Texto:
Prof. Ednardo Junior
Não sei se é incompetência de
minha parte ou falta de qualidade dos candidatos, o certo é que não consigo
decidir o que fazer no próximo turno da eleição presidencial no Brasil. Quando
penso nas opções vejo que é mais ou menos assim: podemos votar no candidato
seis ou no candidato meia dúzia.
No Brasil o voto é um direito
do cidadão. Segundo o Dicionário Online de Português, direito é “aquilo que é
garantido ao indivíduo por razão da lei ou dos hábitos sociais: direito de
frequentar qualquer escola”( www.dicio.com.br/direito). Pois
bem, entendo direito como algo que posso usufruir, bem como escolher se uso ou
não o direito garantido por lei. Entretanto, caso não desfrute do meu direito
de voto no Brasil devo justificar-me no cartório eleitoral e ser sujeito a
multa, certo que o valor é irrisório, o problema maior é o incômodo.
Nesse sentido, vejo o voto não
como direito e sim obrigação, e nestes últimos dias a obrigatoriedade do voto
tornou-se pra mim um tormento. Hoje encontro-me incapaz de escolher entre dois
cidadãos que não representam em nada o que acredito.
Como professor da área de
humanas não posso concordar com sistemas de governos autoritários, a história
já mostrou inúmeras vezes que este tipo de governo não resolve de forma
definitiva os problemas de uma nação, temos exemplo tanto no Brasil como em
outros países da América Latina e na Europa.
Nos anos de 1960, a economia brasileira
estava corroída por uma onda de desemprego, inflação e queda nos investimentos.
Além disso, o populismo entrou em crise ao perceber que as reivindicações
concedidas aos trabalhadores não poderiam ser impostas sem primeiro atender os
interesses das elites. Setores da sociedade, como a classe média e a Igreja
Católica, temiam o avanço do movimento comunista. Latifundiários ficaram
preocupados com a reforma agrária e a tensão que ela poderia gerar no campo.
Empresas multinacionais se sentiram prejudicadas com os limites impostos à
remessa de lucros para o exterior.
Desta forma podemos ver que o
golpe de 1964 interessava a elite burguesa. A democracia e o bem-estar social
da população nada importava se os patrões tivessem seus interesse garantidos.
Percebo também que as políticas
populistas não têm mais lugar em nosso tempo atual, pois a manutenção deste
tipo de política requer um investimento muito alto entre os indivíduos que
integram os cargos administrativos na gestão pública. Através de manobras
ilícitas o dinheiro do povo fica nas mãos de uma minoria, para que determinados
grupos políticos possam ter capital pra manter-se no poder.
Hoje, ao longo de mais de
quatro décadas de vida, vejo que nosso país a cada dia está mais dividido.
Grande parte dos eleitores brasileiros só enxergam o próprio umbigo, colocam o
interesse individual sempre à frente dos interesses coletivos.
Só posso acreditar em uma
mudança real no Brasil, quando houver uma transformação de comportamento do
povo. O inicio desta alteração se dará com uma educação significativa e com a
equidade necessária para que uma criança não seja punida com uma educação sem
qualidade pela falta de recursos financeiros de seus pais.