Israel lançou ofensiva após ataques de foguete do grupo palestino Hamas.
Violência começou após sequestro e morte de jovens de ambos os lados.
A escalada de violência que começou em junho deste ano entre Israel e palestinos é o terceiro conflito do tipo desde a tomada da Faixa
de Gaza [1]pelo
grupo islâmico Hamas[2],
em 2007.
As raízes do confronto são antigas e, ao longo dos anos, ambos os lados
foram ampliando as demandas para uma paz definitiva. Entenda as exigências
históricas e os argumentos de cada lado do confronto:
MOTIVOS DE ISRAEL
Ø O país afirma categoricamente
que o Hamas é o responsável pelo sequestro e assassinato dos três adolescentes
israelenses em 12 de junho.
Ø O Hamas não só atira foguetes
de Gaza para o lado israelense, como também aumentou seu arsenal, que agora
pode atingir o centro de Israel como nunca antes. Israel considera que não pode
ficar parado em relação à situação.
Ø Israel alega que o Hamas
esconde militantes e armas em locais residenciais em Gaza, por isso é
necessário atacá-los, mesmo que isso signifique que civis estejam entre as
vítimas.
Ø Para Israel, o Hamas é um
grupo terrorista que não reconhece a existência do Estado de Israel e não
aceita se desarmar.
MOTIVOS DOS PALESTINOS
Ø Um adolescente palestino foi
sequestrado e morto em Jerusalém. A autópsia indicou que ele foi queimado vivo.
Israel prendeu seis judeus extremistas pelo assassinato do garoto palestino, e
três dos detidos confessaram o crime.
Ø A maioria dos palestinos
considera o controle israelense sobre a Faixa de Gaza abusivo e a situação
humanitária insustentável. Os moradores dependem de Israel para ter
eletricidade, água, meios de comunicação e até moeda.
Ø Nos confrontos entre Israel e
o Hamas, a força de ação do exército israelense é desproporcionalmente maior.
Em todos os confrontos até agora, o número de mortes do lado palestino foi
muito maior.
Ø Israel deteve centenas de
militantes do Hamas em sua grande busca na Cisjordânia pelos três israelenses
sumidos no mês passado.
Veja abaixo perguntas e respostas sobre o conflito atual no Oriente
Médio:
Como começou o confronto?
A mais recente escalada de violência começou com o desaparecimento de
três adolescentes israelenses na Cisjordânia. Israel acusou o Hamas, que
controla a Faixa de Gaza, do sequestro. O grupo islamita não confirmou nem
negou envolvimento. Israel deslocou soldados para a área da Cisjordânia e
dezenas de membros do Hamas foram detidos. Foguetes foram disparados da Faixa
de Gaza contra Israel.
Os corpos dos três jovens foram encontrados em 30 de junho, com marcas
de tiros. A tensão aumentou, com Israel respondendo aos disparos feitos por
Gaza. No dia seguinte, um adolescente palestino foi sequestrado e morto em
Jerusalém Oriental. A autópsia indicou que ele foi queimado vivo.
Israel prendeu seis judeus extremistas pelo assassinato do garoto palestino,
e três dos detidos confessaram o crime. Isso reforçou as suspeitas de que a
morte teve motivação política e gerou uma onda de revolta e protestos em Gaza.
No dia 8 de julho, após um intenso bombardeio com foguetes contra o sul
de Israel por parte de ativistas palestinos, a aviação israelense iniciou
dezenas de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza. Os militantes de Gaza
responderam aos ataques, disparando foguetes contra Tel Aviv.
Por que Israel ataca a Faixa de Gaza com foguetes?
O ponto de vista israelense é de que o Hamas cresceu acostumado a lançar
foguetes e nenhum país pode tolerar isso. Não fazer nada não é uma opção e
atacar fortemente o grupo é a maneira que o governo enxerga de conseguir
garantir sua paz. O Estado justifica a morte de civis nos bombardeios como
fatalidades e culpa o Hamas por esconder militantes e armas em locais civis.
Como informa agência Associated Press[3],
Israel afirma se esforçar para minimizar os "efeitos colaterais" ao
emitir sinais de alerta para moradores e antecipar ataques grandes com bombas
pequenas. Além disso, os israelenses veem o Hamas como um inimigo mortal que
não pode ser tolerado e, devido a suas bases radicais islâmicas, há pouca
chance de diálogo.
Como o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza?
Como o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza?
A Faixa de Gaza foi tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967,
e entregue aos palestinos em 2005 - embora boa parte das fronteiras e
territórios aéreos e marítimos ainda sejam controlados pelos israelenses. Em
2007, o grupo Hamas - considerado terrorista por Israel - venceu as eleições
parlamentares palestinas, fato não reconhecido pelo opositor Fatah[4].
O racha na administração fez com que o Hamas controlasse a Faixa de Gaza e o
Fatah ficasse a cargo da Cisjordânia. Desde então, Israel e o Hamas não
dialogam.
Como convivem os habitantes da Faixa de Gaza com a situação?
Para os palestinos, a situação em Gaza é insustentável. Desde a tomada
do poder pelo Hamas, Israel impede a passagem por terra no norte e leste, e
pelo mar a oeste, bloqueando também as viagens aéreas. O Egito completa o cerco
com um controle pesado das fronteiras com a Faixa de Gaza no sul. A região de
1,7 milhões de pessoas está lotada de favelas em um território de menos de 35
km de extensão e com poucos quilômetros de largura.
Para muitos palestinos, até mesmo os que não apoiam o Hamas, os meios
não convencionais como foguetes contra os que eles enxergam como causadores de
seus tormentos é uma resposta considerada aceitável. Com o fracasso dos últimos
20 anos de negociações de paz para conseguir formar um Estado independente
palestino, alguns temem que a ocupação da Cisjordânia[5]
pode ser permanente e o que se tem é um cenário de desânimo e desespero.
Os israelenses apoiam os ataques a Gaza?
Há muita divisão em Israel e é difícil falar em um "ponto de vista
israelense" - mas isso não se aplica ao Hamas e seus foguetes. Essa é uma
oportunidade única para o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Muitos
israelenses se opõem às suas políticas em relação aos palestinos em geral, e
alguns realmente abominam seu apoio a novos assentamentos judaicos na
Cisjordânia. Mas a vasta maioria dos israelenses não confia e se opõe ao Hamas
- autores de vários ataques suicidas contra civis e detratores dos esforços de
paz feitos pelos palestinos moderados. Para Netanyahu, cada derrota do Hamas é
uma chance de popularidade.
O Mundo Árabe apoia o Hamas?
Políticos árabes condenam frequentemente Israel, mas poucos genuinamente
morrem de amores pelo Hamas. O grupo palestino é parte de uma vertente política
do Islã que, com as Revoltas Árabes, está sendo combatida em toda a região,
primeiro no Egito (com a saída da Irmandade Muçulmana), mas também em países do
Golfo. Até seu aliado Irã deixou de apoiá-lo e seus recursos estão se -
enquanto vários países do Ocidente os consideram um grupo terrorista.
A Autoridade Palestina recentemente propôs um governo conjunto com o
Hamas, mas a animosidade com o grupo secular Fatah, do presidente Mahmoud
Abbas, foi mais profunda. O Hamas não aceita as condições propostas pela
comunidade internacional para ser um ator global legítimo: reconhecer Israel,
aceitar os acordos anteriores e renunciar à violência.
Os ataques israelenses são desproporcionais?
Na batalha pela opinião pública, Israel pode ser uma vítima de seu
próprio sucesso na prevenção de fatalidades internas. Seu potente sistema de
defesa "Cúpula de Ferro" abateu inúmeros foguetes do Hamas, reduzindo
a pouquíssimas as vítimas israelenses durante os três últimos conflitos contra
o grupo islâmico. Já o ataque do Estado judeu é intenso e deixa centenas de
vítimas - muitas delas civis - do lado palestino, o que pesa negativamente na
opinião pública interna e internacional.
Muitos acreditam que o Hamas pouco se esforça em não provocar Israel. A
opinião pública importaria menos na Faixa - que não é verdadeiramente uma
democracia - do que em Israel e é pouco provável um cenário em que o Hamas seja
derrubado pela população no momento.
FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/07/entenda-razoes-de-palestinos-e-israelenses-no-conflito-do-oriente-medio.html
[1]
(em árabe: قطاع غزة Qiṭāʿ Ġazzah, IPA: [qɪˈtˤɑːʕ ˈɣazza]) é um território palestino1 2 3 4 composto por uma estreita
faixa de terra localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio, que faz fronteira com o Egito no sudoeste (11 km) e com Israel no leste e no norte (51 km). O território tem 41 quilômetros
de comprimento e apenas de 6 a 12 quilômetros de largura, com uma área total de
365 quilômetros quadrados
[2] (em árabe: حماس, transl. Ḥamās (lit. 'Zelo' ou
'Entusiasmo', acrónimo de حركة المقاومة الاسلامية, transl. Ḥarakat al-Muqāwamat al-Islāmiyyah, "Movimento de Resistência Islâmica") uma
organizaçãopalestina, de orientação sunita, que inclui uma entidade filantrópica, um partido político e um braço armado, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam. É o mais importante movimento fundamentalista islâmico daPalestina
[3] (muitas vezes abreviada
por AP) é uma agência de notícias americana que possivelmente é a mais antiga e a maior agência do mundo,
tendo sido fundada em Maio de 1846.
[4] Fatah ou Al-Fatah (em árabe: فتح; acrônimo reverso do nome حركة التحرير الوطني الفلسطيني, transl. Harakat al-Tahrir
al-Watani al-Filastini, literalmente: "Movimento de Libertação Nacional da Palestina"),
é uma organização política e militar, fundada em 1959 pelo engenheiro Yasser Arafat e Khalil al-Wazir (Abu Jihad), e outros membros da diáspora palestina, como Salah Khalaf e Khaled Yashruti. É a maior facção da Organização para a Libertação da
Palestina (OLP), uma
confederação multipartidária. Pode ser definido como um partido de centro-esquerda no contexto da política palestina. É essencialmente nacionalista e Laico. O partido é menos radical que o Hamas e atualmente prega a reconciliação entre palestinos e
israelenses. Esta é uma das principais razões de sua aceitação internacional.
[5] é
um território sob ocupação de Israel, reclamado pela Autoridade Palestiniana e pela Jordânia, situado na margem
ocidental do rio Jordão. É limitado a leste
pela Jordâniae a norte, sul e
oeste por Israel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário