sábado, 12 de setembro de 2015

2015 O ANO DO CENTENÁRIO DE ELEVAÇÃO DE ITAPIPOCA A CATEGORIA DE CIDADE

FATOS MARCANTES ACONTECIDOS DURANTE
O ANO DO CENTENÁRIO DE ELEVAÇÃO
DE ITAPIPOCA A CATEGORIA DE CIDADE

Antônio Sílvio Teixeira dos Santos
Coordenador do Núcleo de Patrimônio e Pesquisa
Museu da Pré-História de Itapipoca
antsiltei@hotmail.com

RESUMO
No dia 31 de agosto de 2015 a cidade de Itapipoca comemorou seu centenário de elevação à categoria de cidade, nessa data, há cem anos, todos os distrito sede de todos os municípios do estado do Ceará deixaram de ser chamados de “vila” e passaram a se chamar “cidade”. A população de Itapipoca, historicamente, vem confundindo a data oficial da emancipação política do município com a data de 31 de agosto. O presente artigo trata sobre o processo de tentativa de desmistificação e correção desse erro histórico, através da abordagem de fatos ligados ao movimento intelectual disperso, ocorrido durante a comemoração do Centenário, por meio de produções de iniciativas do poder público e de intelectuais liberais, que se utilizaram de diferentes maneiras para fazer com que a população do município de Itapipoca percebesse a confusão histórica entre as datas 17 de outubro de 1823, data oficial da emancipação política do município de Itapipoca, com nome original de Vila da Imperatriz, com a data de 31 de agosto de 1915 quando a Vila de Itapipoca passou a ser chamada Cidade de Itapipoca.

PALAVRAS CHAVE: Centenário, Itapipoca, Emancipação, Cultura, Pesquisa
INTRODUÇÃO
No ano de 2014 começou um intenso debate nas redes sociais, onde alguns historiadores e intelectuais começaram a questionar o já anunciado Centenário de “Emancipação” Política de Itapipoca. A intervenção surge a partir do erro histórico que há décadas vem se propagando no município de Itapipoca, onde o dia 31 de agosto de 1915 é tido como a data oficial de criação do município de Itapipoca, ou seja, um erro histórico de 92 anos, já que a data oficial de criação do município é 17 de outubro de 1823, criado o município com nome original de Vila da Imperatriz, através de um Decreto Imperial assinado por Dom Pedro I e desmembrando o município da Vila de Sobral.
Os principais interventores são: Paulo Maciel, ex-prefeito e historiador; Sílvio Teixeira, pesquisador do Museu da Pré-História de Itapipoca e Júlio César Magalhães, ex-secretário municipal de educação e historiador. Essas três pessoas começaram a questionar “O Centenário” interpretando que, historicamente, ele aconteceu no dia 17 de outubro do ano de 1923.
O movimento de restauração da data oficial de emancipação política do município de Itapipoca ganhou força através da adesão de professores da rede municipal de educação que, no início de 2015, começaram a questionar um livro didático que foi distribuído nas escolas do município, mas que trouxe em seu conteúdo algumas centenas de erros, dentre eles continuar afirmando que a data oficial da emancipação política do município de Itapipoca é o dia 31 de agosto do ano de 1915. No início de 2015, em uma tentativa de convencer o poder legislativo da importância de se corrigir esse erro histórico, Paulo Maciel e Sílvio Teixeira foram à Tribuna Livre da Câmara Municipal de Itapipoca, levando à sessão o primeiro Livros de Leis da Câmara da Vila da Imperatriz, que trás em seu conteúdo as decisões tomadas a partir de 17 de outubro de 1823 até o ano de 1852, ano em que o cartório da Vila da Imperatriz foi incendiado, tendo esse livro escapado daquele incêndio, e, uma década antes da sede da Vila da Imperatriz ser transferida do alto da serra para onde ela está hoje, correu o risco de se perder na mudança. A abordagem foi direta: enquanto o historiador Paulo Maciel narrava os fatos históricos que criaram o município, o pesquisador Sílvio Teixeira expunha o livro de atas aos vereadores, um a um. Alguns vereadores já concordavam com o erro histórico, outros passaram a entender, mas outros, disseram em seus pronunciamentos que iriam procurar os “historiadores” para confirmar se o livro e o tema abordado na Tribuna Livre eram reais, informações que fossem fidedignas, descartando por completo não apenas as provas materiais, mas também o empenho feito pelos estudiosos locais e o resgate material dos documentos oficiais.

CEM ANOS DE QUE?
Em uma reunião da coordenadoria de Cultura, no início do ano de 2015, foram tratados assuntos referentes às atividades do Centenário. Foi nesse momento que o pesquisador Sílvio Teixeira, frente ao corpo de funcionários da Coordenadoria de Cultura, levantou a seguinte pergunta: Itapipoca completará cem anos de que? Alguns personagens da reunião ficaram intrigados com a pergunta, já que tinham como certo os cem anos de emancipação política de Itapipoca, mas, a medida que o pesquisador argumentava e evidenciava os fatos históricos que desmentiam o centenário de emancipação política, foi que o Coordenador de Cultura Rinardo Mesquita considerou de extrema importância o resgate histórico e a correção desse erro, propondo como um compromisso da Coordenadoria de Cultura serem levadas às escolas públicas do município palestras interativas que esclarecessem definitivamente a estudantes e professores o real significado do Centenário.

ELABORAÇÃO DAS PALESTRAS
Durante os meses de março a junho de 2015 aconteceram as pesquisas para a montagem de slides que possibilitariam ministrar palestras interativas, de forma que o espectador pudesse acompanhar todo o desenrolar da história do município de Itapipoca sem se cansar do longo diálogo. Os principais documentos utilizados para a pesquisa foram o Livro de Leis da Vila da Imperatriz 1824 e o livro de Paulo Maciel Itapipoca, 314 anos de sua História. Os demais documentos como livros de autores locais foram de grande importância, principalmente para a composição da biografia de algumas personalidades históricas de grande significado para o imaginário popular, o escritor Antônio Barroso Pontes, por exemplo, possibilitou um resgate confiável do momento da trágica morte de Anastácio Braga em seu livro Mundo dos Coronéis. Não quisemos cometer o equívoco de distanciar a classe popular do contexto histórico da construção da história do lugar, assim, foram pesquisadas e desenvolvidas biografias de pessoas não muito conhecidas, mas que tiveram papel relevante dentro do processo histórico de construção da cultura através da arte, do esporte e da educação no município.
O pesquisador Marcos Braga, que é responsável pelo Museu Itinerante, com caráter histórico, desenvolveu uma palestra baseada em objetos que passam a contar a história das famílias de destaque que construíram o município ao longo de mais de três séculos. Junto aos objetos estavam cartas e fotografias que tornaram ainda mais ricos o acervo da exposição itinerante e a abordagem histórica, tendo como forma interpretativa a linguagem de época e características como vestimentas, relação ente o lugar e a época, características que poderiam ser observadas através das fotografias.

SURGE O JORNAL O CENTENÁRIO
Modernamente Itapipoca desenvolveu uma impressa branca, que não dá notícia, mas vende anuncio de propaganda e espaço pago para a publicação de informes.
A cidade estava passando por um período de depressão na imprensa escrita, sem que nenhum jornal ganhasse destaque, até que, no mês de maio de 2015 surge o primeiro número do jornal O Centenário, assinado pelo jornalista Natalício Barroso. O jornal se propõe a contar a história de Itapipoca, fazendo um resgate histórico dos fatos ocorridos, no entanto, é perceptível na primeira edição, que, mesmo se tratando de um jornal, o periódico se atém a passar ao leitor lendas e informações que não checam com a realidade dos fatos, o que não tira do jornal sua contribuição histórica como fonte documental. A capa da primeira edição traz como principal notícia uma chamada para a matéria que conta o momento da morte de Anastácio Braga.
A partir do número um, o jornal O Centenário caiu no gosto popular, principalmente por não trazer em suas páginas as costumeiras propagandas comerciais e matérias pagas.
No segundo número, a capa questiona a falta de políticas de preservação do patrimônio arquitetônico da cidade de Itapipoca, que vem sendo destruído ao longo de sua história, sendo que a matéria aborda sobre o tombamento e o “destombamento” da Casa Branca, residência do ex-deputado federal Perilo Teixeira, em pleno ano do Centenário. Neste mesmo ano, a fachada do escritório de Perilo Teixeira foi demolida, o prédio já estava totalmente destruído para dar lugar a uma construção que se fez na surdina, silenciosa, para não despertar a atenção da população, até que, em uma madrugada, como por encanto, no lugar da fachada do escritório de Perilo Teixeira, surge a fachada moderna de uma nova loja no Centro de Itapipoca.
A terceira edição de O Centenário trás na capa a figura de Perilo Teixeira, maior ícone da política das décadas de 1950 a 1970. A matéria conta sua biografia, seus feitos políticos e algumas de suas histórias divertidas e controversas que ainda hoje tomam conta do imaginário popular e faz de Perilo Teixeira um personagem histórico de muito destaque no município.
A quarta edição do periódico traz na capa a Pedra Ferrada, monólito de pedra que é associado ao nome do município, segundo as tradições orais, essa enorme pedra de granito servia de marco de terras, e por ter uma enorme lasca, foi denominada de “Itapipoca” que significa “pedra lascada”. A matéria faz uma abordagem sobre o significado histórico do nome Itapipoca e ainda questiona o porquê de o lugar tido como histórico não ser explorado turisticamente.
Em todas as edições há uma coluna de Ito Liberato que é baseada em lendas locais e estórias criadas pelo escritor para tornar o jornal mais leve. Porém, algumas dessas estórias acabaram por confundir as pessoas que já não compreendem a diferença entre fato histórico e crença popular. Em momento algum desmerecemos o trabalho realizado por Natalício Barroso, o jornal O Centenário foi uma contribuição de grande importância para o resgate histórico do município de Itapipoca.

SURGE O MUSEU VIRTUAL DE ITAPIPOCA
Espaços museológicos são difíceis de serem montados, dependendo do acervo, e tem um custo elevado, principalmente por causa da mão de obra especializada. Itapipoca teve como primeira experiência museológica bem sucedida o Museu da Pré-História de Itapipoca criado no ano de 2005, surgindo em seguida o Museu Itinerante (ainda com caráter particular) alguns anos depois e por fim, em 2015, através de uma iniciativa do professor de história Ednardo Bezerra Júnior, e com o apoio do Instituto Vale do Acarau, ligado a Universidade Vale do Acarau, foi possível desenvolver uma página na Internet com o título Museu Virtual de Itapipoca. O museu se propõe a fazer um resgate histórico de textos e imagens e conservar o acervo de forma digital para servir como fonte de pesquisa documental. A página também publica matérias e artigos de interesse histórico produzidas por estudantes do curso de História da UVA.

PALESTRAS DE SÍLVIO TEIXEIRA: CEM ANOS DE ELEVAÇÃO DE ITAPIPOCA A CATEGORIA DE CIDADE
A proposta inicial partiu da Coordenadoria Municipal de Cultura, tendo a frente o Coordenador de Cultura Rinardo Mesquita, para que fossem ministradas cinquenta palestras nas escolas públicas municipais. O principal objetivo das palestras do pesquisador Sílvio Teixeira seria fazer com que estudantes e professores tivessem acesso a cronologia dos fatos históricos que construíram o município de Itapipoca em 332 anos de história, desde a chegada dos colonizadores no ano de 1683, passando pela povoação da serra e criação do município de Vila da Imperatriz no ano de 1823, seguindo pela transferência da sede da Vila da Imperatriz do alto da serra para o sopé da serra no ano de 1862 seguindo o curso da história, até encerrando na Itapipoca moderna.
As palestras contaram com duas apresentações de slides, um curta metragem intitulado Perfil de Itapipoca e uma exposição itinerante intitulada Relíquias da Colonização com artefatos arqueológicos que remetem ao período da colonização de Itapipoca.

PALESTRAS DE MARCOS BRAGA: HISTÓRIA COM CAFÉ
O pesquisador Marcos Braga também recebeu a proposta de ministrar cinquenta palestras que contassem o desenrolar da história do município de Itapipoca, com argumentação focada na evolução das famílias e dos hábitos sociais vivenciados nos períodos Imperial e Republicano.
Estudantes e professores tiveram a oportunidade de entrar na intimidade das famílias que construíram o município de Itapipoca através de objetos, documentos, fotografias e histórias contadas de geração em geração.

O PODER EXECUTIVO RECONHECE O SIGNIFICADO DO CENTENÁRIO
O momento histórico do Centenário de Elevação de Itapipoca a Categoria de Cidade foi decisivo para que se tentasse corrigir o erro histórico que tira do período de nossa emancipação política noventa e dois anos, pois, no presente, a população de Itapipoca confunde a data da emancipação política do município com a data em que a cidade perdeu o termo vila e aprovou sua primeira Lei Orgânica. Por isso se comemoraria no ano de 2015, supostamente, no imaginário popular, o centenário da emancipação política, e não o centenário de elevação a categoria de cidade, como deveria ser.
Como a Secretaria Municipal de Educação se propôs a levar às escolas a cronologia histórica da evolução política do município, para que esse erro fosse corrigido, o poder executivo, a partir do prefeito e de seus assessores de imprensa, tiveram a sensatez de, ao menos, evitar que fosse anunciado nos eventos oficiais da Prefeitura, o ano de 2015 como o do “centenário de emancipação política”. Algumas autoridades, por vício cultural, inevitavelmente, continuaram a associar o dia 31 de agosto com a emancipação política, mas se tornou perceptível que a mudança veio, pois nos eventos oficiais da Prefeitura, os mestres de cerimônia passaram a se referir ao ano como o do “centenário da cidade de Itapipoca”, pressionados inclusive por professores.
O prefeito Dagmauro Moreira acompanhou a mudança e, em seus pronunciamentos, evitou se colocar como o prefeito do “centenário da emancipação política” e assumiu o momento histórico como o sendo ele o prefeito do “centenário da cidade de Itapipoca”.
Cabe aqui fazer uma ressalva para afirmar que na verdade o “centenário da cidade de Itapipoca”, ou seja, quando a cidade completou cem anos, foi no ano de 1962, pois se não houvesse ocorrido a transferência da sede da Vila da Imperatriz no ano de 1862 a cidade de Itapipoca não seria a sede do município e nem mesmo seria a cidade que é nos dias de hoje. Por isso o termo correto para a data é: centenário de elevação de Itapipoca a categoria de cidade.

ITAPIPOQUENSES PUBLICAM NO CONGRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA
No ano de 2015 o XXIV Congresso Brasileiro de Paleontologia aconteceu na cidade de Crato, entre os dias 02 a 06 de agosto. No dia 04 de agosto foi apresentado na modalidade cartaz, um artigo assinado por Sílvio Teixeira, Adson Benevides e Celso Ximenes, pesquisadores do Museu da Pré-História de Itapipoca. O artigo resumido levou o título: INSETOS NECRÓFAGOS: SUAS MARCAS E RELAÇÕES PALEOAMBIENTAIS PROPOSTAS A PARTIR DO ESTUDO DE CÂMARAS PUPARES EM FÓSSEIS DE MEGAFAUNA PLEISTOCÊNICA RESGATADOS DO TANQUE JIRAU 01 NO MUNICÍPIO DE ITAPIPOCA, CE.
Exatamente dez anos após a criação do MUPHI cidadãos itapipoquenses, com material coletado e pesquisado em Itapipoca, conseguem representar a nível nacional o museu criado em Itapipoca, ficando assim firmado um divisor de águas, fato histórico que evidencia o desenvolvimento científico no município e a representatividade do acervo do museu frente a comunidade paleontológica brasileira.
Na ocasião foi doada ao MUPHI pelo DNPM Crato uma coleção de 34 peças fósseis, contando com peixes, insetos e plantas. A doação recebeu o nome de Coleção Artur Andrade: Uma Lembrança do XXIV Congresso Brasileiro de Paleontologia. De imediato a coleção gerou uma exposição temporária e em seguida uma exposição itinerante, algumas peças foram incorporadas à exposição permanente.
No início do mês de setembro a revista digital Tarairiu nº 10 públicou o artigo completo com fotos e desenhos.

I FEIRA LITERÁRIA
Aconteceu na praça Perilo Teixeira entre os dias 10 a 14 de agosto. A Feira Literária foi uma iniciativa da Secretaria Municipal de Educação e Cultura e teve como objetivo aproximar a população da literatura. Durante uma semana de intensas atividades como apresentações teatrais, musicais e shows infantis, a literatura tomou conta do Centro da cidade de forma a expressar fisicamente aquilo que normalmente está impresso no papel. Estandes foram preparados para apresentar ao público centenas de títulos para os mais variados públicos, uma forma de gerar uma atividade comercial onde os preços populares atraíram compradores, fazendo com que a proposta da Feira Literária se efetivasse. No dia 12 os escritores locais foram reunidos em uma solenidade para a apresentação de obras literárias e a entrega de certificados de participação na Feira Literária. Vários escritores que já haviam feito publicações tiveram a oportunidade de trazer à tona suas obras novamente, e escritores que ainda estavam com suas obras por apresentar ao público, aproveitaram a oportunidade para divulgar seus trabalhos, todos os escritores também negociaram suas obras a preços populares, aproximando mais os escritores locais do público local.

PAINEL DE LUCIANO CACAU
O artista plástico Luciano Cacau se tornou conhecido em Itapipoca por realizar trabalhos de reprodução de imagens com aerógrafo. Suas obras impressionam pela perfeição de detalhes e pela grandeza dos painéis. Vários estabelecimentos públicos e privados contrataram os serviços de Luciano Cacau, que prima por deixar em seus trabalhos uma qualidade artística e um acabamento de qualidade.
Durante o mês de agosto o artista plástico, por iniciativa própria e com a autorização da direção da escola Anastácio Braga, no fundo da escola, na Av. Anastácio Braga, realizou a pintura em aerógrafo de sete personagens históricos de Itapipoca, criando assim um gigantesco painel com: Anastácio Braga, Perilo Teixeira, José Montenegro de Lima, Geraldo Azevedo, Maestro Frota Neto, João Pretinho e Cafita. Todos figuras muito populares no imaginário local. O painel de vinte metros de comprimento por três metros de altura foi feito com tinta automotiva. Todo a pesquisa, o material e a mão de obra ficaram por conta do artista, um presente histórico em forma de obra de arte.

RESGATE DE DOCUMENTOS HISTÓRICOS
A passagem do Centenário trouxe muitos questionamentos, a partir desses questionamentos novos documentos foram garimpados e encontrados. Durante os primeiros meses de 2015 também foi feito um resgate de imagens, com a reaparição pública de fotografias que há muito estavam esquecidas em arquivos públicos ou nas gavetas dos armários das famílias tradicionais de Itapipoca, mantidas como relíquias preciosas, escondidas do tempo e dos apreciadores. Uma dessas imagens que foi resgatada pelo jornal O Centenário, merece destaque: é uma fotografia do prédio dos cartórios quando ele ainda tinha o muro completo, quando o prédio ainda tinha a função de cadeia pública. É uma foto intrigante que prova a constante destruição do patrimônio arquitetônico do município ao longo de sua história.
Cartas e bilhetes também foram resgatados, principalmente pelo pesquisador Marcos Braga que não mediu esforços no assédio às famílias mais tradicionais para que abrissem seus “baús” e permitissem não só a cópia dos documentos, mas também que pudessem ser levados temporariamente para exposições itinerantes.
Outros documentos de relevância que vieram à público foram: o Livro de Leis da Vila da Imperatriz, datado de 1824 e atualmente depositado no MUPHI. O livro de Sares Bulcão Vila da Imperatriz, escrito no ano de 1939, teve uma cópia generosamente doada ao MUPHI pelo Professor Wagner Braga (o livro original encontra-se em poder de sua tia Vera Braga que, com muita relutância, permitiu que o original fosse copiado). Outro achado de livro importante no momento do Centenário foi: A História do Círculo Operário, descrevendo a instituição e suas ações entre os anos de 1940 a 1960, e que conta uma história belíssima sobre uma instituição de cunho social, religioso e político que foi tida como a joia dos círculos operários do estado do Ceará. Este documento está incompleto, mas conserva mais de 40 páginas, foi encontrado por Sílvio Teixeira durante um resgate arqueológico na comunidade de Olho D’água, distrito de Assunção, o livro estava em poder do Sr. Raimundo Firmino e foi doado para o acervo do MUPHI juntamente com algumas dezenas de artefatos arqueológicos pré-históricos.
Outros livros foram apresentados ao público, mas de qualquer forma se mantiveram pouco divulgados durante o processo do Centenário.

RÉPLICAS DE PREGUIÇA GIGANE E DINOSSAURO SÃO EXPOSTAS NO PARQUE DE EXPOSIÇÕES AGROPECUÁRIA
Pela primeira vez as réplicas pertencentes ao acervo do MUPHI foram utilizadas em uma exposição itinerante. A oportunidade foi gerada pela realização da XXI Exposição Agropecuária de Itapipoca.
Inicialmente, apenas a réplica do crânio da preguiça gigante foi exposto, no segundo dia a réplica do dinossauro Angaturama Limai foi levada para o parque e, no terceiro dia, foi articulada a réplica do esqueleto completo da preguiça Eremotherium laurillardi.
As réplicas chamaram a atenção de pessoas de todas as idades, pela grandiosidade dos esqueletos, ambos chegam a seis metros de comprimento e também pela inovação da exposição desse tipo de material dentro das atividades da feira.
Pela primeira vez peças da coleção do MUPHI repercutiram nas redes sociais através de milhares de fotos e comentários no final do mês de agosto durante as festividades do Centenário.

A MISSA DO HORTO DO CRUZEIRO
A tradicional missa do Horto do Cruzeiro, realizada sempre na manhã do dia 31 de agosto, é uma demonstração da tradição católica na cidade de Itapipoca. No ano de 2015 a missa contou com a participação de personalidades políticas local, deputados estaduais, deputados federais, autoridades religiosas, artistas e uma multidão que veio prestigiar a missa do centenário.
Foi um ato ecumênico muito bonito, bem organizado, com abertura feita pela Banda Municipal de Música, queima de fogos e ao final, um café da manhã comunitário com um grande bolo em comemoração ao Centenário.

O PREFEITO DO CENTENÁRIO
Dagmauro de Sousa Moreira venceu a eleição municipal no ano de 2012 com uma votação acima de quarenta e um mil votos e se tornou o primeiro prefeito eleito em Itapipoca por um partido de esquerda.
Até o ano de 2015 o Prefeito de Itapipoca procurou desenvolver ações de caráter popular, mas também encampou ações antipopulares como foi a retirada dos caminhões paus de arara que ficavam estacionados o dia todo nas principais ruas e avenidas do Centro da cidade. Agora está construindo uma nova praça Getúlio Vargas (praça do Cafita) bem no coração da cidade, e ele promete, em seguida, iniciar a reforma do mercado de cereais, onde funcionou a Agência O Cafita. Ainda na sede, o prefeito Dagmauro Moreira fez a reforma e ampliação de várias ruas, com pavimentação em pedra tosca e prima por limpeza pública, dando constante manutenção nas ruas de todos os bairros. O governo de Dagmauro Moreira também está sendo marcado por proporcionar melhorias nas estradas vicinais que cortam o município, garantindo comodidade no transporte escolar, no transporte coletivo, no escoamento da produção, na circulação turística e no dia a dia das comunidades interioranas.
Na área da saúde o Prefeito Dagmauro Moreira tem como principal bandeira a construção e instalação de PSF’s por todo o município, deixando em ativa uma equipe médica de assistência básica a cada novo PSF inaugurado.

RESULTADOS
Ainda é cedo para avaliar com clareza os benefícios gerados na cultura do município de Itapipoca a partir dos eventos ocorridos durante a preparação para a comemoração do centenário de elevação de Itapipoca à categoria de cidade, mesmo assim, é possível perceber que nasce uma possibilidade de se quebrar tradições e de se corrigir a comemoração do centenário como sendo o de emancipação política. Também foi perceptível o envolvimento de intelectuais e artista no sentido de recontar a história do município de forma clara e agradável.
Muitos documentos escritos e imagens foram resgatados e construídos em função do Centenário, o que é um ganho no patrimônio imaterial, e o que pode gerar um renascimento na cultura e na forma de fazer cultura dentro do município e principalmente na cidade de Itapipoca.
Estruturalmente muitas obras e benfeitorias foram implantadas para dar mais qualidade de vida ao itapipoquense do século XXI.

Um comentário:

  1. Caros professores, não sou itapipoquense, mas conheço Itapipoca há cerca de 12 anos e residi na cidade durante seis anos. Acompanhei parte das administrações do Dr. Vicente e João Barroso e, agora, do Dr. Dagmauro. Não me interesso por partidos de direita ou de esquerda, mas por pessoas. Infelizmente, nossa tão querida cidade sofre do mal de muitos outros municípios brasileiros, a rapinagem. Não que os outros administradores tenham sido maravilhosos, mas o Dagmauro, pelo apelo popular trazido em si, representava uma luz de esperança que se extinguiu. Em minha última visita à cidade deu-me uma tristeza danada. A cidade estava abandonada. Agora, próximo às eleições, iniciou-se uma reforma no centro, esdrúxula para mim. Árvores antiquíssimas foram cortadas, o canteiro central da avenida principal foi retirado, desfigurou-se a principal via do centro. Enfim, além de nada fazer para o bem do município, à exceção da praça do hotel municipal, Dagmauro, no apagar das luzes, comandou um processo de urbanização, no mínimo, questionável. Triste... Minha esperança é que o próximo gestor desfaça tudo que esse prefeito fez. Afinal, vivemos de esperança.

    ResponderExcluir

SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA

  SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA Ednardo Sousa Bezerra Júnior.´. “É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao n...