segunda-feira, 28 de abril de 2025

 

Caridade nos Dias Atuais: Um Espelho para o Mundo Moderno


Ednardo Sousa Bezerra Jr

MM∴


A Oração de São Francisco, tão simples e profunda, é como uma bússola silenciosa apontando para o verdadeiro norte da caridade em nossos tempos modernos. “Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão…” esses versos não são apenas súplicas; são instruções práticas para uma caridade viva, atuante, necessária mais do que nunca.

Nos dias de hoje, a caridade muitas vezes é confundida com gestos esporádicos e públicos, visíveis nas redes sociais e acompanhados de aplausos digitais. Mas a verdadeira caridade que São Francisco inspira é silenciosa, cotidiana, paciente. Assim como na oração se pede para ser "instrumento de paz", também hoje somos convidados a ser discretos pedreiros da bondade.

A oração fala de "semear amor, perdão, fé, esperança, luz e alegria". Essa semeadura é lenta, exige persistência e renúncia ao ego. No mundo atual, semear amor pode significar escutar sem julgar; semear fé pode ser manter a esperança diante do cansaço social; levar luz é ser presença serena em meio aos ruído no mundo profano.

Nesse cenário, a Maçonaria, fiel aos seus princípios de amor fraterno, beneficência e verdade, carrega uma responsabilidade ainda maior. Mais do que palavras, seus membros são chamados a praticar a caridade de maneira constante, discreta e genuína, como expressão de seus juramentos e valores.

A verdadeira caridade maçônica, como ensina a tradição, não busca reconhecimento, mas sim a transformação silenciosa da sociedade, estendendo a mão aos necessitados, promovendo a justiça e fortalecendo os laços humanos.

Por fim, a oração ensina que "é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado". Em tempos em que o imediatismo e a reciprocidade quase automática são esperados, ela nos lembra que o amor verdadeiro não contabiliza trocas, não exige aplausos. Assim também a Maçonaria deve seguir: praticando a caridade como um dever natural, um reflexo da luz interior que cada iniciado busca acender.

Assim, a Oração de São Francisco permanece atual como uma chama que atravessa os séculos, iluminando os caminhos da caridade silenciosa e transformadora, uma chama que a Maçonaria, com nobre responsabilidade, tem o dever de manter acesa nos corações e nas ações.

 

TFA

sexta-feira, 11 de abril de 2025

 A Influência da Maçonaria no Fim da Escravidão no Ceará

Ednardo Sousa Bezerra Jr


O movimento abolicionista foi um processo complexo que envolveu diversos fatores políticos, econômicos e sociais. No Ceará, estado que foi pioneiro na libertação dos escravizados no Brasil, em 25 de março de 1884 – quatro anos antes da Lei Áurea, a atuação da Maçonaria foi relevante.

A influência das lojas maçônicas e seus membros, que ocupavam importantes cargos na sociedade, foi determinante para a formação de um movimento abolicionista forte e bem articulado. 

A Maçonaria sempre esteve ligada aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, influenciando movimentos políticos importantes, como a Independência e a Proclamação da República brasileira. No Ceará, não foi diferente. As lojas maçônicas, como a “Fraternidade Cearense, fundada em 1 de dezembro de 1859, primeira loja regular do Oriente do Ceará”, foram fundamentais na propagação das ideias abolicionistas e na organização de campanhas para libertar escravizados.

O envolvimento de maçons como João Cordeiro, Nascido em Santana do Acaraú em 1817, se destacou como político, industrial e filantropo, dedicando sua vida à luta pela justiça social e à abolição da escravidão. É considerado um dos principais líderes do movimento abolicionista no estado do Ceará. 

A Maçonaria incentivou a formação de sociedades abolicionistas, promoveu a fuga e alforria de escravizados e exerceu pressão sobre o governo provincial para acelerar o processo.

Outro ponto fundamental foi a participação da imprensa ligada à Maçonaria. Jornais como O Libertador, que teve circulação entre 1881 e 1884, foi divulgador e instrumento de doutrinação moral e social da Sociedade Cearense Libertadora, a mais atuante sociedade abolicionista do Ceará, fundada em 8 de dezembro de 1880. O Jornal Libertador serviu como espaço para divulgar ideais abolicionistas e denunciar abusos cometidos contra os escravizados. Além disso, comissões de libertos e de apoio a fugas foram financiadas por maçons e simpatizantes da causa.

Outro fato que devemos destacar é a participação e liderança  de Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, tendo um papel significativo na luta pela abolição da escravidão no Brasil, em minha pesquisa não encontre registro detalhado sobre sua trajetória dentro da Maçonaria, entretanto seu engajamento na causa abolicionista teve quande influencia dos ideais maçõnicos de fraternidade. A Maçonaria, na época, promovia debates sobre liberdade e igualdade, além de atuar na alforria de pessoas escravizadas.

A atuação de Dragão do Mar como líder dos jangadeiros e sua recusa em transportar escravizados  ajudaram a consolidar o Ceará como a primeira província a abolir a escravidão, em 1884. Desde então o Ceará ficou  conhecido como Terra da Luz. Hoje, Dragão do Mar é reconhecido como um herói cearense, tendo seu nome eternizado em diversos monumentos e instituições. 

Outro ilustre maçom com participação nessa ação libertária foi José Martiniano de Alencar, pai do escritor José de Alencar, que teve um papel relevante na política do Ceará e do Brasil no século XIX, sendo um influente senador, presidente de província e jornalista. Embora não tenha sido um dos principais líderes abolicionistas, sua atuação política ajudou a criar condições que favoreceram a abolição da escravatura na província. Como presidente da Província do Ceará (cargo equivalente a governador) entre 1834 e 1837, promoveu políticas que incentivavam o trabalho livre defendendo um modelo econômico mais diversificado a baseada em pequenos proprietários, o que contribuiu para a redução da dependência da mão de obra escravizada. 

Portanto a influência da Maçonaria no processo de abolição da escravidão no Ceará foi decisiva, atuando tanto na esfera política quanto na mobilização popular. Graças a essa articulação, o estado se tornou pioneiro na abolição, servindo de exemplo para outras províncias e passando a ser conhecido como Terra da Luz. O legado da Maçonaria nesse período demonstra sua importância na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.


Bibliografia

  • ALENCAR, José de. Abolição e Maçonaria: Um Estudo Sobre a Influência Maçônica no Movimento Abolicionista Brasileiro. Fortaleza: Editora Cearense, 1987.

  • SOUZA, Raimundo. Liberdade e Maçonaria no Ceará. Fortaleza: Edições Universitárias, 1995.

  • SILVA, Antônio Carlos. A Imprensa e o Movimento Abolicionista no Ceará. São Paulo: Editora Nacional, 2002.

  • FERREIRA, Luís. História da Abolição no Ceará. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

A Perseguição dos Maçons pelo Nazismo na Segunda Guerra MundiaL

Durante o regime nazista na Alemanha (1933–1945), diversos grupos foram perseguidos sistematicamente por motivos ideológicos, raciais ou pol...