sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

5 protestos contra tarifas em transportes

As manifestações populares que ocorreram no final de 2013, mobilizando milhares de pessoas em todo o país, foram marcadas pelos protestos contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, mas adquiriu proporções bem maiores, apesar de ainda não termos uma visão abrangente dos motivo destas manifestações.
De qualquer forma, protestos contra o aumento de tarifas nos transportes coletivos não são novidades na história do Brasil. Nesta postagens, vamos conhecer 5 protestos contra aumento de tarifas no Brasil.

1. Revolta do Vintém

Revolta-do-Vintem
Revolta do Vintém foi um protesto que ocorreu entre 1879 e 1880 nas ruas do Rio de Janeiro, capital do império brasileiro, contra a cobrança de vinte réis, ou seja, um vintém, nas passagens dos bondes. Este aumento foi instituído pelo ministro da fazenda Afonso Celso de Assis Figueiredo, o futuro Visconde de Ouro preto. O protesto mobilizou em torno de 5 mil pessoas. Aos gritos de “fora o vintém!”, a população espancou os condutores, esfaqueou os burros, virou os bondes e arrancou os trilhos ao longo da Rua Uruguaiana. A estatística de feridos e mortos não é precisa, estima-se entre 15 a 20 feridos e entre 3 a 10 mortos. O ministério, desgastado foi substituído e o novo ministério revogou o aumento de preço.

2. Greve da Meia Passagem

Greve da Meia Passagem
Greve da Meia Passagem foi uma greve estudantil que ocorreu em 1979, em São Luís (Maranhão) visando a adoção de meia passagem para estudantes. O início da greve ocorreu quando o então prefeito da cidade, Mauro Fecury, apresentou a proposta de um terceiro aumento consecutivo da passagem em apenas um ano. Na ocasião, estudantes da Universidade Federal do Maranhão entraram em greve e foram reprimidos ao sair em passeata para o centro da cidade. A greve foi marcada por forte repressão policial às passeatas e assembleias, mas apesar disso conseguiu a adoção de outros estudantes e setores da sociedade.

3. Revolta do Buzu

Revolta do Buzu
Revolta do Buzu é o nome de um documentário de Carlos Pronzato, inspirado em revolta popular que ocorreu em Salvador (Bahia), em 2003. Na ocasião, milhares de jovens, estudantes e trabalhadores fecharam as vias públicas, protestando contra o aumento das tarifas em transportes coletivos na cidade. Durante 10 dias, a cidade ficou paralisada. As mobilizações tiveram fim quando entidades estudantis, como a UNE e UJS, colocaram-se como líderes das mobilizações e tentaram uma negociação na prefeitura. No entanto, a principal reivindicação dos manifestantes – a diminuição do preço da passagem – não foi atendida e o aumento continuou em vigor.

4. Revolta da Catraca

Revolta da Catraca
Revolta da Catraca foi o nome atribuído a uma mobilização na cidade de Florianópolis (Santa Catarina) contra o aumento das tarifas de ônibus urbanos. A manifestação fechou o acesso à cidade, nos anos de 2004 e 2005. O movimento desestabilizou os políticos da capital catarinense e até hoje é citado em movimentos grevistas. Na ocasião, o estudante Marcelo Pomar, militante do Movimento Passe Livre – que levanta a bandeira da tarifa zero em transportes coletivos – foi preso e acusado de liderar a revolta. Até hoje ele está sendo processo pelo Tribunal de Justiça, sob acusação de incitar linchamentos.

5. Revolta dos Vinte Centavos

Revolta dos Vinte Centavos
A recente mobilização, por enquanto chamada de Revolta dos Vinte Centavos, iniciou com a declaração do aumento em R$ 0,20 no preço da passagem de ônibus na cidade de São Paulo e ficou marcada pela truculência policial nos primeiros dias de manifestações. Em pouco tempo, as manifestações atingiram outras cidades brasileiras, inclusive com apoio em cidades estrangeiras, como Londres e Paris. Ainda é cedo para compreender as motivações dos protestos, mas algumas pessoas associam-nas com os altos custos da Copa do Mundo, a corrupção que corrói as instituições políticas, econômicas e sociais no país, a impunidade, dentre outros motivos. De qualquer forma, os manifestantes insistem em dizer que “não é apenas por causa de R$ 0,20″.

FONTE: http://www.historiadigital.org/curiosidades/5-protestos-contra-tarifas-no-transporte-coletivo/

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Governo da Holanda vai cobrar diárias de presos



Presos na holanda
O Governo holandês decidiu adotar a mesma política da Dinamarca e Alemanha e impor a seus presidiários o pagamento de 16 euros (50 reais) por dia por ficarem atrás das grades. O projeto de lei deriva dos acordos pactuados pela atual coalizão no poder, formada por liberais de direita e social-democratas, e busca duas coisas: obrigar o criminoso a assumir o custo de seus atos e poupar, concretamente, 65 milhões de euros (205 milhões de reais) em despesas judiciais e policiais.
Na Holanda existem 29 presídios, sendo que deste total 8 foram fechados por falta de presos. O Governo holandês diz que o detento é parte integrante da sociedade e se comete um delito tem obrigação de contribuir com os gastos inerentes. No Brasil é totalmente o contrário. Presídios são construídos todos os meses, o detento raramente trabalha e sua família ainda recebe do Governo Federal uma ajuda de custo superior ao salário mínimo, ou seja 982 reais. É O BRASIL.
FONTE:http://blogs.diariodonordeste.com.br/
Publicado em 29/01/2014 - 18:50 por 

Uece adere ao Enem

Nem só de greves ou falta de professores e outras exigências da área de infraestrutura vive a Universidade Estadual do Ceará. O reitor Jackson Sampaio anuncia uma boa-nova para quem sonha em cursar na Instituição: a Uece vai aderir ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como uma das formas de seleção de candidatos aos seus diversos cursos. Mas, calma! Isso ocorrerá por etapa, a partir do seu primeiro concurso vestibular 2015, com processo iniciando no fim deste ano. A Uece destinará 50% de suas vagas. “Temos dois vestibulares. O do meio do ano de 2014 ainda seguirá o critério tradicional”, acentua Sampaio. Ele só não quis falar sobre a política de cotas. Tá bom!

FONTE: http://www.opovo.com.br/

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Competências e Habilidades em Humanas

Na Matriz de Referência do Enem, as matérias do Ensino Médio são divididas em quatro grandes áreas: Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagem e Matemática. Cada área, possui uma lista de Competências e Habilidades, que foram inseridas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), em 1997.
Menina fazendo prova do Enem
A proposta das competências e habilidades é propiciar subsídios à elaboração e reelaboração do currículo, apresentando ideias do “que se quer ensinar”, “como se quer ensinar” e “para que se quer ensinar”. Aqui no blog, cada questão do Enem é analisada criteriosamente, com a intenção de analisar a aplicação desta proposta.

Competências e Habilidades

O MEC estabele a divisão da área de Ciências Humanas em seis competências, com cinco habilidades cada uma, totalizando trinta itens.
Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades
H1 – Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 – Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 – Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
H4 – Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 – Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
H6 – Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 – Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8 - Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9 - Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
H10 - Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 - Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 - Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14 - Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 - Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
H16 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 - Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 - Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 - Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 - Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 - Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 - Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 - Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 – Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.
H26 - Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 - Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos.
H28 - Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 - Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 - Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Para ter acesso ao texto completo, faça o download da Matriz de Referência do Enem.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Diferença entre pesquisa qualitativa e quantitativa.

  • Uma vez definido o tema da pesquisa, deve-se escolher entre realizar uma pesquisa qualitativa ou uma quantitativa. Uma não substitui a outra: elas se complementam.
  • As pesquisas qualitativas têm caráter exploratório: estimulam os entrevistados a pensar e falar livremente sobre algum tema,objeto ou conceito. Elas fazem emergir aspectos subjetivos, atingem motivações não explícitas, ou mesmo não conscientes,de forma espontânea.
  • As pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados (questionários). São utilizados quando se sabe exatamente o que deveser perguntado para atingir os objetivos da pesquisa. Permitem que se realizem projções para a população representada. Elas testam, de forma precisa, as hipóteses levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser comparados com outros.
Amostra:
  • Qualitativa - não há preocupação em projetar resultados para a população. O número de entrevistados geralmente é pequeno.
  • Quantitativa - exige um número maior de entrevistados para garantir maior precisão nos resultados, que serão projetados para a população representada.
Questionário:
  • Qualitativa - normalmente as informações são coletadas por meio de um roteiro. As opininiões dos participantes são gravadas e posteriormente analisadas,
  • Quantitativas - as informações são colhidas por meio de um questionario estruturado com perguntas claras e objetivas. Isto garante a uniformidade de entendimento dos entrevistados.
Entrevista:
  • Qualitativa - são realizadas por meio de entrevistas em profundidade ou de discussões em grupo. Para as discussões em grupo, as pessoas( em média 8 ) são convidadas para um bate- papo realizado em salas especiais com circuito de gravação em áudio e vídeo. Nas entrevistas em profundidade, é feito o pré-agendamento do entrevistado e a sua aplicação é individual, em local reservado. Este procedimento garante a concentração do respondente.
  • Quantitativa - o entrevistador identifica as pessoas a serem entrevistads por meio de critérios previamente definidos: por sexo, por idade, por ramo de atividade, por localização geográfica etc. As entrevistas não exigem um local previamente ou em pontos de fluxo de pessoas. O importante é que sejam aplicadas individualmente e sigam as regras de seleção da amostra.
Relatório:
  • Qualitativa - as informações colhidas na abordagem qualitativa são analizadas de acordo com o roteiro aplicado e registradas em relatório, destacando opiniões, comentario e frases mais relevantes que surgiram.
  • Quantitativa - o relatório da pesquisa quantitativa, além das interpretações e conclusões, deve mostar tabelas de percentuais e gráficos.



De maneira sucinta, em pesquisas qualitativas o importante é o que se fala sobre um tema, enquanto que em pesquisas quantitativas o importante é quantas vezes é falado .



Referências






Como fazer pesquisa de opinião na escolahttp://www.ipm.org.br/ne_man_conh php?opm=3&ctd=3



KATIA VIVIANE DA SILVA
GRADUANDA EM CIÊNCIAS SOCIAIS - UFMS
ESTAGIÁRIA DO PROJETO INTERCIÊNCIAS - UFMS

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Cidade subterrânea' da 2ª Guerra reabrirá para visitação

No auge da Segunda Guerra Mundial, os subterrâneos de Ramsgate, no leste da Inglaterra, tornaram-se refúgio para milhares de pessoas que buscavam escapar dos frequentes bombardeios nazistas.

Subterrâneo de Ramsgate | Crédito: BBC
Por decisão do então prefeito da cidade, mais de quatro quilômetros de túneis foram construídos debaixo da terra, a partir de uma linha de trem desativada.
O local serviu de moradia para cerca de 26 mil pessoas. Ali, algumas delas chegaram a montar suas casas, com sala de estar, quarto e cozinha.
Agora, a comunidade espera ansiosa a reabertura dos túneis para a visitação pública, o que deve ocorrer no próximo verão europeu. Veja o vídeo  http://www.youtube.com/watch?v=59lJCzpHsSQ




quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Falta pessoal para fiscalizar obras do Estado, diz procurador

Gleydson Alexandre afirma que número de fiscais do Estado e do Tribunal de Contas é insuficiente para acompanhar investimentos. Procurador investiga possíveis irregularidades na construção da adutora de Itapipoca.
DEIVYSON TEIXEIRA
Governo contratou uma empresa estrangeira para fiscalizar obras da adutora em Itapipoca

Encarregado de investigar possíveis irregularidades na construção da adutora defeituosa de Itapipoca, o procurador Gleydson Alexandre, do Ministério Público de Contas, que atua junto ao Tribunal de Contas do Estado, afirma que governo e TCE não têm servidores em número suficiente para acompanhar a execução de obras estaduais. “O TCE tem um quadro pequeno de engenheiros, e faltam os próprios engenheiros do Estado para fiscalizar a execução”.
A investigação pelo Ministério Público de Contas foi solicitada pelo deputado Heitor Férrer (PDT). Embora ainda esteja analisando documentos referentes à obra e, por isso, tenha evitado comentários sobre a adutora, Gleydson declarou que, no geral, a quantidade de pessoal para acompanhar obras do governo não condiz com o volume de investimentos.

“O orçamento do Estado para 2014 é de R$ 21 bilhões. E o TCE tem dois procuradores de contas e dez engenheiros para analisar tudo isso. Até um tempo atrás, a Controladoria Geral do Estado tinha 18 auditores. É muito pouco”, lamenta o procurador.

“Estranheza”
Orçada em R$ 18 milhões, a adutora que leva água do açude Gameleira para o município de Itapipoca, a 147,3 quilômetros de Fortaleza, apresentou diversos vazamentos ao longo de seus 30 km de extensão ao ser acionada, em 23 de dezembro, poucos dias antes da inauguração. Como mostrou ontem O POVO, o governo do Estado contratou uma empresa portuguesa, por R$ 899,9 mil, para supervisionar a construção em sua fase inicial, o que não evitou os problemas. Gleydson disse estranhar a contratação da empresa. “Pode ser que o empréstimo tenha colocado essa obrigatoriedade, mas causa uma certa estranheza o Estado não ter um quadro de engenheiros para fazer essa fiscalização”.

Como exemplo do que considera ser o controle deficiente pelo governo estadual, o procurador cita o chamado escândalo dos banheiros, em que foram desviados R$ 17 milhões que seriam investidos na construção de banheiros em municípios do interior por associações locais. “Naquele caso, a análise de prestação de contas das entidades estava sendo feita por terceirizados. O Estado faz convênios sem ter pessoal para analisar prestação de contas”.

SERVIÇO

Ministério Público de Contas

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Escola dos Annales

Por

A Escola dos Annales foi um movimento historiográfico surgido na França, durante a primeira metade do século XX.

Desde o século XVIII, quando a História passou a ser notada como ciência, os métodos de se escrever e pensar sobre História conquistaram grande evolução. A historiografia passou por grandes modificações metodológicas que permitiram maior conhecimento do cotidiano do passado, através da incorporação de novos tipos de fontes de pesquisa. Ainda assim, no início do século XX, questionava-se muito sobre uma historiografia baseada em instituições e nas elites, a qual dava muita relevância a fatos e datas, de uma forma positivista, sem aprofundar grandes análises de estrutura e conjuntura.
Em 1929, surgiu na França uma revista intitulada Annales d’Histoire Économique et Sociale, fundada por Lucien Febvre Marc Bloch. Ao longo da década de 1930, a revista se tornaria símbolo de uma nova corrente historiográfica identificada como Escola dos Annales. A proposta inicial do periódico era se livrar de uma visão positivista da escrita da História que havia dominado o final do século XIX e início do XX. Sob esta visão, a História era relatada como uma crônica de acontecimentos, o novo modelo pretendia em substituir as visões breves anteriores por análises de processos de longa duração com a finalidade de permitir maior e melhor compreensão das civilizações das “mentalidades”.
O novo movimento historiográfico foi muito impactante e renovador, colocando em questionamento a historiografia tradicional e apresentando novos e ricos elementos para o conhecimento das sociedades. Apresentava uma História bem mais vasta do que a que era praticada até então, apresentando todos os aspectos possíveis da vida humana ligada à análise das estruturas.
Entre as modificações apresentadas pela Escola dos Annales, estava  a argumentação de que o tempo histórico apresenta ritmos diferentes para os acontecimentos, os quais podem ser de simples acontecimento, conjuntural ou estrutural. A obra de Fernand Braudel, O Mediterrâneo, foi o grande símbolo da nova concepção apresentada. Ao considerar a História não mais apenas como uma seqüência de acontecimentos, outros tipos de fontes, como arqueológicas, foram adotadas para as pesquisas. Da mesma forma, foram incorporados os domínios dos fatores econômicos, da organização social e da psicologia das mentalidades. Com todo esse enriquecimento, a outra grande novidade da Escola dos Annales foi a promoção da interdisciplinaridade que aproximou a História das demais Ciências Sociais, sobretudo, da Sociologia.
Escola dos Annales deixou sua marca bem notável da historiografia desde então e continua existindo até hoje. Desde seu surgimento, passou por quatro fases e teve grandes nomes como representantes de cada uma. A primeira delas, a fase de fundação, é identificada por seus criadores Marc Bloch e Lucien Febvre. A segunda fase, já em torno de 1950, é caracterizada pela direção e marcante produção de Fernand Braudel. A partir da terceira geração a Escola dos Annales passou a receber uma identificação mais plural, na qual destacaram-se vários pesquisadores como Jacques Le Goff ePierre Nora. A quarta geração da Escola dos Annales é referente a um período que se inicia em 1989, neste momento há um desenvolvimento notório da História Cultural e os grandes nomes que a representam são, por exemplo, Georges Duby Jacques Revel.


Fontes:
BURKE, Peter. A Escola dos Annales: 1929-1989. São Paulo: Edit. Univ. Estadual Paulista, 1991.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Retrospectiva Café História 2013

Preparamos uma retrospectiva dos dez fatos que (na nossa opinião) foram mais relevantes para os historiadores e para a área de história no Brasil, em 2013. Acha que algum fato ficou de fora? Compartilhe conosco a sua própria retrospectiva deixando um comentário. Vamos juntos lembrar o que aconteceu de mais importante na área.
1. Comissão Nacional da Verdade: A Comissão Nacional da Verdade e as suas comissões regionais e locais atravessaram momentos de avanços e retrocessos em 2013. Historiadores e membros da própria comissão manifestaram em alguns momentos do ano seus receios sobre o relatório final da mesma, isto é, se este traria ao seu final avanços e novidades em grande escala. Por outro lado, 2013 registrou também registrou avanços neste cenário. A Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, por exemplo, tem demonstrado estar preocupada com a presença do debate na esfera pública. Embora tenha sido a última a ser criada no país, ela atua não apenas na pesquisa, mas também no ensino. Ao longo do ano, seus pesquisadores realizaram várias palestras dentro de escolas, procurando construir pontes com alunos e professores. Além disso, símbolo de 2013 no tocante a Comissão da Verdade foram as investigações a respeito da morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida dentro de uma sala do DOI-CODI de São Paulo. Em abril deste ano, a Comissão Nacional da Verdade esclareceu que o jornalista não cometeu suicídio, como diziam os militares, mas que ele fora morto em função do interrogatório. Tendo em vista o expediente da comissão, o Tribunal de Justiça de São Paulo emitiu uma nova certidão de óbito para Herzog, onde consta como causa da morte “lesões e maus-tratos sofridos durante o interrogatório nas dependências do segundo Exército DOI-Codi”. No atestado anterior, a versão para o óbito era “enforcamento por asfixia mecânica”. Veja foto ao lado.
2. Lançamento da Editora Autêntica: abril de 2013 marcou o ultimo lançamento de uma das mais importantes coleções de história dos últimos anos, no Brasil: a coleção “História e Historiografia”, da Editora Autêntica. O livro que encerrou a coleção, composta de um total de dez livros, foi o clássico do historiador francês François Hartog, “Regimes de Historicidade: Presentismo e experiências do tempo”. Coordenada por Eliane de Freitas Dutra, esta coleção objetiva disponibilizar aos professores e estudantes de História títulos ainda não traduzidos no Brasil, escritos por autores que têm se notabilizado pela contribuição para a renovação temática, as reflexões de método e os debates teóricos no interior da historiografia contemporânea. No momento em que as renovações da disciplina incitam as reflexões epistemológicas e a busca de novas hermenêuticas, demandando esforços redobrados e sistemáticos de reflexão sobre a prática e a escrita da História, a Coleção História e Historiografia oferece aos seus leitores instigantes abordagens da história, resultantes de ousadas perspectivas de análise e originais e criativas incursões de arquivo. Nesta trilha, é que integram a Coleção os livros Doze Lições sobre a história, de Antoine Prost; A Leitura e seu Público na Época Contemporânea, de Jean-Yves Mollier; História e Psicanálise- Entre ciência e ficção, de Michel de Certeau; e Lugares para a História de Arlette Farge; entre outros. Conheça todos os títulos clicando aqui.
3. Regulamentação da profissão de historiador: o projeto de lei 4699/2012 (denominação atual), do Senador Paulo Pai (PT), que propõe o exercício da profissão de historiador no Brasil, entrou em tramitação de urgência em junho e chegou próximo da aprovação. Na época, no entanto, a sua redação ainda gerava certo desconforto em algumas atividades e entre alguns pesquisadores. Neste mesmo mês de junho, houve, por exemplo, uma grande discordância entre a Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC), crítica do projeto de lei, e a Associação Nacional de História (ANPUH), a principal entidade de historiadores que apoiava e apoia o mesmo. A discordância, que teve episódios de tensão após a publicação de cartas abertas na web, acabou sendo contornada a partir de uma reelaboração do projeto de lei, o que acabou por retardar mais um pouco a votação do congresso. O Projeto de Lei 4699/12, do Senado, regulamenta a profissão de historiador, exigindo que ele tenha pelo menos o diploma de curso superior em História. Além do diploma de curso superior de universidade brasileira ou estrangeira revalidado no Brasil, poderá trabalhar na área quem tiver mestrado ou doutorado na área, sem ter concluído o terceiro grau especificamente em História. O profissional também terá que se registrar na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do local onde irá atuar. Veja nossa matéria sobre a polêmica surgida este ano clicando aqui

4. Morte de Ciro Flamarion Cardoso:
 o historiador brasileiro Ciro Flamarion Cardoso, 70 anos, faleceu em junho, no Rio de Janeiro. Um dos pesquisadores mais conhecidos e competentes de sua geração, Cardoso construiu uma carreira sólida na Universidade Federal Fluminense, na qual atuou desde 1979. Uma de suas maiores contribuições à historiografia diz respeito à interpretação das sociedades coloniais na Época Moderna. Marxista, nunca deixou de criticar o próprio marxismo. Abriu caminho no Brasil para os estudos sobre Egito Antigo e foi um professor incansável, orientando centenas de estudantes ao longo de sua carreira. Euller de França, ex-aluno de Ciro, lembrou no "Jornal Opção" do velho mestre: Ele nos ensinava a pensar a história, não apenas a fazer o registro mecânico dos fatos. Olhando do ponto de vista de hoje, pode-se perceber um didatismo excessivo em “Os Métodos da História”, mas o víamos, na época (e por certo ainda há o que aprender lendo-o), como um guia seguro. O livro, de capa marrom, salvo engano editado pela Graal, não saía de nossas mãos e, claro, dos nossos cérebros. Outro detalhe que nos chamava a atenção era o rigor do historiador Ciro Cardoso. Seus livros eram muito bem escritos – talvez porque tivesse alma de artista (era um artista, músico, e escritor, contista, informa o crítico literário Carlos Augusto Silva) – e, sobretudo, muito bem pesquisados. Sua preocupação metodológica era crucial. Naquele período de distensão, com a abertura em marcha, dizia-se, às vezes, que havia um lado “bom” da história, o “nosso”, contra o lado “ruim”, o da ditadura. Assim, havia uma certa lassidão intelectual. Quem estivesse do “nosso lado”, mesmo se não estudasse e não fosse rigoroso, era “bom”. A leitura das obras de Ciro Flamarion Cardoso nos ensinava que era preciso ir além da questão do lado “bom” e do lado “mau”. Era preciso estudar e interpretar os documentos e os fatos rigorosamente. É o dever do historiador e de qualquer pesquisador. Veja uma palestra de Cardoso, aqui.
5. ANPUH 2013: em julho, aconteceu o XXVII Simpósio Nacional de História Nacional, promovido pela ANPUH. O evento, que acontece de dois em dois anos, foi realizado este ano na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, Rio Grande do Norte, reunindo milhares de pessoas. A temática do simpósio foi “Conhecimento histórico e diálogo social”, escolhida em função da necessidade, cada dia mais evidente, de a academia estabelecer formas de diálogo com a sociedade. Sobre este mote se organizaram 08 conferências, 09 diálogos contemporâneos (mesas-redondas sobre temas candentes e atuais para a categoria), 141 simpósios temáticos e 70 minicursos. Esta programação teve o objetivo de apresentar para a comunidade científica as últimas pesquisas sobre a história e a historiografia, resultados das investigações desenvolvidas no Brasil e no exterior. Todas as propostas de atividades foram analisadas e selecionadas pela Comissão Científica, formada pela Diretoria e Diretorias dos Núcleos regionais. No caso dos simpósios temáticos, os coordenadores, professores doutores, muitos deles pesquisadores bolsistas de produtividade CNPq e professores orientadores dos Programas de Pós-Graduação em História nacionais, discutiram temáticas diversas previamente selecionadas.  Os anais do simpósio deste ano já estão online. Para conferir, aqui. E anote aí: o próximo Simpósio Nacional de História da ANPUH ocorre em 2015 na linda cidade de Florianópolis, Santa Catarina.

6. Digitalização do acervo histórico do jornal OGLOBO:
 depois de “Folha de S.Paulo” e o “Estado de S.Paulo” fazerem, agosto marcou a digitalização de outro acervo histórico de um grande jornal brasileiro: o acervo do jornal OGLOBO. Inicialmente pago, mas atualmente (infelizmente) disponível apenas para assinantes, o jornal carioca disponibilizou todos os seus 88 anos de história na internet. Baseado em sistema próprio, o sistema de indexação é um dos mais precisos já vistos no Brasil. Estão lá as guerras, as grandes conquistas tecnológicas, os artistas, filmes, livros e músicas que fizeram sucesso em quase um século de História. Os eventos esportivos e as grandes transformações da economia também aparecem no acervo. Tudo isso fez inclusive com que antigas memórias viessem à tona. Por exemplo, levou a direção de OGLOBO a admitir que errou ao ter apoiado o golpe militar de 1964. Tal fato gerou uma enorme discussão entre historiadores na esfera pública. Indispensável para a promoção da pesquisa histórica, a digitalização de acervos históricos como a empreendida pelo jornal OGLOBO materializam ainda mais uma verdadeira tendência institucional. Ponto positivo para nós historiadores.  Acesse o acervo aqui
7. Polêmica das Biografias: nos meses de outubro e novembro, os meios de comunicação deram grande espaço para um debate que já era mais ou menos conhecido: as restrições existentes no Brasil para a publicação de biografias não-autorizadas. O tema já tinha sido muito discutido em 2007 quando o historiador Paulo César Araújo quase foi parar na cadeira após o lançamento de sua biografia sobre Roberto Carlos. Em 2013, porém, o tema voltou à tona quando uma associação chamada “Procure Saber”, formada por vários notáveis da cultura brasileiro, entre os quais Chico Buarque e Caetano Veloso, fez ampla campanha, inclusive junto ao legislativo, para estabelecer que biografias no país só pudessem ser publicadas uma vez autorizadas pelos biografados. Na opinião do grupo, o direito à privacidade deveria prevalecer em detrimento do direito a liberdade de expressão intelectual. Diversos juristas, artistas, historiadores e escritores vieram à público colocar suas opiniões. O ápice do debate aconteceu quando Chico Buarque desmentiu o historiador Paulo César Araújo, dizendo que este nunca o tinha entrevistado para o seu livro. No mesmo dia, Araújo tornou pública a famigerada entrevista com chico. Em foto e vídeo. Relembre a polêmica aqui.
8. Reportagens da RHBN sobre as demissões da Fundação Getúlio Vargas: em novembro, a Revista de História da Biblioteca Nacional publicou uma série de reportagens sobre demissões de pesquisadores do CPDOC, prestigioso centro de pesquisas da FGV-RJ, que estavam para atingir a idade de 65 anos. De acordo com a instituição de ensino, as demissões levaram em conta critérios a avaliação de professores. A Revista de História, no entanto, depois de escutar vários funcionários, inclusive os desligados, sublinhou, no entanto, que o critério por idade é uma regra não escrita, mas muito conhecida no CPDOC. Em uma das reportagens, lê o seguinte: Ângela de Castro Gomes, por outro lado, diz temer a saúde do CPDOC, já que o clima que se instaurou com a crise não é positivo. “Há 30 anos o CPDOC foi sinônimo de inovação, rotatividade de poder, debate e construção de pensamento crítico. Foi o que fez com que ele crescesse. A mudança desses preceitos nos preocupa”. Para a historiadora, que trabalhou na casa durante 37 anos, é fundamental renovar, mas o ponto é apenas como isto é feito. “Nas Ciências Humanas, há a acumulação do saber, do conhecimento. E isso é chamado de experiência”. A troca de experiência entre gerações é o que garante a excelência deste tipo de instituição.  Para conhecer mais esse caso, clique aqui
9. Avaliação da Capes: em dezembro, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a CAPES, publicou a avaliação dos Programas de Pós-Graduação referente ao triênio 2010-2012. O Sistema de Avaliação da Pós-graduação foi implantado pela CAPES em 1976 e desde então vem cumprindo papel de fundamental importância para o desenvolvimento da pós-graduação e da pesquisa científica e tecnológica no Brasil. Avaliação dos Programas de Pós-graduação compreende a realização do acompanhamento anual e da avaliação trienal do desempenho de todos os programas e cursos que integram o Sistema Nacional de Pós-graduação, SNPG. Os resultados desse processo, expressos pela atribuição de uma nota na escala de "1" a "7" fundamentam a deliberação CNE/MEC sobre quais cursos obterão a renovação de "reconhecimento", a vigorar no triênio subseqüente. A área de história conta com 63 programas. Destes, dez subiram de nota 3 para 4; seis subiram de nota 4 para 5; e um subiu de nota 5 para 6. Por outro lado, cinco programas tiveram o conceito rebaixado de 5 para 4; um de 7 para 5; e um de 7 para 6. Houve um programa de mestrado descredenciado. Apenas quatro programas de história no país possuem as notas máximas, 6 e7: UNICAMP, UFRJ, USP e UFRGS. Confira a tabela com as notas de todos os cursos aqui.
10. Café História TV: tudo bem...não foi assim um acontecimento de grandes proporções para a história. Mas para nós do Café História trata-se sim de uma grande realização: a criação do Café História TV, um projeto feito com muito carinho. Em dezembro, lançamos o nosso canal de vídeos. E para começar, um debate sobre o tema da História Digital. O papo, que durou pouco mais de uma hora, contou com as participações de Bruno Leal, criador do Café, Lise Sedrez (UFRJ), Keila Grinberg (UNIRIO) e Flavio Edler (FIOCRUZ). Toda semana, o Café História TV publica um vídeo. Não deixe de conferir e se e inscrever no canal. É bem fácil: basta apenas um clique não custa absolutamente nada. Cadastrando-se no canal, você fica sabendo de nossos últimos lançamentos. Em breve, por exemplo, vamos lançar uma seção do canal destinada a livros de história. Para conhecer o canal, clique aqui

FONTE: http://cafehistoria.ning.com/retrospectiva2013?xg_source=msg_mes_network

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