terça-feira, 26 de abril de 2016

Descoberta do 1º coração fossilizado demonstra potencial de acervo arqueológico do Ceará

A descoberta é uma prova de que é possível estudar a evolução do coração através da paleontologia e avançar nos estudos sobre anatomia e produção de válvulas cardíacas. Estudo foi iniciado pelo médico José Xavier Neto, formado pela UFC

Pesquisadores brasileiros descobriram o primeiro coração fossilizado de umvertebrado, naChapada do Araripe, interior do Ceará. A descoberta foi publicada na revistaeLife, na última quarta-feira, 19, mas a pesquisa, coordenada pelo médico José Xavier Neto, começou há mais de dez anos. O achado em um Rhacolepis buccalis, peixe que viveu há cerca de 115 milhões de anos, mostra que a evolução dos seres vivos pode ocorrer no caminho  inverso ao que se acreditava usualmente - ou seja, estruturas mais complexas podem ser simplificadas. 

"Olhando em detalhes a morfologia do fóssil do coração do Rhacolepisfoi possível constatar mais válvulas do que os peixes viventes, que possuem apenas uma válvula", explica José Xavier, nascido no Rio de Janeiro, formado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e atualmente pesquisador do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio). As cinco válvulas bombeavam o sangue para fora do coração, mas foram substituídas por estruturas mais simples que pudessem demandar menos energia do organismo. O mesmo conceito dos peixes de cavernas que perderam a visão ao longo do tempo. 

A descoberta está relacionada, essencialmente, à curiosidade do médico, às características ideais de conservação de fósseis na Chapada do Araripe, além de uma tecnologia de raio X especial para a análise dos vestígios. "Os corações chamados de câmara só existem em vertebrados e em moluscos, todos os outros têm uma bomba peristáltica, que funciona semelhante ao nosso intestino. Ficou a pergunta, como você chega de uma bomba para essa câmara tão sofisticada?". 

Sem encontrar animais vivos com uma estrutura intermediária, Xavier passou a debruçar-se sobre os registros fósseis, ainda em meados de 2005. "Não existia também nenhum fóssil cardíaco aceito pela comunidade, havia algumas sugestões de estruturas cardíacas, mas nunca nada que fosse capaz de provar que aquilo era um coração", conta.

Foi nas férias em Várzea Alegre, distante 467 km de Fortaleza, que ele começou a trabalhar na procura de fósseis com dois geólogos cearenses - o chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral do Ceará (DNPM) , José Artur Andrade, e o diretor-executivo do Geopark Araripe, Francisco Idalécio Freitas. "Eles me alertaram para oRhacolepis, que é quase tridimensional. Em três fósseis encontrei uma estrutura muito parecida com um coração’’.

Ismar Carvalho (UFRJ), paleontologista que coordenou a pesquisa sobre a descoberta do fóssil da ave mais antiga do Brasil, também integra a equipe de Xavier. Ele confirmou que a estrutura não era apenas um artefato. 

Os detalhes minuciosos puderam ser enxergados por meio de microtomografias no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas. Algumas amostras também foram enviadas para a França. "Os detalhes eram fantásticos. Nesse próprio peixinho a gente via camarões dentro do intestino". A certeza de que a estrutura tratava-se, de fato, de um coração, veio somente em 2013. Um ano depois, o estudo começou a ser redigido com a participação de cerca de 19 pesquisadores do Brasil, da França e da Suécia.

Paleontologia 
Para Xavier, a descoberta prova que é possível estudar a evolução do coração através da paleontologia e, quem sabe, utilizar esses conceitos para aplicações práticas. "Noções importantes saem de coisas completamente inesperadas. Nosso achado mostra que é possível desfazer válvulas. Se a gente entender isso, podemos operar em sentido reverso, fazer válvulas em um contexto que seja útil", frisa.

O médico sugere ainda estudos que sirvam para aumentar a durabilidade das válvulas do coração. "Elas são feitas de plástico ou metal. Têm uma duração, mas aqui e acolá precisam ser substituídas. No futuro, a gente pode ter um progresso", determina.
Os fósseis do Rhacolepis foram extraídos, com autorização do DNPM, de cidades como Nova Olinda, Santana do Cariri, Porteiras, Jardim e Crato, no sertão nordestino. O PH ideal da água, combinado à baixa quantidade de oxigênio, são fatores relacionados à preservação dos fósseis na Chapada do Araripe. "Se a água tiver turbulência, já não há fossilização assim. Em alguns fósseis surgem até partes moles conservadas, como músculos e pele", relata o geólogo Francisco Idalécio.
Estímulo à pesquisa
Dando continuidade à descoberta, os pesquisadores devem analisar os processos químicos que produziram a fossilização do coração. Além disso, a construção de uma nova fonte de luz Síncroton permitirá análises mais precisas de fósseis e abre caminho para novos achados em solo nacional. O equipamento, chamado de ''Sirius'', está sendo produzido pelo LNLS, em Campinas, e deve começar a operar daqui a dois anos.

"Entender o que aconteceu desde a morte do embrião pode levar a gente a prever onde acharemos mais fósseis. Existe uma chance enorme de que muitos detalhes possam ser encontrados em fósseis que estão nos museus", diz Xavier.

FONTE:http://www.opovo.com.br/app/fortaleza/2016/04/22/noticiafortaleza,3606850/primeiro-coracao-fossilizado-e-descoberto-no-ceara.shtml

sábado, 16 de abril de 2016

MEC divulga edital do Enem 2016: veja as datas e regras




Nesta sexta-feira (15), foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016, onde constam todas as regras e novidades desta edição, para qual são esperados 8 milhões de inscritos, segundo o Ministério da Educação (MEC).

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As provas acontecerão nos dias 5 e 6 de novembro, conforme anunciado pelo ministro da educação, Aloizio Mercadante, na última quinta-feira (14). O período de inscrições do Enem se inicia em 9 de maio e termina às 23h59 do dia 20 de maio.

Entre as novidades para este ano está o aplicativo Hora do Enem, que reúne conteúdos, simulados, exercícios, plano de estudos personalizado, videoaulas e notícias atualizadas sobre a prova. Todos os alunos do ensino médio, das redes pública e particular, terão acesso à plataforma de estudos para o Enem, por meio de tablets, smartphones e computadores.

Também haverá, pela primeira vez na história do exame, o reconhecimento individual por impressões digitais. A coleta da biometria acontecerá no primeiro ou segundo dia de provas, impossibilitando que uma pessoa faça o exame no lugar de outra. As impressões digitais serão impressas na ficha de identificação do participante por meio de um selo gráfico, autoadesivo.

A seguir, confira um resumo das informações do edital do Enem 2016 e fique por dentro de tudo que acontecerá na edição deste ano:

Isenção da taxa do Enem 

Podem solicitar a isenção da taxa de inscrição do Enem 2016 os alunos que, neste ano, concluírem o ensino médio em escolas da rede pública. Os candidatos que se declararem carentes também não terão que pagar o valor de R$ 68,00.


Como previsto no edital da última edição do exame, os alunos que solicitaram a isenção no ano passado, mas não com pareceram às provas, perderão o benefício em 2016, sendo necessário justificar a ausência, caso queiram recuperá-lo. O mesmo valerá para os participantes isentos deste ano, que perderão o benefício caso faltem nos dois dias de prova.

A medida tem como objetivo contribuir para a redução da taxa de abstenção, evitando o desperdício de recursos públicos. No Enem 2015, primeiro ano em que a medida foi adotada, o número de alunos que não compareceram às provas foi o menor de toda a história do exame, correspondendo a 25,5% do total de inscritos (7,7 milhões).

Pagamento da taxa do Enem e confirmação de inscrição

A taxa, no valor de R$ 68, poderá ser paga em qualquer agência bancária, casa lotérica ou agência dos Correios, por meio da Guia de Recolhimento da União (GRU). O prazo para efetuar o pagamento se encerra no dia 25 de maio, às 21h59 (horário de Brasília).


A confirmação de inscrição só poderá ser feita pela Página do Participante. No momento da inscrição, o participante deverá informar um número de telefone celular ou fixo válidos e endereço eletrônico (e-mail) para cadastro.

Participantes com necessidades especiais

Haverá atendimento especializado para as pessoas com deficiência ou necessidades específicas, por meio de solicitação feita pelo próprio participante do sistema de inscrições do Enem. Para solicitar o benefício, o candidato precisa comprovar suas condições com documento legível, constando nome completo, diagnóstico, assinatura e identificação do médico ou profissional especializado, com número do registro no conselho de classe.


Nome social para travestis e transexuais

Assim como na última edição do Enem, travestis e transexuais poderão solicitar a identificação etratamento pelo nome social. Para isso, o participante deverá fazer a inscrição normalmente pelo site, dentro do período estipulado para todos os outros candidatos. Em seguida, o estudante terá que encaminhar uma cópia do documento de identificação, foto recente e formulário de solicitação preenchido pelo sistema da Página do Participante, entre 1º e 8 de junho.


Provas do Enem 2016

Como na última edição do exame, o cartão de confirmação não será mais entregue pelo correio, e sim disponibilizado on-line, na Página do Participante. Nos dois dias do exame, 5 e 6 de novembro, os portões dos locais de prova serão abertos às 12h e fechados às 13h, com início das avaliações às 13h30, seguindo o horário de Brasília. Para os candidatos sabatistas, que por motivos religiosos não poderão comparecer no horário regular, as provas do primeiro dia serão aplicadas no sábado, às 19h de Brasília.


A meia hora entre o fechamento dos portões e o início das provas será destinada à acomodação dos participantes e a realização dos procedimentos de segurança, como revista eletrônica e recolhimento de aparelhos e objetos proibidos.

No sábado, dia 5, serão aplicadas as provas de Ciências Humanas e suas Tecnologias e de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, em que serão abordadas as disciplinas de geografia, história, filosofia, sociologia, biologia, química e física. Os candidatos terão 4h30 para resolver as questões.

No domingo, dia 6, acontecerão as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, de Matemática e suas Tecnologias e a redação. As matérias abordadas serão língua portuguesa, língua estrangeira (inglês ou espanhol), artes, tecnologias da informação e comunicação. Neste dia, as duração das provas será mais longa, com 5h30, por conta da redação.

FONTE:http://noticias.universia.com.br/educacao/noticia/2016/04/15/1138353/mec-divulga-edital-enem-2016-veja-datas-regras.html

A outra face do alferes


Documento raro revela um Tiradentes demasiado humano

                                                                                                                       

                                                                                       Paulo da Costa e Silva
                                                                                                        9/9/2007  


Apesar de Tiradentes ter sido um dos personagens mais estudados de nossa História, muito pouco se conhece de sua vida anterior ao movimento mineiro de 1789. Sobretudo no que se refere à sua intimidade, as informações são escassas, e não faltam controvérsias sobre seu patrimônio, sua formação intelectual, seus descendentes etc... Há, no entanto, um documento pouco conhecido do público em geral – e mesmo entre os historiadores – que traz uma faceta no mínimo curiosa do inconfidente mineiro. Trata-se do processo de Antônia Maria do Espírito Santo, que se encontra no Arquivo Público Mineiro – documentação descoberta pelo historiador Tarquínio José Barboza de Oliveira, principal organizador dos Autos da Devassa (o processo iniciado contra os suspeitos em 1789). Com a preciosa colaboração das pesquisadoras e paleógrafas Maria José Ferro e Maria Teresa ---, que transcreveram o processo de forma criteriosa segundo a fonte original, a Revista de História põe em discussão esse documento, para que, ao trazer à luz outras facetas do mitológico mártir da Inconfidência, talvez possamos nos aproximar um pouco mais da figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Entre novembro de 1789 e meados de 1790, houve em Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto um processo envolvendo Tiradentes. Nele, Antônia Maria do Espírito Santo, amásia do inconfidente, reivindica junto às autoridades locais a posse da escrava Maria, de “Nação Angolla” – junto com seus dois filhos pequenos, Gerônimo e Francisca – que fora “seqüestrada” com os demais bens de Tiradentes na ocasião de sua prisão. Para tanto, Antônia Maria alega que a escrava lhe havia sido doada pelo alferes, não pertencendo mais a Tiradentes, e que, portanto, lhe deveria ser restituída. As delicadas relações entre o inconfidente e sua concubina são expostas no processo da seguinte forma:
“Diz Antônia Maria do Espírito Santo, menor órfã do falecido seu pai Antonio da Silva Pais, que estando na companhia da viúva sua mãe Maria Josefa, vivendo com toda a honestidade e recato, a principiou a aliciar o alferes Joaquim Jose da Silva Xavier, o qual debaixo de palavra de honra e promessas esponsalícias lhe ofendeu a pudicícia, de cuja ofensa resultou conceber e dar à luz um feto do mesmo alferes, que passou ao extremoso excesso de arrancar a suplicante dos braços da dita sua mãe”. Depois de apresentar um prelúdio da união entre Tiradentes e Antônia, o documento prossegue, indicando a causa do processo: “Vivendo em sociedade por causa daquela promessa, doou à mesma suplicante uma escrava por nome de Maria, de nação Angola, que sucedendo ser preso o dito alferes Joaquim José da Silva Xavier na cidade do Rio de Janeiro, foi confiscado, ou seqüestrado com outros mais bens”.
Após a descrição do caso, surge o apelo: “porque nem a razão, nem o Direito permitem que qualquer que haja de purgar o delito alheio com os seus próprios bens, e a suplicante é uma miserável órfã(...)”.

Ou seja: para reaver sua escrava, “a menor” (como é qualificada no processo) Antônia Maria joga com informações que levam a crer que ela foi vítima dos arroubos e das falsas promessas de Tiradentes – que a tirou dos braços de sua mãe, deflorando-a, concebendo nela um rebento, sem que cumprisse, contudo, a promessa de casamento. Chama a atenção, por ser algo grave dentro do contexto da época, o fato de Tiradentes ter faltado com sua “palavra de honra” ao acenar com promessas de casamento que não foram cumpridas. O pesquisador do período da Inconfidência Mineira e doutorando da USP André Figueiredo frisa o peso da palavra na Ouro Preto do final do século XVIII e confirma a fama de boquirroto do alferes: “Numa sociedade como a mineira, a palavra representava muito. Tudo era lavrado na base da palavra: as compras do dia-a-dia, os relacionamentos amorosos, os acertos de trabalho etc. Tiradentes, segundo percebo de seus depoimentos nos Autos da Devassa, era um grande falador. Falava sem se preocupar se estava ou não atacando as relações metropolitanas”.  



No entanto, a história parece ser um pouco mais complicada do que faz supor o depoimento de Antônia Maria, o primeiro do processo. De acordo com Márcio Jardim, historiador e um dos mais conceituados biógrafos de Tiradentes – autor de livros como A Inconfidência Mineira; uma síntese factual e A Devassa da Inconfidência; o processo judicial –, o relacionamento de Tiradentes e Antônia deve ter ocorrido de maio de 1786 a fevereiro de 1787. Antônia tinha entre 16 e 17 anos quando engravidou dele, e Tiradentes, já com 40 anos, assumiu a paternidade daquela que seria sua única descendente comprovada por documentação. A filha, que se chamava Joaquina, foi batizada em 1786 na Igreja Matriz de Vila Rica, e seu padrinho, Domingos de Abreu Vieira, além de companheiro no movimento conspiratório, era um dos mais ricos comerciantes da capitania. Ao que tudo indica, Tiradentes prometeu se casar com Antônia e realmente pretendia cumprir a promessa, conforme confidenciou ao seu colega de Regimento, o soldado Ventura Mendes Barreto – confidência esta presente no documento do processo. Há ainda, dentro do mesmo documento, um outro ponto que faz a trama mais complexa e relativiza o papel de Antônia Maria como vítima, trazendo uma discreta informação sobre o rompimento da promessa. O capitão do Regimento de Cavalaria, Luis Antonio Velasco Sayão, afirma em depoimento que “conversando ele no quartel desse regimento com o alferes Joaquim Jose da Silva Xavier, lhe comunicou este a amizade ilícita que tratava com a justificante, sendo ele o que a havia deflorado e que lhe havia dado uma Preta; porém que a mesma justificante não procedia bem, e que por isso estava mal com ela(...)”.     

Márcio Jardim conta que, nessa época, Tiradentes “viajava muito e passava a maior parte do tempo no Rio de Janeiro. Num dos regressos, desgostou-se com o comportamento de Antônia e rompeu a promessa de casamento, mas deixou para ela, a filha e a sogra uma casa na Rua da Ponte Seca em Vila Rica”, além da escrava. Ainda não se sabe ao certo que tipo de comportamento teria irritado tanto o alferes a ponto de fazê-lo romper a promessa de casamento, abandonando a amásia e a filha. Tiradentes vai morar, então, na Rua de São José. Ao que tudo indica, a casa da Rua da Ponte Seca permaneceu como posse de Antônia Maria, uma vez que, junto com sua filha Joaquina, foi ali recenseada em 1804. A professora Júnia Furtado, do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais, diz que rompimentos e abandonos como os de Tiradentes eram práticas corriqueiras na Ouro Preto do final do século XVIII: “Minas tem uma tradição de concubinato muito forte, e surgiu no início da colonização aurífera por vários motivos, até mesmo por uma questão demográfica, por uma imigração maciça de homens sem mulheres para casar. E também há uma forte influência da tradição africana, que não via esse tipo de união como algo censurável. Por conta da decadência da mineração do ouro, dá-se uma evasão masculina e começa um processo inverso: aumento da população feminina, mulheres solteiras que não encontram mais maridos, alto índice de bastardia, e de homens brancos com mulheres mulatas. Por incrível que pareça, Ouro Preto não era uma sociedade tradicional. Apesar de idealmente ser uma sociedade patriarcal assentada no matrimônio, na prática não era bem isso o que acontecia”. E arremata: “O comportamento do Tiradentes se circunscreve numa prática que era cotidiana, apesar de não ser o modelo idealizado pela Igreja e pelo Estado”. Júnia chama também a atenção para o perigo de se pôr Antônia Maria como simples vítima de Tiradentes: “É preciso ler com cuidado e desconfiança a figura da mulher vítima. Na verdade, a mulher de fins do século XVII já gozava de uma boa autonomia, principalmente as mais pobres. E, depois, era prática bastante comum esse tipo de abandono como o perpetrado por Tiradentes. Há diversos relatos sobre isso, e é preciso notar que não só a mulher era vítima: muitas vezes era ela que abandonava o homem! Porque não havia um laço de casamento constituído, e a ligação era, portanto, mais facilmente rompida”.

Sobre a gravidade de um defloramento sem a realização do casamento e sobre a falsa promessa, Júnia esclarece: “Para uma sociedade que vivia em torno da honra pública, do ‘ouvir dizer’, em que a verdade é o que é público e notório, o grande valor feminino era a honra. Porém, com as mulatas e pobres a questão era um pouco diferente, porque essas mulheres não estariam no mercado de casamento, como acontecia com as filhas brancas e legítimas”. 

Muito pouco se sabe sobre quem foi Antônia Maria do Espírito Santo. Para Márcio Jardim, é pouco provável a hipótese de que ela fosse mulata e tivesse baixo prestígio social, uma vez que seu pai, Antônio da Silva Pais, era funcionário público, cargo só ocupado por brancos e que conferia uma boa dose de status. Tampouco há informações relevantes sobre o paradeiro de Joaquina, filha de Tiradentes. As mulheres da época, ao se casarem, adotavam o sobrenome do marido, apagando assim as informações acerca da família de origem. Portanto, é provável que Joaquina tenha se perdido na história ao adotar o nome de casada, e com ela os descendentes de Tiradentes, conforme aponta Márcio Jardim: “A história documental da descendência de Tiradentes termina aí. Não se sabe de nenhum outro dado. Os Autos da Devassa e os documentos paralelos só foram redescobertos quase 100 anos depois, e em razão disso surgiram teorias sobre a descendência de Tiradentes, que não têm, todavia, base em provas documentais”.

Contudo, Antônia Maria do Espírito Santo não foi a única mulher na vida do alferes Xavier, homem que, ao que tudo indica, era grande apreciador dos prazeres da carne. Viajante de longas distâncias por conta de suas ocupações profissionais – comerciante, militar, dentista e joalheiro – e bastante chegado à boêmia, no livro A Inconfidência Mineira: Uma Síntese Factual, o autor Márcio Jardim nota uma “certa preferência de Tiradentes por se hospedar em casas de senhoras viúvas”, e ainda diz que o inconfidente “freqüentava os bordéis de Vila Rica, que, à época, eram ponto de encontro não só de boêmios, mas de pessoas consideráveis da cidade. Num desses encontros, chegou a gabar-se com uma prostituta de um futuro poder: a mulher queria colocar seu filho como soldado do Regimento de Cavalaria, mas, é claro, deveria estar enfrentando obstáculos; Tiradentes diz-lhe que deixasse estar que ele mesmo, num futuro próximo, faria isso pelo rapaz. E não foi dito apenas para a prostituta ouvir: os outros homens que ali estavam também o ouviram”. Como se pode notar, a língua frouxa de Tiradentes não só prometia casamentos, mas também alardeava aos quatro ventos os planos do malfadado levante. Há ainda informações que mostram que Xavier quis casar-se com uma rapariga de nome Maria, oriunda de São João del-Rei, filha de abastados portugueses. Seus planos de casamento, contudo, viram-se novamente frustrados, dessa vez não por conta da conduta da moça, mas porque os pais dela se opuseram à união. O alferes morreu solteiro. 

Outro detalhe curioso levantado pelo processo de Antônia Maria é a aparente contradição de que um homem que defendia a abolição da escravatura fosse, ele próprio, proprietário de escravos. É sabido que Tiradentes não só doou escravos para sua amásia Antônia Maria, mas também possuía alguns. Dentre os inconfidentes, foi um dos poucos que defenderam a abolição, na idealizada república a ser instaurada em Minas. Para o biógrafo Márcio Jardim, no entanto, não há qualquer incoerência na fórmula: “Tiradentes foi um homem comum de sua época. Não era pobre, teve fazenda, ganhava relativamente bem com as profissões de alferes (posto militar equivalente ao de tenente) e de dentista. Portanto, tinha escravos, assim como a maioria dos homens das classes média e alta da época os tinham”. André Figueiredo aponta o fato de que, no contexto da época, a idéia de liberdade não significava necessariamente rompimento com a ordem social, mas, sobretudo, com a ordem política – o que se queria, no fundo, era liberdade de comércio – e ressalta o quanto é difícil ir mais fundo na pesquisa desse tema, uma vez que o assunto da escravidão é muito pouco citado nos Autos da Devassa.
        

Todas essas pequenas histórias evocadas pelo processo de Antônia Maria soam estranhas por tratarem de um dos mais bem-sucedidos mitos históricos que o Brasil jamais criou (assunto mais detalhadamente tratado no artigo de José Murilo de Carvalho, presente nesta edição). São facetas demasiado humanas para um mártir que teve parte de sua imagem histórica criada à semelhança de Jesus Cristo, uma vez que não se conservaram registros fidedignos de sua aparência, mas tão-somente descrições faladas e pouco detalhadas. Mas, afinal, o que se ganha em pintar o rosto de um herói como Tiradentes com tintas mais humanas e reais, trazendo à tona toda a miséria de sua vida comum? Não seria um pouco incômodo, num país tão carente de heróis exemplares, desconstruir um dos seus mais sólidos mitos? Para André Figueiredo, não há como manchar o nome do alferes: “Não acho que o mito de Tiradentes será desfeito com a divulgação de informações sobre possíveis traços negativos de sua pessoa. Tiradentes não deve ser julgado por sua conduta íntima. O mito já está arraigado na História do Brasil. Sua associação à história do martírio de Jesus Cristo torna praticamente impossível fazer sua desconstrução. O ideal não é desconstruir o mito, mas procurar compreender sua construção, como se forjou Tiradentes como salvador da pátria, como a figura mais importante de nossa História, com direito inclusive a um feriado, o 21 de abril”. Na opinião de Márcio Jardim, Tiradentes não pode ser encarado apenas como um mito: “É um personagem real da História do Brasil. A circunstância de Tiradentes ser considerado mito deriva do fato de sua figura histórica ter sido apropriada ao longo da História do Brasil, tanto no Império como na República, e ainda no século XX ter sido usada indistintamente, tanto pela esquerda – como símbolo de revolta contra os opressores e dominadores – como pela direita, como símbolo de herói militar nacionalista. Na verdade, Tiradentes não precisa ser elogiado ou diminuído, mas entendido como homem iluminista, racional e radicalmente imbuído da convicção de que era melhor para o Brasil tornar-se independente de Portugal. Não deve haver releitura negativa ou positiva, mas tão-somente interpretação documental, segundo as características de sua época, e não de acordo com as do nosso tempo. Os documentos sobre Antônia Maria e Joaquina em nada diminuem ou elevam a figura pessoal ou histórica de Tiradentes. Apenas ajudam a situá-lo como homem comum que foi, distante de um personagem idealizado”.
Paulo da Costa e Silva é Jornalista da Revista de História da Biblioteca Nacional.

FONTE:http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/a-outra-face-do-alferes

sexta-feira, 15 de abril de 2016

MAÇONARIA NA INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Movimentos nativistas e de libertação – Inconfidência Mineira – 1789 – Vila Rica

Leitura da sentença dos inconfidentes, por Leopoldino Faria.



Muito se tem falado sobre a participação da Maçonaria no movimento pela independência do Brasil, a Inconfidência Mineira. Pesquisadores e historiadores têm-se baseado em documentos oficiais, assim como algumas obras de autores conceituados, brasileiros e portugueses. Alguns historiadores, principalmente aqueles que se especializaram na história do Brasil, insistem em ignorar a influência da Maçonaria no Movimento Mineiro.

Na verdade a Maçonaria contribuiu significativamente não só com o movimento de Minas, mas em todos os capítulos que culminaram com a nossa independência. Como tenho citado, na época do movimento, a maçonaria era uma sociedade secreta e clandestina, não admitida em território brasileiro, assim como na Metrópole. As Lojas Maçônicas eram proibidas de funcionar e seus membros perseguidos e presos pelo crime de pertencer a tal ordem. Já naquela época existia o jeito brasileiro de resolver as coisas, ou seja jeito de dar legalidade à coisas proibidas. 



Partindo de Tomaz Antônio Gonzaga e José Álvares Maciel, as iniciativas para arregimentação de adeptos à causa, contou com a fundação de Lojas em Minas, Rio de Janeiro e São Paulo, onde se faziam reuniões e traçavam-se planos para a rebelião. Naturalmente essas lojas, apesar de reunir somente maçons não tinham título de Lojas Maçônicas. Eram sociedades Literárias. Academias, Aerópagos e Arcádias Literárias, como afirmado no livro do historiador Antonio Augusto de Aguiar - A Vida do Marques de Barbacena - página 7: "organizou Álvares Maciel sociedades em Minas Rio de Janeiro e São Paulo, com intuito de por meio delas fazer a propaganda das idéias e preparar elementos, que na hora oportuna, fizessem a revolução". E confirmado pelo também historiador Gustavo Barroso em uma das suas obras: "Em Vila Rica, sede do governo da capitania, havia uma roda de homens cultos, participantes de uma arcádia literária, a qual facilmente se tornaria o centro diretor de qualquer momento de idéias a se objetivar em ação. Tornou-se com efeito, e envolto em tanto mistério, que mal sabiam os conjurados do que nele se tratava, nem ao certo as pessoas que se compunha".



Já nos preparatórios para a independência, vários fatos, de importância significativa, foram planejados e levados a efeito pela Maçonaria, como o FICO a criação dos Conselho dos Procuradores , o Juramento da Constituição. Movimentos estes que tiveram à frente Joaquim Gonçalves Ledo e seu grupo. Não obstante, vários historiadores têm afirmado a incontestável presença da Maçonaria na nossa Independência.



A INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Desde os primórdios de nossa história, constatamos a insatisfação do nosso povo com o jugo português. A exploração do homem levada pela cobiça insaciável de Portugal que tinha o nosso território como uma mina, de onde se extraia todas as riquezas que eram transportadas para a Metrópole. Muito se falava em independência naquela época. Falava. Nada se escrevia.


Não se pode negar que a nossa independência teve a sua origem no movimento iniciado no arraial do Tijuco - hoje Diamantina - que rapidamente se ramificou em todo território brasileiro. Posteriormente alcançou seu ponto alto de realização em Vila Rica - hoje Ouro Preto - que na época era a sede da Capitania de Minas Gerais.



A Inconfidência Mineira à qual só foi dada importância quando descoberta, foi, sem nenhuma dúvida, o movimento libertador do Brasil e desopressor mineiros tão explorados e extorquidos pelos portugueses. Foi um movimento com idéias importadas da França, onde alguns jovens brasileiros completavam seus estudos, principalmente na universidade de Montpellier, onde tinham o primeiro contato com a Maçonaria. Nas centenas de Lojas em território francês, era pregado a Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Nessas Lojas planejou-se a Revolução Francesa e discutiu-se amplamente a libertação dos mineiros e do Brasil. Tenónio D'Albuquerque, historiador mineiro, em uma das suas obras, menciona: "Não é apenas infantilidade e sim estultice, e sim obstinação ocorrente de fanatismo, negar-se a reconhecer na INCONFIDÊNCIA MINEIRA, um empreendimento maçônico. É bastante atentar-se na sua bandeira, nos seus objetivos: LIBERDADE, IGUALDADE, pela educação do homem com a criação de sua universidade, e fraternidade pela união dos brasileiros em termos de um ideal supremo: a constituição de um pátria livre." E, na formação desse movimento é imprescindível citar a liderança de maçons, tais como: Álvares Maciel, Domingos Vidal Barbosa, José Joaquim da Maia,e outros mais, que se iniciaram na maçonaria, na Europa. José Álvares Maciel, Maçom iniciado na Europa, é considerado por todos os estudiosos o intelectual da Inconfidência Mineira. Álvares Maciel.



Álvares Maciel, nascido em VILA RICA, filho do guarda - mór da sede da capitania de Minas Gerais e de mãe mineira nascida em MARIANA, cursou a universidade de Montpellier então poderoso centro da irradiação da MAÇONARIA, onde deve ter ingressado na ordem maçônica a menos que já houvesse assim procedido em Coimbra, como ocorrera com outros estudantes brasileiros. Homem culto e idealista aceitou e cultivou imediatamente o princípio de Liberdade, Igualdade e Fraternidade da Maçonaria. Desde lá pensava ele na emancipação da sua pátria distante onde não havia Liberdade e predominava a escravidão e a exploração pelos portugueses contra o preceito de Liberdade, bem como na existência de justiça e onde a FRATERNIDADE não era praticada, haja visto os suplícios impostos aos brasileiros. Com o desejo de ver a pátria livre, retorna Álvares Maciel ao Brasil, após empreender longas viagens e vários contatos com outros maçons como o venezuelano Francisco Miranda, maçom exemplar que havia contribuído com a independência de países latino-americanos, através da Loja Grande Reunião americana, por ele fundada em Londres.



E escreve historiador JOAQUIM NORBERTO na sua obra: "História da Conjuração Mineira" - volume 1 - Página 81: " Vinha o jovem Maciel de países livres, onde adquiria instrução e onde fora iniciado nos mistérios da MAÇONARIA". Após seu regresso, juntamente com estudantes brasileiros que também retornavam, empolgados pela ação humanitária e fraternal desenvolvida pela MAÇONARIA na Europa, no sentido de assegurar os direitos que dignificam o homem e na defesa da liberdade dos povos, cresce e se fortifica o movimento que mais tarde levou o nome de INCONFIDÊNCIA MINEIRA. No retorno de ÁLVARES MACIEL ao Brasil, ocorreu para a felicidade e consumação do sonho de LIBERDADE o "encontro da intelectualidade com a bravura" - os ideais do homem culto e idealista com o caráter forte e exaltado do miliciano que conhecia o verdadeiro significado da palavra Liberdade e converteu-se num seu soldado fervoroso - o alferes JOAQUIM José da Silva Xavier - O TIRADENTES.



Já que seus ideais eram idênticos, - um Brasil livre da escravidão, governado pelo seu próprio povo que faria suas próprias leis - estava concluída a principal fase da Inconfidência, conforme afirma o historiador Gustavo Barroso: "no Rio de Janeiro, TIRADENTES pusera-se em contato com um moço mineiro que regressava formado da Europa, o Dr. José Álvares Maciel, o qual segundo o depoimento de Domingos Vidal, estivera na Inglaterra, buscando apoio para o levante de Minas gerais."



A partir daí, novos adeptos foram surgindo e as suas idéias foram disseminadas nas sedes das principais Capitanias. Paralelamente aos acontecimentos que se desenvolviam no âmbito secreto das "sociedades" criadas por Álvares Maciel, caminhava Joaquim José da Silva Xavier - Tiradentes, com sua pregação cívica em prol da Liberdade. Homem simples, em comparação com aqueles que tiveram a oportunidade de estender seus conhecimentos nas universidades da Europa, nascido numa fazenda de Pombal entre São José (hoje Tiradentes) e São João Del Rei, Minas Gerais. O jovem Tiradentes não fez estudos regulares, aprendendo as primeiras letras com seu irmão Domingos. Órfão aos 11 anos, ganhou o mundo: foi mascate, minerador e dentista prático, Aliás, sua alcunha adveio na habilidade com que manejava o boticão e como diz um historiador, que o fazia "com a mais sutil ligeireza e ornava a boca de novos dentes, feitos por ele mesmo, que pareciam naturais". Daí a sua popularidade que se estendeu até o Rio de Janeiro.



Tendo ingressado na vida militar - pertenceu ao regimento de Dragões de Minas Gerais - o que lhe permitiu conhecer palmo a palmo todo o território da capitania e já no posto de Alferes como comandante de patrulhas, mostrou-se sempre um bravo e destemido miliciano, desempenhando missões difíceis, que lhe valeram elogios do governador. Entretanto a bravura e o destemor sempre demonstrados pelos "alferes", corriam pelo ar os pensamentos sólidos e alicerçados de Tiradentes, que com seu conhecimento do verdadeiro significado da palavra LIBERDADE, não se furtava em proclamá-lo, não só no território da capitania, mas também fora dele.



Obviamente, que o procedimento de Tiradentes, como miliciano que era, aos olhos da coroa, não eram bem vistos e ainda mais, por estar participando das sociedades secretas então já existentes, valendo-lhe em conseqüência, perseguições como suspensão do soldo, preterição nas promoções e outras, culminando com seu deslizamento das milícias mineiras.

Sim, nenhuma dúvida pode restar, de que as sociedades secretas das quais participava Joaquim José da Silva Xavier, nada mais eram que a maçonaria. Portanto, Tiradentes havia ingressado nos mistérios da maçonaria e conseqüentemente era Maçom. Aliás, vale a pena citar a esse respeito o que disse o historiador Joaquim Norberto em sua obra "História da Conjuração Mineira" - Tomo l - Página 96: "No dia 28 de agosto de 1.788 apresentou-se o alferes Joaquim José da Silva Xavier ao comandante do seu regimento, para dar parte de doente, pois com efeito chegara enfermo a Vila Rica. Reteve-o a sua enfermidade em casa pelo espaço de três meses, suspenderam-lhe o soldo e teve ele que recorrer ao empenho da amizade que contraíra na cidade do Rio de Janeiro com o Dr. José Álvares Maciel. Era este jovem parente do tenente-coronel de seu regimento - Francisco de Paula Freire de Andrade e foi fácil obter o que desejava o pobre alferes. Renovou Tiradentes a prática que tivera com o Dr. Álvares Maciel na cidade do Rio de janeiro e conseguiu ser, por intermédio da sua pessoa, iniciada nos mistérios da conjuração, que desde muito tempo se tramava em Vila Rica". Segundo alguns renomados historiadores, dentre os quais Tenório D'Albuquerque, possivelmente Tiradentes ingressara na maçonaria através de José Álvares Maciel, outros, contudo, admitem que José Joaquim da Silva Xavier, quando mascate se fez maçon na Bahia, numa das suas muitas viagens àquela localidade.


Tudo faz crer que tenha sido iniciado em Minas, isso não é relevante, Bahia, Rio de Janeiro ou em Minas Gerais, não importa. O que importa, neste momento é afirmar que Tiradentes foi maçon convicto e entusiasta, o que demonstrou nas suas andanças e na pregação das doutrinas maçônicas que se identificam com a Liberdade. É de se louvar o comportamento e o trabalho do destemido Maçom Tiradentes, arriscando a vida com sua pregação de Liberdade. Participou de várias Lojas Maçônicas em Minas Gerais, com o apoio resoluto da maioria das populações, que viam na maçonaria, intransigente defensora da Liberdade, da dignidade, dos direitos do homem, um meio para reagir contra os desmandos dos prepotentes e contra as arbitrariedades daqueles que desonravam o poder. O fracasso do movimento Inconfidência Mineira, que tinha como principal objetivo gerado pelo descontentamento e pela forma abusiva com que Portugal explorava as minas da capitania, bem como a delação pelo traidor Joaquim Silvério dos Reis, é por todos conhecido através da história.



Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro a 10 de maio de 1.789 enquanto que em Minas Gerais, eram feitas prisões de todos os envolvidos no movimento. Iniciaram-se os trabalhos da devassa, que se arrastariam por longos anos e enquanto os demais integrantes da inconfidência mineira também presos, tratavam de se defender, muitos até mesmo negando responsabilidades com o movimento, Tiradentes as assumia integralmente, com silenciosa e serena bravura. Não constou em nenhum auto nenhuma delação por parte do Alferes ou revelação dos nomes dos seus amigos de causa. Finalmente a 18/04/1792, foi prolatada a primeira sentença, condenando a morte por enforcamento a Tiradentes e mais 10 integrantes do movimento. No dia seguinte, ou seja, em 19/04/1.792 na cadeia publica, foi lida a sentença que o declarava único culpado da sedição, quando Tiradentes ouviu sem pestanejar, a sua condenação.



Após a leitura da sentença foi tornada pública a Carta-Régia, conservada em sigilo, segundo a qual D. Maria l deferia ao tribunal o poder de comutar a pena capital pela pena de degredo e por nova sentença de 20/04/1792, entenderiam os juizes que só não deveria ser poupado o "enfame réu" Joaquim José da Silva Xavier, considerado "indigno da real piedade". A 21 de abril, com o aparato de costume naquela época, executou-se a infamante e absurda sentença, marchando Tiradentes para o sacrifício, sem que se alterasse a placidez do seu rosto e sofreu o martírio como um apóstolo da sacrossanta causa da liberdade e da redenção do Brasil.



Enforcado e depois de morto, teve a cabeça cortada e levada a Vila Rica, onde em local mais concorrido, foi colocada sobre um poste, seu corpo esquartejado foi espalhado pelos caminhos de Minas em várias povoações até consumir-se totalmente, declarados infames seus filhos e seus netos, a casa em que vivia em Vila Rica, totalmente arrasada e na qual foi semeado sal, para que nunca mais se edificasse em seu solo, tudo em cumprimento a terrível condenação que lhe foi imposta.



Foi, portanto, Tiradentes, ao proceder maçonicamente e assumindo a heróica atitude que o levou a sofrer morte horrível e infamante, sem sombra de dúvidas, o primeiro Mártir maçon brasileiro publicamente conhecido a dar sua vida pela causa da liberdade da sua pátria. Nêodo Ambrósio de Castro,



M.'.M.'. - ARLS Benso di Cavour nº 28, Juiz de Fora - MG / Brasil

FONTE:http://www.maconaria.net

segunda-feira, 11 de abril de 2016

10 Medidas contra a Corrupção

10 Medidas contra a corrupção

O Ministério Público do Paraná, a Associação Paranaense do Ministério Público e a Fundação Escola do Ministério Público do Paraná, em parceria com o Ministério Público Federal, participam da campanha “Dez Medidas contra a Corrupção”.

A iniciativa, sem qualquer vínculo político-partidário, tem por objetivo a apresentação de projeto de lei de iniciativa popular ao Congresso Nacional, destinado ao aperfeiçoamento do sistema jurídico, de modo a reprimir a corrupção e a impunidade no Brasil (conheça as 10 medidas propostas pelo MPF, com a adesão dos MPs de todo o país).

Para isso, é indispensável que os cidadãos manifestem seu apoio ao projeto, por meio de um abaixo-assinado (veja aqui como assinar a lista de apoio). 

Participe você também dessa campanha! Assine a lista e mobilize seus amigos, familiares, conhecidos, no trabalho, em casa, nas escolas, igrejas, universidades, etc.

Ajude a promover as mudanças de que o país precisa!

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10 Medidas

Botao Prevenção à corrupção, transparência e proteção à fonte de informação
botão Criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos
botão Aumento das penas e crime hediondo para corrupção de altos valores
botão Aumento da eficiência e da justiça dos recursos no processo penal
botão Celeridade nas ações de improbidade administrativa
botão Reforma no sistema de prescrição penal
botao Ajustes nas nulidades penais
botão Responsabilização dos partidos políticos e criminalização do "caixa dois"
botão Prisão preventiva para evitar a dissipação do dinheiro desviado
botão Recuperação do lucro derivado do crime

FONTE:http://www.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6192

SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA

  SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA Ednardo Sousa Bezerra Júnior.´. “É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao n...