque de escravos na cidade de Fortaleza.
Mas até chegar essa abolição houve muitos conflitos e desesperos por parte dessa população, que tanto lutaram para chegar a esse momento tão importante na história cearense e, para a cultura de um povo tão sofrido e humilhado durante séculos de escravidão.
Os negros eram caçados nas selvas africanas, aprisionados pelos mercadores brancos e trazidos em péssimas condições nos chamados “navios negreiros” ou “tumbeiros”. Vinham amarrados com correntes nos porões dos navios, sem alimentação, sem higiene, misturados com os que contraiam doenças, ou até morriam na viagem. Desembarcados nos portos do Brasil, era imediatamente conduzidos às feiras em praça pública, onde eram leiloados para os senhores.
Sentiu na pele, um sofrimento sem direito de expressão e liberdade até chegarem a esse ponto tão marcante na vida daqueles que conseguiram retratar essa história que marcará para sempre a escravidão no Ceará. Essa foi uma forma de conter as demais províncias do Brasil, que ficará na memória de um gesto heroico de terem libertado tantos escravos traficados durante anos para o trabalho escravo, que muitas vezes levava até a morte, pois muitos não tiveram a chance de sair com vida das senzalas em que viveram, pois muitas famílias foram destruídas.
A escravidão no Ceará marcou muito a vida dos negros. Neste trabalho procura-se verificar se o estado que não é modelo de igualdade racial para um país mensurado aos diferenciais de salários relacionados a cor e gênero, em termos de atributos produtivos e discriminatórios, ou seja, uma nova medida de capital humano. Portanto, além da inclusão de outras características observadas pelos trabalhadores estáveis, incluindo assim a possibilidade de serem afetados pelos cenários macroeconômicos com a economia brasileira que é algo até então inédito.

2. CEARÁ: TERRA DA LUZ
O Ceará ficou conhecido como “Terra da Luz”. Essa denominação foi dada pelo fato de ter sido a primeira província do Brasil a libertar seus escravos. Segundo o Artigo 5º da Constituição Brasileira (1988):

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...] (CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, 1988, p.5)


Mas será que o estado do Ceará é mesmo modelo de igualdade racial para um país que vive um preconceito social, econômico, retratando um passado que ainda hoje reflete no dia a dia do cidadão brasileiro? Além disso, essa é a realidade em que vivemos e fingimos não vê-la. Segundo Figueira Sampaio, “o negro no Ceará era um íntimo de casa, um ente amigo da família a quem servia com humildade e sem constrangimento”.
 Já outros autores argumentam também que a população escrava cearense, sempre teve um papel não representativo. De fato, a estrutura produtiva local não era observadora de mão de obra escrava, tendo em conta que predominavam atividades ligadas à pecuária e cotonicultura. Segundo se consta que a criação de gado era imprópria para tal serviço devido principalmente a facilitação de fugas dos escravos.
Portanto o processo de escravidão se resume a um ponto estreitamente econômico no âmbito da discriminação a que se define como fato idêntico a terem preços diferenciados dentro do mercado de trabalho, com trabalhadores com a mesma produtividade em um senso físico e material a serem tratados de forma desiguais com a base em algumas características observáveis entre raça, etnia e cor.
Por mais de três séculos, os negros trabalharam como escravos no Ceará, ajudando a construir, montar, produzir, fabricar, enfim, a fazer todo trabalho braçal. Mas nem por isso, foram mais considerados. Ao contrário eram vistos apenas como mercadorias a serem adquiridas. O preço variava de acordo com a idade, a força e a saúde dos negros. Homens e mulheres jovens valiam mais que crianças e velhos. Depois de comprados, os negros eram marcados com ferro em brasa, com o sinal do “seu dono”.
A escravidão era garantida e protegida por leis, que assegurava aos brancos o direito de ter escravos e de castigá-los quando achassem necessário. Os castigos eram cruéis e algumas vezes, ocasionava até a morte dos escravos. Eram chicoteados com tiras de couro cru, queimados com ferro em brasa, tinham pernas e braços quebrados... Os mais rebeldes e os que tentavam fugir eram colocados no tronco (instrumentos de ferro que prendia os pés e as mãos dos escravos).
Toda essa crueldade era não só justificada pelas leis dos brancos, como pelas ideias que eles se encarregavam de espalhar entre as pessoas de que os negros não eram gente. Eram seres “inferiores” e os brancos seus “superiores”. E a escravidão negra passou a ser vista como uma coisa natural.
Os negros reagiram ao processo de dominação dos brancos, lutando por sua liberdade. Foram diversos tipos de luta negra: alguns preferiam se suicidar, outros evitavam ter filhos e outros matavam os brancos que os maltratavam. Até mesmo na religião, os negros reagiram aos brancos. O culto que prestavam aos seus deuses era uma forma de protesto ao desrespeito a crueldade dos brancos para com eles.
Logo os negros perceberam que, enquanto lutassem isolados, de pouco adiantaria suas lutas. Precisavam, portanto, se unir e se organizar para enfrentar as forças dos brancos.  E foi o que fizeram. Uma das formas mais organizadas da resistência negra se deu através da formação dos quilombos. Os quilombos eram aldeias que se constituíam verdadeiras fortalezas, onde os escravos fugidos se reunião, em busca da liberdade.
Foram formados muitos quilombos no ceará. Todos eles ficavam em locais de difícil acesso. Por tudo que representavam, os quilombos se constituíram uma verdadeira ameaça aos grandes proprietários. Por isso, havia interesse em destruí-los. Então foram formadas, expedições oficiais, isto é, expedições armadas com o apoio das autoridades portuguesas para destruir os quilombos. Muitos foram destruídos. No entanto, alguns conseguiram resistir por muito tempo.
Com o passar dos anos, durante esse período devido às incessantes lutas dos negros foram criadas várias leis que tinham como objetivo abolir pouco a  pouco, a escravidão no Brasil.
No entanto, essas leis tiveram pouco efeito e apenas adiaram a abolição da escravidão. Essas leis foram as seguintes: “Lei Eusébio de Queiroz” (1850) que tinha por finalidade proibir o tráfico de escravos da África para o Brasil, “ Lei do Ventre Livre” (1871), essa lei tornou livres os escravos nascidos após sua aprovação, “Lei dos Sexagenários” (1885), essa lei tornou livre os escravos que tivessem mais de 60 anos. Finalmente, no dia 13 de maio de 1888, o governo brasileiro aprovou a Lei Áurea, que colocou fim em quase 350 anos de escravidão no Brasil.
No entanto, a abolição no Ceará ocorreu no dia 25 de março de 1884, quatro anos antes em relação ao restante do país. Esse fim antecipado da escravidão se deu partir do surgimento de várias entidades abolicionistas encabeçadas por uma classe média emergente que fazia campanhas e angariava fundos além de algumas vezes promover e ajudar a fuga de cativos. Os primeiros abolicionistas no Ceará foram: José Amaral, José Teodorico da Costa, Antônio Cruz Salgado, Joaquim José de Oliveira, José da Silva, Manoel Albano Filho, Antônio Martins Francisco Araújo, Antônio Soares Teixeira Júnior.
Em 1881, esses abolicionistas fundaram a Sociedade Libertadora Cearense com 225 sócios, cujo presidente provisório foi João Cordeiro que no ano de sua fundação em 1881, fez o juramento de “matar ou morrer pela abolição”. Para divulgar seus ideais, em 1881, fundaram o Jornal O Libertador.
Em 30 de Agosto de 1881, Francisco José do Nascimento, conseguiu convencer os jangadeiros a não transportar escravos até os navios que os levariam para o sul do Brasil. Devido a esse ato de bravura, o mesmo ficou conhecido como o “Dragão do Mar”.
O município de Acarape (hoje município de Redenção) foi o primeiro município a realizar a libertação dos escravos. Isso se deu em 1° de Janeiro de 1883. O município hoje é considerado como uma cidade histórica retratando a cultura local, onde podemos encontrar engenhos, a casa grande e suas senzalas que por muitos anos viveram a escravidão de perto. Lá podemos sentir na pele, o sofrimento da época da escravidão e vendo ouvindo relatos de pessoas que conheceram escravos libertos.
A luta pela liberdade fez-se não apenas pelas rebeliões, mas também pela força das palavras, pela expressão dos artistas, pela oratória dos políticos e pelas notas musicais. Todas essas ideias abolicionistas, dizem respeito ao ser humano de justiça e de liberdade, tomando conta de parte da sociedade cearense que durante esse período de escravidão, alguns escravos e grupos buscaram formas de pôr um fim a essa forma de trabalho e tráfico de escravos. Todos se uniram em defesa da libertação dos negros.
Apesar da resistência dos escravos a dominação e da sua luta pela liberdade, sua escravização durou até meados do século XIX. Por ter abolido a escravidão quatro anos antes da Lei Áurea, o Ceará passou a ser denominado “Terra da Luz”.


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da sua libertação os negros tiveram que lidar com o racismo. Eles têm sido prejudicados, encontrando dificuldades no mercado de trabalho. Pois há uma preferência por pessoas brancas. Por causa do preconceito, os negros têm enfrentado dificuldades em muitos aspectos. Não são raros os locais que proíbem a entrada dos negros apesar da Constituição brasileira proibir o racismo.
Atualmente, muitos negros resolveram assumir sua negritude sem medo e se unir contra a opressão dos brancos que tem preconceitos. Fazem movimentos, denúncias nos meios de comunicação contra o racismo, etc.
O negro desempenhou um papel de destaque na história do Brasil, contribuindo não só com o seu trabalho, como também com a sua cultura, na formação da sociedade brasileira e na construção do Brasil.
Felizmente, apesar de haver muitas pessoas preconceituosas no Brasil, há também muitos que têm consciência do valor do ser humano como pessoa. São solidárias e se orgulham da mistura das raças e da cultura dos povos que nos formaram...


4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALENCAR, Francisco e outros. História da sociedade brasileira. Ed.. Ao livro Técnico. Rio de Janeiro, 1983. Pag. 27

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 1988, p.5


PINELA, Thatiane. De olho no futuro: história, 5° ano. São Paulo: Quinteto Editorial, 2008. – (Coleção de olho no futuro)

WWW.ipece.ce.gov.br/publicações/textos discussão/TD 89.pdf>Acesso em 15.10.2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

ANIMAIS PRÉ-HISTÓRICOS DE ITAPIPOCA

O primeiro registro oficial sobre ocorrências de fósseis de megafauna na região da Serra de Uruburetama data de 1854 e foi feita pelo naturalista francês Louis Jacques Brunnet, que entre os anos de 1854 a 1859, excursionando pelo Nordeste, coletou amostras de fósseis de mamíferos na Localidade de Rapina, na então Comarca de São Francisco da Uruburetama (antigo nome do atual Município de Itapagé, cujo território já pertenceu à Itapipoca). Em 1862, um novo registro desse achado é feito pelo naturalista mineiro Guilherme Schüch de Capanema (1824–1908), durante os trabalhos da Comissão Científica de Exploração, que percorreu o Ceará em missão de estudos no período de 1859 a 1861, a serviço do Imperador D. Pedro II.
O ilustre professor, pesquisador e naturalista cearense Thomaz Pompeo de Souza Brasil (1818–1877), em seu livro Ensaio Estatístico da Província do Ceará (tomo 1), publicado em 1863, fez o seguinte relato sobre essa ocorrência (em grafia da época): “Em 1854, no logar Rapina, termo de Sancta Cruz, n’uma pequena lagoa formada por dous serrotes, que a cercam em posição tão elevada, onde só pode receber agua das encostas dos serrotes pelo inverno, inaccessivel ao gado, achou-se tambem uma grande ossada, cujos restos muitas pessoas tiraram 1
e por ordem do governo foram remettidos alguns para o museu. Um pedaço da canella tinha quatro palmos e meio de cumprido e duas de largura”. Este museu citado provavelmente era o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, porém não há registro atualmente desse material naquela instituição.
Já no Século XX, o Município de Itapipoca começa a ter atenção paleontológica a partir de 1952, por iniciativa do cidadão itapipoquense Prof. José Paurilo Barroso, que fez descobertas fossilíferas na Localidade de João Cativo. O Prof. Paurilo buscou ajuda de pesquisadores do Museu Nacional do Rio e Janeiro, que veio a atendê-lo prontamente em janeiro de 1961, com a vinda de uma expedição científica liderada pelo renomado paleontólogo brasileiro Carlos de Paula Couto (1910–1982). Naquele ano foram escavados cinco tanques, tendo sido resgatadas mais de 3.000 peças fossilizadas, que se encontram depositadas no Museu Nacional.
Os resultados preliminares dessa expedição foram registrados pelo Prof. Paula Couto em 1962, em relatório de atividades para o Museu Nacional, e posteriormente em 1980, em um artigo científico na Revista da Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro. Entre as espécies fósseis registradas em Itapipoca, uma se destacou por ser desconhecida. Tratava-se de uma nova espécie de preguiça terrícola pré-histórica, que levou o nome científico de Xenocnus cearensis e até hoje só foi encontrada na Região Nordeste.
Em agosto de 1983, uma nova descoberta de fósseis colocou Itapipoca nas manchetes dos jornais. Desta vez na localidade de Pedra d’Água, na porção Leste do município, durante os trabalhos de desentulhamento de um tanque natural para acumulação de água, pelo programa Bolsões da Seca, do Governo Federal. Esse achado foi vistoriado pelo geólogo Francisco de Castro Bonfim Júnior, do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), para onde o material foi recolhido. No ano seguinte o referido geólogo apresentou uma comunicação preliminar sobre esse achado no 33º Congresso Brasileiro de Geologia, que se realizou no Rio de Janeiro.
Em 1989 todo o material coletado pela expedição do Museu Nacional a João Cativo, em 1961, foi trabalhado mais detalhadamente em uma dissertação de mestrado da bióloga carioca Márcia Gomide da Silva Mello, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesse trabalho foram descritas 563 peças esqueletais de mamíferos fósseis, revelando a presença de 16 tipos de animais diferentes na pré-história de Itapipoca.
No período de 1989 a 1995 foi executado um programa de exploração paleontológica denominado Projeto Mamíferos Fósseis do Ceará, sob a coordenação do Laboratório de Paleontologia, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2
parceria com o DNPM, que tinha como objetivo principal o mapeamento das ocorrências desses fósseis em todo o território cearense. Durante o projeto, na Região da Serra de Uruburetama foram feitas descobertas nas Localidades de Lagoa do Osso, no Município de Tururu, em 1993, e Jirau, em Itapipoca, em 1994. Os resultados desse projeto culminaram, em 1995, na monografia de graduação de Celso Lira Ximenes (autor deste texto), no Curso de Geologia da UFC, o qual participou ativamente do projeto durante sua existência, como bolsista de iniciação científica.
No período de 1996 a 1999, os fósseis de Itapipoca e Tururu foram trabalhados pelo agora geólogo Celso Lira Ximenes, durante um curso de pós-graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com a co-participação do Laboratório de Paleontologia da UFC, durante um período de trabalho do citado profissional como professor substituto nessa universidade. Esse trabalho teve prosseguimento no período de 2000 a 2001 pelo referido profissional, agora como professor de Paleontologia da Faculdade de Biologia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral, CE.
Em Janeiro de 2001 ocorreu uma nova descoberta ocasional em Itapipoca, nas margens do Rio Cruxati, na Localidade de Macaco, amplamente divulgada pela imprensa escrita cearense. Essa ocorrência foi vistoriada pelo geólogo do DNPM José Artur Ferreira Gomes de Andrade, que recolheu o material, o qual está depositado na coleção científica do Centro de Pesquisas Paleontológicas da Chapada do Araripe (CPCA), no Município de Crato, CE.
Nesse mesmo ano teve início um programa de pesquisa paleontológica do geólogo Celso Lira Ximenes, nos Municípios de Itapipoca e Irauçuba, trabalhando em um projeto de Mestrado pela Universidade Federal do Ceará, durante o qual foram descobertas cinco novas ocorrências fossilíferas, sendo três em Itapipoca e duas em Irauçuba. Durante esse projeto, concluído e defendido em 2003, foram recolhidas centenas de peças fósseis, que ficou sob a guarda da Prefeitura de Itapipoca.
A partir de maio de 2005, a Prefeitura Municipal de Itapipoca, na gestão do Prefeito João Ribeiro Barroso, iniciou um amplo programa de valorização do patrimônio pré-histórico do município, com a contratação do Paleontólogo Celso Ximenes para coordenar as atividades; a criação do Departamento de Patrimônio Pré-histórico, vinculado à Secretaria de Cultura, Turismo e Desporto, que tem à frente da pasta o Secretário Paulo Maciel Júnior; e a criação do Museu de Pré-história de Itapipoca – MUPHI (Lei municipal nº 52/2005, de 17.10.2005).
Atualmente, todas as atividades paleontológicas em Itapipoca são coordenadas pelo MUPHI, que já conta com um escritório, localizado na Sede da Secretaria de Cultura, Turismo e Desporto; um laboratório de preparação de fósseis; uma reserva técnica, que guarda uma coleção
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científica com mais de 5.000 peças fósseis e uma equipe de três técnicos, já formados pelo museu, para dar apoio às pesquisas e ações de preservação do patrimônio.
Como principais realizações do MUPHI, estão o levantamento preliminar das ocorrências de sítios fossilíferos e arqueológicos de Itapipoca; a temporada 2005/2006 de escavações paleontológicas; a preparação, em laboratório, de todo material coletado nos trabalhos de campo; um amplo programa de divulgação científica na imprensa escrita e falada; a realização do Projeto Paleontologia na Escola e a montagem da exposição Fósseis de Itapipoca, à disposição da população e de todos que visitam o município.
Em 2006, o MUPHI passou a integrar a Rede Nacional de Paleontologia, sediada no Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, em Uberaba, MG, que coordena o intercâmbio das instituições paleontológicas brasileiras com o objetivo principal de troca de experiências e preservação do patrimônio paleontológico brasileiro. Para participar das atividades, recebeu equipamentos de informática e de vídeo-conferência.
De todas as realizações até o presente, a principal delas é, sem dúvida, a busca pela formação de continuadores desse projeto de valorização dessa riqueza científica e cultural, que irão herdar a missão de preservá-la para as futuras gerações. Dentre estes, se destaca Antônio Sílvio Teixeira dos Santos, universitário, cidadão itapipoquense, que tem se despontado como um novo guardião do patrimônio pré-histórico (e também histórico) de Itapipoca. Esperamos que outros se juntem nós.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Resumo do Consilio de Nicéia

Esse foi o primeiro concílio ecumênico (Universal), aconteceu no período de maio a agosto de 325. Foi convocado e presidido inicialmente pelo Imperador Constantino, que depois passou a presidência para seu conselheiro eclesiástico, Ósio de Córdova, auxiliado por dois presbíteros representantes do Papa Silvestre, e do bispo Alexandre de Alexandria. Estiveram presentes cerca de trezentos bispos do oriente e do ocidente, fora ainda algumas personalidades, como o jovem diácono Atanásio assessor do bispo Alexandre, destinado a se tornar o adversário por excelência do arianismo, causa principal da convocação do concílio.
Esse foi um concilio de muitas disputas, que se prolongaram pós-concílio.
A principal causa do concilio de Nicéia foi o pensamento subversivo de Àrio, sacerdote de Alexandria que defendia:
Como só pode haver um Deus, somente o Pai possuía a natureza divina e, assim, seu Filho, Cristo, devia ser-Lhe subordinado e, portanto, seria menos do que Deus, uma espécie de semideus. E, se assim é, não se pode afirmar que a redenção da humanidade foi realizada por Deus feito homem, mas simplesmente pela influencia e exemplo morais de um homem Divino (1969, PP.200-201).
Desta forma, o arianismo dizia que o Pai é o único ser realmente eterno, e que o Filho não existia antes de ser engendrado, em contraposição com Atanásio e os sínodos e os pequenos concílios ortodoxos, os quais sustentavam que o Filho é coeterno, igual e consubstancial ao Pai. O arianismo pretendia dar uma explicação racional do dogma cristão da Trindade, dizendo que Cristo é Filho por denominação e adoção e não por natureza, sendo assim a mais perfeita das criaturas.


Em contraposição, a Igreja redigiu um novo símbolo de fé em Nicéia, com a aprovação do Imperador, decidiram aceitar e modificar o Credo apresentado pelas comunidades da Palestina com seu líder, Eusébio do Cesáreia, lhe acrescentando a palavra homoóusion (consubstancial) referida a Cristo, ficando assim o Credo da Nicéia: ...o Filho de Deus, o unigênito do Pai, quer dizer, da substância (ousías) do Pai, Deus de Deus, luz de luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma substância (homoóusion) com o Pai... Dito de outra forma, o Filho (Jesus) é verdadeiramente Deus, porque é da mesma natureza e essência de Deus Pai.
Foram várias lutas para que o símbolo de fé promulgado em Nicéia tivesse se estabilizado. Um grande defensor do Credo foi Santo Atanásio, Bispo de Alexandria, que sofreu falsas acusações, levando Constantino a exilá-lo em Treves,, e ao mesmo tempo que permitia a volta triunfal de Àrio, que estava exilado, a nova capital do Império, Constantinopla.
Foram destaques no período de consolidação e explicação do Credo de Nicéia: são Basílio; seu amigo são Gregório Nazianzeno, e o irmão mais novo, são Gregório de Nissa. “os três fixaram uma diferenciação clara entre natureza, que responde à pergunta, O quê?, e pessoa, que responde á pergunta Quem? Faça essas duas perguntas aos três santos , um de cada vez: ‘Que és? ‘sou um ser humano, que possui a natureza do homem’. ‘Quem és?’ ‘Sou Basílio ou Gregório”. Se fizéssemos a primeira pergunta (‘Quem és?’) á Santíssima Trindade, a resposta seria: ‘Eu sou deus Pai’; ou ‘Eu sou Deus Filho’; ou, ainda ‘Eu sou Deus Espírito Santo’. Assim, a natureza e pessoa são coisas diferentes, de modo que não há contradição em se dizer que existem Três Pessoas em uma Natureza Divina”. (1969, p.202).
Paz e Bem! Frei Gilton, OFMCap.
Proximo resumo: Concílio Ecumênico de Constantinopla.
BIBLIOGRAFIA
ALBERIGO, Giuseppe. História dos Concílios Ecumênicos. São Paulos: Paulus, 1995.
ALBION, Gordon. A história da Igreja. Rio de Janeiro: Renes, 1969. (volume 3).
PIERINI, Franco. A idade antiga: curso de historia da Igreja I. São Paulo: Paulus, 1998.

SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA

  SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA Ednardo Sousa Bezerra Júnior.´. “É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao n...