terça-feira, 6 de setembro de 2016

SER BRASILEIRO


Apesar das definições mais requintadas, de forma bem popular, poderíamos dizer que ser brasileiro é estar junto e misturado desde sempre
Formalmente, ser brasileiro é estar ligado de forma indissociável à República Federativa do Brasil. No entanto, como o nosso povo não forma um grupo étnico homogêneo, também não há uma etnia brasileira. Logo, não deveríamos ter preconceito racial. Contudo, não é o que acontece, porque alguns ainda se sentem melhores que outros, por causa da cor da pele ou da suposta origem que acreditam ter. Entre eles, a maioria se esquece que os portugueses ou outros europeus que decidiram vir para cá também já tinham sofrido miscigenação. Portanto, independente das regiões que ocupamos ou das características físicas que possuímos, somos racialmente mistos, apesar da alegada predominância da origem europeia, na qual estão inclusos até pessoas que se autodefinem como pardas e negras.
O tema pode ser complexo, mas é essencial para a criançada se posicionar em relação a sua própria origem. Porém, dá para amenizá-lo com um toque musical. Para tanto, após a audição de Lourinha Bombril, sucesso da banda Paralamas do Sucesso, composta por Los Pericos (banda argentina) e Hebert Vianna. Faremos uma breve discussão sobre a letra desta musica.
O começo de tudo Até o Brasil ser “descoberto” oficialmente, aqui só existia várias tribos indígenas, cada qual com suas características, língua e costumes próprios. Com a chegada dos portugueses e também dos holandeses, a miscigenação entre brancos e índios foi inevitável. Surgiram, então, os primeiros mestiços, que passaram a ser chamados de caboclos.
Logo depois, com a introdução dos escravos, a miscigenação entre negros e índios deu origem aos cafuzos. Mas os negros também se uniram aos europeus e, então, nasceram os mulatos. Depois, caboclos, cafuzos e mulatos também se miscigenaram com os demais, propiciando o aparecimento do mameluco. Se, até então, já havia características físicas distintas entre índios, europeus, negros e os filhos que eles geraram, o espectro se ampliou muito mais em decorrência das demais uniões inter-raciais.


Desde os primórdios, a beleza brasileira é resultante da miscigenação de vários grupos étnicos, entre os quais o branco (português, alemão, italiano, judeu etc.), o indígena, o africano e o pardo (composto por cafuzos, mamelucos e mulatos)

Até a arte já retratou essa miscigenação. O quadro Redenção do Can, pintura a óleo do espanhol Modesto Brocos, executada em 1895, por exemplo, mostra uma avó negra, uma mãe mulata, marido e filho brancos. Embora o quadro trate do fenômeno do embranquecimento gradual das gerações de uma mesma família por meio da miscigenação, ao mesmo tempo, ele também representa a realidade de muitas famílias brasileiras – que não embranqueceram, mas produziram tipos diferenciados.



Bem depois, já nas primeiras décadas do século 19, imigrantes de outros países, principalmente da Itália e da Espanha, vieram para o Brasil em busca de melhores oportunidades de trabalho. Já no fim do mesmo século, começou o movimento imigratório alemão, que se concentrou no Sul do nosso país. Também vieram os primeiros judeus. Em seguida, bem no início do século 20, chegaram os japoneses, entre outras levas de imigrantes.
Com o desenvolvimento dos centros urbanos, um número maior de árabes, sírio-libaneses, poloneses e ucranianos foi atraído para cá. Na sequência, vieram os coreanos e cada um desses grupos se reuniu em regiões específicas. Ultimamente, apesar do percentual baixo, ainda vemos bolivianos, haitianos, africanos de várias nações do continente negro, além daqueles que se deslocam de Bangladesh e da República Dominicana para o nosso território nacional.
Como todos sempre buscaram e ainda buscam melhores condições de vida, eles também acabam tendo contato com os brasileiros e, tal como no passado, também estabelecem uniões inter-raciais, momento em que geram filhos com novas características, que conferem uma maior multiplicidade de tipos, além de belezas peculiares ao Brasil.
Percepção racial dos brasileiros. Apesar de o Brasil ser um dos poucos países do planeta no qual a interação de diferentes etnias é perceptível no dia a dia, no século 19, o governo tentou branquear a população. Para tanto, ele promoveu o casamento de imigrantes europeus com mestiços e negros, na intenção de ter gerações cada vez mais brancas (a pintura Redenção de Can, citada anteriormente, sintetiza essa ideia). De certa forma, em poucas décadas, a população de origem “negra e mestiça” foi superada pela população “branca”.
Mas a união de imigrantes europeus com brasileiros apenas alterou o fenótipo (que são as características observáveis nos seres) do nosso povo que, geneticamente, mantém uma população mestiça.
Por isso, o preconceito racial no Brasil é ilógico. Quase todos nós já tivemos antepassados que se miscigenaram. Portanto, podemos ser tataranetos, trinetos, bisnetos ou netos de europeus, mas também de negros, indígenas e mestiços, além de outras etnias. Mas, como ainda falta essa consciência para o povo brasileiro, nos censos oficiais, a maioria da população se diz branca, uma parcela menor se considera parda e um número mínimo se assume como preta (designação não pejorativa adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). Porém, se nossas origens são oriundas da África, da Europa e dos povos indígenas, devido à miscigenação, não podemos ser brancos nem negros, muito menos pardos, pois somos multirraciais!
Preconceito velado. O fato de não nos assumirmos como um povo multirracial aponta para o racismo velado, que faz parte da cultura do nosso país, em que a mídia impõe supostos padrões de beleza, que não condizem com a realidade da população que, em sua essência, apresenta uma grande heterogeneidade, inclusive cultural.
Embora a condição multirracial pareça intrínseca a países em fase de pré-desenvolvimento ou em desenvolvimento, nos Estados Unidos, nação que ainda é considerada uma potência mundial, as pessoas já não têm mais medo de se declararem como tal. Logo, esse ponto deve ser reforçado para a criançada refletir sobre suas origens e assumir-se corretamente sem rótulos pré-fixados por uma minoria social, que detém certos privilégios só para excluir a maioria.









Loirinha Bombril (Los Pericos e Hebert Vianna)

Para e repara
Olha como ela samba
Olha como ela brilha
Olha que maravilha
Essa crioula tem o olho azul
Essa lourinha tem cabelo bombril
Aquela índia tem sotaque do Sul
Essa mulata é da cor do Brasil
A cozinheira tá falando alemão
A princesinha tá falando no pé
A italiana cozinhando o feijão
A americana se encantou com Pelé
Häagen-dazs de mangaba
Chateau canela-preta
Cachaça made in Carmo dando a volta no planeta
Caboclo presidente
Trazendo a solução
Livro pra comida, prato pra Educação
Bis

Para e repara
Olha como ela samba
Olha como ela brilha
Olha que maravilha



FONTE:http://revistaguiafundamental.uol.com.br/professores-atividades/112/imprime300411.asp

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