Atenção! O objetivo deste blog é apenas divulgar bons textos, e redirecioná-los para boas leitura e pesquisa. SEMPRE cite em seus trabalhos o nome do autor do texto consultado, o veículo (livro, revista, jornal, site) de publicação e a data de publicação ou de acesso, caso o texto tenha sido pesquisado on line. LEMBRE-SE: usar idéias alheias sem dar o devido crédito ao autor é CRIME de PLÁGIO.
quinta-feira, 27 de abril de 2017
SINTO VERGONHA DE MIM - Poesia de Rui Barbosa
Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte deste povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-Mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o 'eu' feliz a qualquer custo,
buscando a tal 'felicidade'
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos 'floreios' para justificar
actos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre 'contestar',
voltar atrás
e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir o meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar o meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo deste mundo!
'De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto'.
Rui Barbosa
quarta-feira, 26 de abril de 2017
História do Ceará:Caldeirão de Santa Cruz do Deserto
O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto ou Caldeirão dos Jesuítas foi um dos movimentos messiânicos que surgiu nas terras do Crato, Ceará. A comunidade era liderada pelo paraibano de Pilões de Dentro, José Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido por beato José Lourenço.
No Caldeirão, os romeiros e imigrantes trabalhavam todos em favor da comunidade e recebiam uma cota da produção. A comunidade era pautada no trabalho, igualdade e Religião.
José
Lourenço Gomes da Silva
José Lourenço Gomes da Silva, mais
conhecido como beato José Lourenço, (Pilões de Dentro, 1872 — Exu, 12 de fevereiro de 1946) foi o líder da
comunidade Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, localizada na zona rural do Crato (Ceará).
José Lourenço trabalhava para latifundiários paraibanos como agricultor. Cansado
do trabalho árduo e mal remunerado, mudou-se para Juazeiro
do Norte, atraído pela devoção
ao Padre Cícero.
José Lourenço fugiu para Pernambuco, onde morreu aos 74 anos de peste
bubônica, tendo sido levado por uma
multidão para Juazeiro, onde foi enterrado no cemitério do Socorro.
Baixo Dantas
Em Juazeiro, conquistou a confiança do sacerdote e foi encarregado de liderar uma missão, para onde Padre
Cícero enviaria os flagelados
da região. José Lourenço então arrendou terras no sítio
Baixa Dantas para iniciar a produção.
A comunidade se desenvolveu rapidamente, o que despertou a fúria
dos fazendeiros da
região. Com o intuito de pôr a comunidade em descrédito, espalhou-se um boato de que os membros idolatravam o boi Mansinho como a um deus. A Igreja
Católica, que já estava irritada com
os supostos fenômenos sobrenaturais ocorridos em Juazeiro
do Norte, pressionou Padre
Cícero para que tomasse uma
decisão. Para evitar maiores transtornos, Floro
Bartolomeu ordenou que
sacrificassem o boi e prendessem José Lourenço. O beato foi solto algumas
semanas depois.
Caldeirão
Depois da confusão, José Lourenço decidiu transferir a comunidade para
o Caldeirão, um local
mais afastado. Entretanto as perseguições continuaram e em 1937, a comunidade foi invadida e arrasada por forças estaduais e federais,
com apoio do setor religioso e latifundiários locais. Caldeirão era uma
comunidade auto-sustentável que dava abrigo às famílias camponesas que fugiam
da exploração imposta pelos latifundiários, podendo ser comparada com Canudos.
José Lourenço fugiu para Exu onde morreu em 1946 de peste
bubônica, tendo sido sepultado
em Juazeiro do Norte.
Ações Jurídicas
Em 2008, a ONG cearense SOS Direitos Humanos ajuizou uma Ação Civil Pública na
Justiça Federal do Ceará requerendo que a União Federal e o Estado do Ceará
informem a localização da cova comum onde o Exército e a Polícia Militar do
Ceará enterraram as vítimas do Sítio Caldeirão que massacraram em 1937.
A ação foi extinta sem julgamento de mérito pelo juiz da 16ª Vara
Federal de Juazeiro do Norte/CE, a pedido do MPF que em seu parecer disse que:
·
a) o massacre ocorreu há mais
de 70 anos e estava prescrito,
·
b) nao há como encontrar os
restos mortais pelo tempo que o crime ocorreu.
A SOS DIREITOS HUMANOS inconformada com a decisão do juiz apelou ao TRF
da 5ª região em Recife/PE aduzindo que:
a) o crime de desaparecimento de pessoas é imprescritível,
b) os restos mortais estão em local árido, a Chapada do Araripe, e portanto podem ser encontrada, a exemplo da família do Czar Romanov que
foi morta em 1918 e encontrada nos anos de1991 e 2007.
Caldeirão de Santa Cruz do Deserto
O Caldeirão de Santa
Cruz do Deserto foi um dos movimentos
messiânicos que surgiu nas terras
no Crato, Ceará. A comunidade era liderada pelo paraibano de Pilões de Dentro, José Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido por beato José Lourenço. Caldeirão, os romeiros e
imigrantes trabalhavam todos em favor da comunidade e recebiam uma quota da
produção. A comunidade era pautada no trabalho, na igualdade e
na Religião.
Sítio Baixa Dantas
José Lourenço trabalhava com sua família em latifúndios no sertão da Paraíba. Decidiu migrar para Juazeiro
do Norte, onde conheceu Padre
Cícero e ganhou sua simpatia e
confiança. Em Juazeiro conseguiu arrendar um lote de terra no sitio Baixa
Dantas, no município do Crato. Com bastante esforço de José Lourenço e os demais romeiros, em pouco tempo a terra prosperou, e eles produziram bastante cereais e frutas. Diferente das fazendas vizinhas, na comunidade toda a produção era dividida igualmente.
José Lourenço tornou-se líder daquele povoado, e se dedicou à religião, à caridade e a
servir ao próximo. Mesmo analfabeto, era ele quem dividia as tarefas e ensinava agricultura e medicina
popular. Para o sítio Baixa Dantas
eram enviados, por Padre
Cícero, assassinos, ladrões e
miseráveis, enfim, pessoas que precisavam de ajuda para trabalhar e obter
sua fé. Após o surgimento da Sedição de Juazeiro, da qual José Lourenço não participou, suas terras foram invadidas por jagunços. Com o fim da revolta, José Lourenço e seus seguidores reconstruíram o povoado.
Em 1921, Delmiro Gouveia presenteou Padre
Cícero com um boi, chamado Mansinho, e o entregou aos cuidados de José Lourenço. Os inimigos de Padre
Cícero, se aproveitaram disso
espalhando boatos de que as pessoas
estariam adorando o boi como a um Deus. Por conta disso, o boi foi morto e José Lourenço foi preso a mando de Floro
Bartolomeu, tendo sido solto por
influência de Padre
Cícero alguns dias depois.
Caldeirão de Santa Cruz do Deserto
Em 1926, o sítio Baixa Dantas foi vendido e o novo
proprietário exigiu que os membros da comunidade saíssem das terras. Com
isso, Padre Cícero resolveu alojar o beato e os romeiros em uma grande fazenda denominada Caldeirão
dos Jesuítas, situada no Crato, onde recomeçaram o trabalho comunitário, criando uma sociedade igualitária que tinha como base a religião. Toda a produção do
Caldeirão era dividida igualmente, o excedente era vendido e, com o lucro,
investia-se em remédios e querosene.
No Caldeirão cada família tinha sua casa e órfãos eram afilhados do beato. Na fazenda também havia um cemitério e uma igreja, construídos pelos próprios
membros. A comunidade chegou a ter mais de mil habitantes. Com a grande seca
de 1932, esse número aumentou, pois lá chegaram muitos flagelados. Após a morte de Padre
Cícero, muitos nordestinos passaram
a considerar obeato José Lourenço como seu sucessor.
Devido a muitos grupos de pessoas começarem a ir para o Caldeirão e
deixarem seus trabalhos árduos, pois viam aquela sociedade como um paraíso, os poderosos, a classe dominante, começaram a temer aquilo que
consideravam ser uma má influência.
Balas caindo do céu
Em 1937, sem a proteção de Padre Cícero, que falecera em 1934, a fazenda foi invadida, destruída, e os sertanejos divididos, ressurgindo novamente pela mata em uma nova comunidade, a qual em 11 de maio foi invadida novamente, mas dessa vez por terra e pelo ar, quando aconteceu um grande massacre, com o número oficial de 400 mortos. Foi a primeira ação de extermínio do Exército Brasileiro, e Polícia Militar do Estado do Ceará. Acontecera o primeiro ataque aéreo da história do Brasil. Os familiares e descendentes dos mortos nunca souberam onde encontra-se os corpos, pois o Exército Brasileiro e a Polícia Militar do Ceará nunca informaram o local da vala comum na qual os seguidores do Beato foram enterrados. Presume-se que a vala coletiva encontra-se no Caldeirão ou na Mata dos Cavalos, na Serra do Cruzeiro (região do Cariri).
Caldeirão hoje
Da época da Irmandade do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, exitem
ainda a capela branca, que tem como padroeiro Santo Inácio de Loyola, ao lado da ermida, duas casas, um muro de laje de um velho cemitério,
um cruzeiro e no
alto as ruínas da residência do beato José Lourenço.
Atualmente, 47 famílias revivem o sonho coletivo de produção idealizado
por José Lourenço, num sítio denominado Assentamento 10 de Abril, a
37 km do centro do Crato. No local encontram-se 47 casas, sendo que 44 de alvenaria e uma escola, porém sem ostentar a
grandeza atingida pelo então Caldeirão do beato José Lourenço .
As famílias residentes mantém uma horticultura
orgânica (couve, coentro, cenoura, macaxeira, alface, pimentão e espinafre estão entre as hortaliças cultivadas) e uma lavoura para auto-abastecimento. Parte
dos homens também mantém um produtivo apiário, que contribui para os rendimentos do grupo.
A ONG SOS Direitos Humanos entrou com uma ação civil pública no ano de 2008 na Justiça Federal do
Ceará, contra o Governo Federal do Brasil e Governo do Estado do Ceará, requerendo que o Exército Brasileiro:
a) torne público o local da
vala comum,
b) realize a exumação dos
corpos,
c) identifique as vítimas via
exames de DNA,
d) enterre os restos mortais
de forma digna,
e) idenize no valor de R$ 500
mil, todos os familiares das vítimas e os remanescentes
f) inclua na história oficial,
à título pedagógico, a história do massacre / chacina / genocídio do Sítio da Santa Cruz do Deserto, ou Sítio Caldeirão.
A pedido do Ministério Público Federal da cidade de Juazeiro do Norte, a
ação foi extinta sem julgamento de mérito pelo juiz da 16ª Vara Federal de Juazeiro do Norte. A ONG SOS DIREITOS HUMANOS,
inconformada com a decisão, recorreu ao egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª
Região em Recife Pernambuco, requerendo
que a ação seja julgada o mérito porque o crime cometido contra a comunidade do
Sítio Caldeirão é de lesa humanidade, e portanto, imprescritível.
A ONG "SOS DIREITOS HUMANOS" no ano de 2009, denunciou o Brasil à OEA - Organização dos Estados Americanos, por crime de desaparecimento
forçado de pessoas e para que seja obrigada a informar a localização da vala
comum com as 1000 vítimas do Sítio Caldeirão. A entidade considera o sítio
Caldeirão como o Araguaia do
Ceará, uma vez que os militares mataram 1000 pessoas e após, enterraram em vala
comum em lugar desconhecido da mata dos cavalos, em cima da Chapada do Araripe. A ONG está pedindo auxílio à entidades internacionais para que a vala
comum seja encontrada, bem como, a ajuda de geólogos, geofísicos e arqueólogos para identificar a localização da vala comum.
Em 1986 o cineasta Rosemberg
Cariry, realizou um documentário rico em depoimentos de sobrevintes do massacre. Caldeirão é um
movimento considerado como uma outra Guerra
de Canudos.
A Cia. do Tijolo, grupo artístico, apresenta ainda (2010) espetáculo que conta a história do Caldeirão, e exalta também Patativa do Assaré, poeta nascido no nordeste brasileiro.Fonte
BIBLIOGRÁFICA
UNESP - Assentamento 10 de Abril em Crato: o sonho de um novo Caldeirão.
Página visitada em 30 de
Novembro de 2010.
FARIAS, Aírton de. História
do Ceará: Dos Índios à Geração Cambeba. Fortaleza; Tropical,1997, ISBN
85-86332-03-8
Dicas de pesquisa
O Povo - Romaria lembra história do Caldeirão. O POVO 22.09.2007.
Aridesa - Massacre de fiéis do Cldeirão faz 70 anos. 30.11.10
Novae - O Caldeirão que o diabo abominou. 30.11.10
Overmundo - O Caldeirão da Santa Cruz do Esquecimento. 30.11.10
Moreira - A tragédia da comunidade camponesa igualitária do sítio
caldeirão. 30.11.10
Fundação Perseu Abramo - O beato Zé Lourenço e o
Caldeirão de Santa Cruz do Deserto
Assinar:
Postagens (Atom)
SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA
SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA Ednardo Sousa Bezerra Júnior.´. “É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao n...
-
Amimação super realista mostra a realidade de um futuro onde a tecnologia fará de nós zumbis controlados e escravos dela, ou quem sa...
-
Ensino Fundamental de 1ª a 4ª Série O trabalho em sala de aula não se restringe ao momento da aula, ao tr...