quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A onipresença da internet

Relação entre professor e aluno nas redes sociais: é melhor se aproximar ou se preservar?

 

  A onipresença da internet impõe aos educadores a escolha de abrir ou não sua vida pessoal na rede, além de trazer à tona questões como o cyberbullying

 

O Brasil tem hoje 107,7 milhões de pessoas conectadas à internet, quase 90 milhões delas com uma conta no Facebook. Em um país tão conectado, um dilema se impõe: os professores devem manter distância dos estudantes quando estão longe da sala de aula? Enquanto alguns preferem nem entrar nas redes sociais por medo de exposição e outros defendem que exista um perfil profissional separado do pessoal, há alguns professores, ainda, que adicionam e seguem seus alunos e têm relacionamentos que beiram a amizade.
Deparado com a mesma questão, o departamento de educação da prefeitura de Nova Iorque lançou em 2013 um guia para uso das redes sociais, recomendando uma interação estritamente profissional por parte dos educadores.
No Brasil ainda não existem diretrizes sobre o assunto, deixando livre para as escolas discutirem (ou não) com sua equipe de professores. José Carlos Antonio, professor de física de uma escola pública em Santa Bárbara D’Oeste (SP) e consultor em educação a distância, defende o mesmo que o guia americano. Ele recomenda que o professor cuide muito bem de sua imagem na rede ou que mantenha um perfil pessoal e outro profissional, separados. “O professor, embora não seja um artista famoso nem um político, é uma personalidade pública. Embora ele tenha uma vida pessoal, enquanto está exposto, é uma personalidade pública”, argumenta.
Tiago Germano, professor de ciências no ensino fundamental da rede pública de São Paulo (SP), é a antítese do que orienta José Carlos Antonio: tem seus alunos na lista de contatos do Facebook e discorda dessa separação entre vida pessoal e profissional. Para ele, “é absolutamente normal que as relações entre as pessoas se estendam às redes sociais, e essa escolha parte do aluno; eles é que tomam a iniciativa”. Ele acredita que ter contas separadas, além de não o representar de forma transparente, tomaria muito tempo no dia a dia. “Creio que seja uma nova tendência educacional levar as relações para fora da escola também”, opina.
Tendência ou não, o fato de que a maior parte dos estudantes e muitos professores estão nas redes sociais impõe que uma postura mais aberta ou mais rígida para essa relação virtual seja adotada. Para não correr riscos de que limites sejam ultrapassados e erros cometidos, algumas escolas começaram a orientar seus professores sobre o relacionamento online com os alunos. Exemplo disso é a Escola Villare, em São Caetano do Sul (SP). Para Ligia Berenguel, vice-diretora do fundamental I da instituição, a identidade do educador também se constrói no ambiente virtual. A instituição não proíbe esta relação entre professores, alunos e familiares, mas faz algumas recomendações a seus educadores. “Se você comentou uma postagem de uma mãe, tem que ter o cuidado de comentar das demais também, porque fica uma diferença de tratamento que não pode acontecer”, exemplifica ela. Outro cuidado pedido é com o uso correto da língua portuguesa nas postagens.
Segundo Lígia, é comum que a imagem de um professor seja confundida com a da própria instituição. Por isso, a escola pede que os educadores se refiram ao trabalho da escola sempre no coletivo, além de evitar explicitar nas redes sociais seu posicionamento ideológico.

Trabalho na rede
 
Ter contato com os alunos através das redes sociais não significa que o profissional estenderá seu horário de trabalho à internet, de acordo com José Antonio. Para ele, o professor em geral é pouco procurado pelos alunos para tratar de assuntos escolares, pois o interesse dos jovens na rede não é esse. “Ter um perfil dá uma exposição que ele não tem na escola e ele pode atingir alunos que ele nem sequer atinge na sala de aula”, comenta.
Tiago, por outro lado, já respondeu a dúvidas escolares de alunos pelo Facebook e não vê problema nisto. “Pelo contrário, sinto-me extremamente valorizado, pois isso dispersa o interesse sobre um determinado assunto para além dos muros da escola”, argumenta. Ele afirma que usa sua conta prioritariamente para relações sociais e de amizade e que, por isso, também já se deparou com estudantes que “desabafaram” sobre problemas por se sentirem mais seguros no ambiente virtual.

O bullying e a violência fora da escola
 
Quando um professor adiciona ou segue seu aluno, um novo vínculo entre eles é formado, mas a função de educador não é abandonada. E se um estudante for flagrado promovendo algum tipo de bullying, discurso de ódio ou violência? Na opinião de José Antonio, estas situações são uma chance de trazer os assuntos à tona na sala de aula e ensinar. “Se a escola não assumir esse papel de formadora e orientadora, para que serve ela, então?”, indaga o físico.
Tiago já passou por uma situação semelhante, alertou os envolvidos pessoalmente e ainda promoveu um debate sobre o tema com toda a turma na escola. Segundo ele, “os jovens não compreendem a complexidade e rapidez com que os dados são compartilhados na internet, por isso se expõem cada vez mais por diversos motivos e é na escola que essa reflexão deve ser feita”.
Como as empresas, as próprias instituições de ensino podem ter perfis nas redes sociais. “Deveria haver uma visão mais profissional do uso das redes como parte das estratégias de ensino”, afirma José Antonio. Para ele, embora não seja interessante misturar pessoal com profissional, a internet possibilita que a escola se aproxime da comunidade e, inclusive, dos seus alunos.

Qual é a sua experiência e opinião sobre esse tema? Nas redes sociais você é próximo dos seus alunos e não vê problema em usar seu perfil pessoal, ou prefere preservar sua vida privada?

Fonte: http://www.revistaeducacao.com.br/relacao-entre-professor-e-aluno-nas-redes-sociais-e-melhor-se-aproximar-ou-se-preservar/

 

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Fatos históricos do dia 27 de novembro



O cometa mais famoso

 Em 27 de novembro de 1985, cruzou pelo céu da Terra o cometa Halley. Ele passa em intervalos que variam entre 75 e 76 anos pela órbita terrestre. Esse espaço de tempo foi calculado pelo astrofísico Edmond Halley, que, em 1682, previu sua próxima passagem em 1758. A próxima será no ano de 2061.

 511 - Clóvis, rei dos Francos, morre aos 45 anos de idade, e seu reino é dividido entre seus 4 filhos.
1701 - Nasce Anders Celsius, astrônomo suíço.
1794 - Tropas francesas invadem a Holanda.
1838 - Uma esquadra francesa bombardeia o forte que defendia a cidade de Vera Cruz, no México, que acaba sendo destruída pouco depois.
1868 - O imperador do Japão muda sua residência de Kyoto para Yedo, que receberia o nome de Tokio.
1894 - O cientista milionário Alfredo Nobel institui em seu testamento a entrega de cinco prêmios que levam o seu nome.
1901 - Morre Clement Studebaker, empresário norte-americano.
1907 - O aviador Santos-Dumont estabelece o primeiro recorde de velocidade aérea, voando 220 metros em 21 segundos.
1907 - O major Cândido Rondon conclui a ligação telegráfica entre o Rio de Janeiro e a Amazônia, via Mato Grosso, penetrando 997 km pela selva.
1922 - O arqueólogo Howard Carter descobre a múmia do faraó Tutancâmon.
1927 - A facção de José Stalin vence no Congresso de Sindicatos da União Soviética. León Trotsky é expulso do Partido Comunista.
1934 - Na Romênia, o exército interdita todas as associações comunistas.
1935 - No Rio de Janeiro, tropas do governo dominam rapidamente a revolta militar que ficou conhecida como Intentona Comunista.
1940 - Nasce Bruce Lee, ator especialista em artes marciais.
1945 - Os chanceleres da Grã-Bretanha, Estados Unidos e da União Soviética, reunidos em Moscou, propõem um governo provisional na Coréia.
1949 - A Índia adota nova Constituição.
1949 - A rainha Juliana, da Holanda, assina um documento outorgando a Indonésia a soberania após três séculos de governo colonial holandês.
1952 - Em Praga, onze antigos líderes comunistas são condenados à morte.
1956 - Nos Jogos Olímpicos de Melbourne, na Austrália, o brasileiro Adhemar Ferreira da Silva se torna bicampeão olímpico no salto triplo.
1972 - A Austrália encerra sua ajuda militar ao Vietnã do Sul e põe fim à participação na guerra do Vietnã.
1983 - Acidente com um Boeing 747 no aeroporto de Madrid, deixa 183 mortos e apenas onze sobrevivem.
1984 - No acordo hispano-britânico sobre Gibraltar, a Grã-Bretanha aceita, pela primeira vez, discutir questões de soberania.
1985 - Terroristas disparam contra viajantes em ataques simultâneos na linha El Al e nos aeroportos de Roma e Viena, matando 16 pessoas e ferindo outras 110.
1985 - O cometa Halley cruza a Terra pela segunda vez no século XX.
1987 - Reúnem-se os presidentes de oito países iberoamericanos, o chamado "Grupo dos 8".
1987 - Fortes combates são realizados em um mercado em Batticaloa, no Sri Lanka. Vinte e cinco pessoas morrem nos enfrentamentos entre presos rebeldes e policiais.
1990 - O Partido Conservador Britânico escolhe John Major para suceder Margaret Thatcher como líder do partido e primeiro-ministro do país.
1990 - Congresso soviético aprova a designação de de Gennadi Yanayev como vice-presidente do país.
1990 - Reaparece Salman Rushdie, autor de Versos Satânicos, que vivia escondido desde a ameaça de morte feita pelo Aiatolá Khomeini.
1991 - A Comunidade dos Estados Independentes passa a contar com uma polícia militar comum. Muçulmanos fundamentalistas conseguem vitória nas eleições da Argélia.
1992 - A Alemanha proíbe atividades neonazistas no país.
1992 - Aviões norte-americanos derrubam um caça iraquiano na zona sul do Iraque, proibida para vôos.
1992 - O governo da Venezuela esmaga uma tentativa de golpe de estado por soldados rebeldes. Cinqüenta pessoas morrem e centenas ficam feridas.
1994 - Presos militares muçulmanos matam na Argélia quatro sacerdotes católicos.
1995 - A França detona um artefato nuclear no Pacífico Sul, na quinta de uma série de provas submarinas.
1997 - Billy Wright, um dos mais temidos líderes da guerrilha protestante da Irlanda do Norte, é morto em uma penitenciária.
1999 - O presidente peruano Alberto Fujimori anuncia sua candidatura presidencial às eleições do ano 2000.


segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Fatos históricos do dia 26 de novembro



Uma viagem Real
Em 26 de novembro de 1807 iniciou-se a viagem do príncipe regente Dom João e sua corte em direção ao Brasil. Outros 12 mil portugueses abandonaram seu país em direção ao solo brasileiro. É criado o Reino Unido de Portugal, Algarves e Brasil, que culminaria anos mais tarde na independência brasileira.


1504 - Morre Isabel I, rainha da Espanha.
1807 - A corte portuguesa decide transferir-se para o Brasil fugindo da invasão francesa que ameaçava Lisboa.
1845 - Curitiba é elevada a capital da província do Paraná.
1907 - O Coronel Gustavo Lima ataca Lavras, no Ceará, e derruba seu irmão Honório.
1910 - Acaba a Revolta da Chibata. Os marinheiros entregam a esquadra.
1924 - É proclamada a República Popular da Mongólia. O país, que fica na Ásia Central, é herdeiro do Império Mongol.
1930 - Getúlio Vargas define Lindolfo Collor como o primeiro responsável pelo Ministério do Trabalho.
1931 - Nasce o argentino Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz em 1980.
1934 - Começa a funcionar no Rio Grande do Sul a primeira refinaria brasileira de petróleo, a Destilaria Rio-Grandense de Petróleo.
1939 - Nasce Tina Turner, cantora norte-americana.
1941 - Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos exigem que o Japão deixe o território chinês.
1942 - Estréia no Hollywood Theather de Nova York o filme Casablanca.
1945 - Em Nova York, ocorre um encontro histórico de músicos de jazz, reunindo, entre outros, Miles Davis e Max Roach.
1948 - Em Dublin, o Parlamento decide proclamar a independência total da Irlanda.
1950 - A China ingressa na Guerra da Coréia, lançando uma ofensiva contra soldados dos Estados Unidos, Coréia do Sul e Nações Unidas.
1963 - Na Coréia do Sul, ocorrem eleições legislativas após 28 meses de governo militar.
1964 - O governador de Goiás, Mauro Borges, é destituído do cargo.
1974 - O México rompe relações diplomáticas com o Chile.
1979 - O Comitê Olímpico Internacional readmite a China na entidade, depois de 21 anos de ausência.
1985 - Ocorre a eleição presidencial em Honduras, com vitória do candidato liberal José Azcona.
1993 - A Bélgica tem a primeira greve geral em quase meio século. Ocorrem paralisações na indústria e nos transportes, obrigando o governo a negociar com os sindicatos.
1993 - O ator Grande Otelo, um dos maiores talentos artísticos do Brasil, morre aos 78 anos, vítima de parada cardíaca.
1997 - Na votação da reforma administrativa, o governo brasileiro consegue a aprovação da demissão de servidores públicos estáveis por excessos de gastos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

MAÇONARIA E FASCISMO


por Nelson Greco

CONTEXTO HISTÓRICO

Durante a primeira metade do Século XX a Europa passou por um momento de turbulência, com a Revolução Russa, a expansão do socialismo e a crise do capitalismo liberal, que tiveram como consequência a ascensão do nazifascismo, na Polônia, Itália, Portugal, Espanha.
A Maçonaria estava neste contexto muitas vezes envolvida em uma contradição, de um lado a oposição ao totalitarismo fascista, de outro o combate ao socialismo.

A MAÇONARIA E O FASCISMO NA ITÁLIA

“A natureza essencialmente nacionalista do fascismo não era compatível com o espírito universal da Maçonaria. Mussolini dirigiu a revolução fascista visando a construção de um “novo homem”, forte, viril e marcial, livre dos vícios do velho liberalismo cosmopolita, materialista, pacifista e humanitário.” MENEZES, 2014.

A Itália sempre teve forte ligação com a Igreja Católica, ela sempre foi uma grande proprietária de terras, governante de estados que compunham o país. Hoje unificada, foi no passado uma série de reinos e seu processo de nacionalização, foi liderado em diversos momentos por vários grupos e ideologias, a Igreja pleiteou a liderança do país, os maçons também tentaram pelo Reino das Duas Sicílias com os Carbonários. Esta disputa acirrou ainda mais a oposição entre Igreja Católica e Maçonaria.
A expansão do nazifascismo na Europa, também  alcançou o país, sobre o comando de um ex socialista, Benito Mussolini, inicialmente muitos maçons apoiaram a subida ao poder do Dulce, opondo-se ao comunismo, abriram mão dos ideais de liberdade da Revolução Francesa, para apoiar totalitarismo. Maçons participavam do alto escalão do partido fascista e Mussolini aceitava livremente o ingresso deles tanto no partido, como no movimento dos Camisas Negras, entretanto com a Marcha Sobre Roma ele teve que  escolher entre a maçonaria e a Igreja Católica.  Em 12 de Janeiro de 1925 o ministro da Justiça apresentou um projeto de lei, que aprovado estabeleceu o controle das sociedades secretas e tinha por objetivo a extinção da maçonaria na Itália.
A situação era complexa, quando Mussolini surgiu como líder socialista, sofria o combate da maçonaria. Quando o Dulce torna-se fascista haverá uma aproximação com alguns maçons, todavia ele teve que escolher entre maçonaria e Igreja Católica. O extremo  nacionalismo do movimento fascista será usado para opor-se à maçonaria acusada de aproximar-se de ideias identificados como francesas.
A antiga união entre maçonaria e fascismo esteve longe de ser unanime, os Carbonários foi uma organização revolucionária, patriótica, liberal e anticlerical, que atuou na Espanha, Portugal, França e Itália, tinham forte influência maçônica, eram divididos em mestres e aprendizes. Lideraram o movimento de unificação da Itália através do Reino das Duas Sicílias. A luta carbonária contra a Igreja e pela unificação foi tão forte que levou o papa Pio IX a editar 600 documentos contra a maçonaria. Os fascistas, usaram o elemento nacionalista para o expurgo da maçonaria do governo Italiano.
A ligação com os idéias da revolução francesa foram denunciados como antipatrióticos. Os maçons foram acusados de sabotadores  do Eixo (Roma-Berlim-Tókio) e favoráveis aos  aliados, Inglaterra e França.
Completando o caos que povoava a maçonaria na Itália os dois grupos maçônico principais que atuavam não bastando a perseguição do regime fascista ainda tiveram a “excelente” ideia de entrarem em disputa entre si facilitando ainda mais o trabalho de seus opositores, a contendo se deu entre A Grande Loja Simbólica e O Supremo Conselho do Rito Escoces

A MAÇONARIA E A DITADURA DE FRANCO

A Espanha foi um país que surgiu da luta de cristãos contra os mouros, islâmicos que ocupavam a Península Ibérica, este caráter de Guerra Santa estabelecido na Guerra da Reconquista, foi renovado durante o período da Reforma Protestante, portador de um catolicismo medieval, propulsora da Santa Inquisição, o catolicismo espanhol sempre teve um caráter absolutista, medieval e intolerante.
Os grupos católicos aliavam-se a elite agrária e ao absolutismo monárquico, se opunham aos ideais da Revolução Francesa, a educação laica, e à maçonaria, a experiência política da Espanha no século XX é marcado pela derrubada da monarquia e pela instituição de um regime republicano ligado a grupos anarquistas, aliás era comum a participação de anarquistas nas lojas maçônicas. Se na Itália o socialismo teve em comum com a Igreja Católica a oposição e o isolamento da maçonaria, na Espanha os grupos de oposição a monarquia, os socialistas e anarquistas se aproximaram ou se misturaram com a maçonaria contra a monarquia e o catolicismo.
Estabelecida a república espanhola, vários ideais como o liberalismo, o ensino laico e universal, a pluralidade política e religiosa, tiveram clara influência de maçons que participavam do governo e dos movimentos sociais.
No contexto do acirramento político da Europa e a ascensão de ditaduras, a Espanha sofreu um intensa e sangrenta guerra civil, onde católicos e fascistas com o apoio de Adolf Hitler e sobre a liderança do general Franco enfrentaram a república democrática e plural.
A guerra civil espanhola, serviu de laboratório para as armas nazistas, e ocorreu o intenso extermínio da população por exemplo na cidade de Guernica, fato imortalizado na obra de Pablo Picasso. Os maçons foram perseguidos e se na Itália o discurso de antipatização ficou por conta do nacionalismo na ditadura de Franco o estímulo ao ódio a maçonaria e seus membros se deu através de construção de uma imagem de união indissociável entre maçonaria e judeus, assim foi posta como um elemento da cultura semítica e que membros da maçonaria eram principalmente judeus.
Os maçons eram para o franquismo como os judeus para Hitler ou seja a escória que deveria ser estirpada para o bem da pátria. E o tratamento foi de pô-los em ilegalidade e de leva-los a campos de concentração. Também foi identificada como anticatolicismo .

A MAÇONARIA E O SALAZARISMO

Pós primeira Guerra Mundial Portugal passa por uma crise econômica, país essencialmente agrário, conservador e católico, a república se postou num viés liberal e anti clerical, o governo liberal de Carmona convocou como ministro da economia Antônio de Oliveira Salazar, que com o apoio da Igreja, invocando o nacionalismo estabelece uma ditadura aos moldes italianos. Esse governo ficou conhecido como Salazarismo.
Salazar, advindo de uma família tradicional de agricultores,  católico seminarista, não se torna padre, forma-se em Direito, alguns autores  indicam-lhe como iniciado à ordem maçônica. Defensor do catolicismo, do nacionalismo, opõem-se a República Liberal.    
As medidas econômicas de Salazar, combatem a crise econômica, com o apoio dos latifundiários e da Igreja e a perca de apoio das classes médias à república ele implanta uma ditadura marcada pelo conservadorismo, pelo anti industrialismo, o combate a comunismo, ao anarcosindicalismo, e a maçonaria.
Alguns autores afirmam que Salazar foi maçon, contudo quando chega ao poder  ele de forma sutil através de um projeto de lei do Deputado  José Cabral, estabelecia prisão e banimento a quem participasse de organizações secretas. Fernando Pessoa considerado o maior poeta daquele país sai em defesa da maçonaria, mesmo não sendo maçon, defendendo seus ideais e se opondo a lei que proibia as organizações secretas.
Se Salazar teve um passado de provável proximidade com a maçonaria, a instituição não se aproximou em sua extrema maioria do fascismo, sempre esteve majoritariamente na oposição.

“(…) Não sou maçom, nem pertenço a qualquer outra Ordem semelhante ou diferente. Não sou, porém, antimaçon, pois o que sei do assunto me leva a ter uma idéia absolutamente favorável da Ordem Maçônica. A estas duas circunstâncias, que em certo modo me habilitam a poder ser imparcial na matéria, acresce a de que, por virtude de certos estudos meus, cuja natureza confina com a parte oculta da Maçonaria – parte que nada tem de político ou social -, fui necessariamente levado a estudar também esse assunto – assunto muito belo, mas muito difícil, sobretudo para quem o estuda de fora (…)” (PESSOA, Passim).


MAÇONARIA E DITADURAS

Os ideais maçônicos, entre eles o de pluralidade político religiosa, tolerância, solidariedade, além disto, sua organização paraestatal, independente e secreta chocam-se com o estabelecimento de governos totalitários, tanto pelos princípios de controle total do estado da sociedade como pelos seus caráter exclusivista de não aceitação de discordância ou de qualquer pluralidade. A ação de homens maçons refletem as contradições da sociedade e na Europa se por um lado o liberalismo, a tolerância e o pluralismo afastava a maçonaria do totalitarismo, por outro sua oposição ao totalitarismo de alguns grupos socialistas ou mesmo a junção entre maçonaria e catolicismo os aproximou do totalitarismo.
Mais importante do que saber se a maçonaria apoiou ou se opôs ao fascismo é entender que seus ideais são incompatíveis com violência e totalitarismo.
Em um mundo pos bipolaridade e também pós socialismo real, e reconhecendo as manchas e contradições do passado, fica a necessidade não de condenação ou de absolvição mas de afirmação de alguns ideais maçônicos que o mundo tanto necessita até hoje, como democracia, tolerância, pluralidade, combate a violência e solidariedade.

BIBLIOGRAFIA







Brasil de 1985 a 2018













domingo, 21 de outubro de 2018

Os dois lados da moeda


                                                                          


Texto: Prof. Ednardo Junior

Não sei se é incompetência de minha parte ou falta de qualidade dos candidatos, o certo é que não consigo decidir o que fazer no próximo turno da eleição presidencial no Brasil. Quando penso nas opções vejo que é mais ou menos assim: podemos votar no candidato seis ou no candidato meia dúzia.
No Brasil o voto é um direito do cidadão. Segundo o Dicionário Online de Português, direito é “aquilo que é garantido ao indivíduo por razão da lei ou dos hábitos sociais: direito de frequentar qualquer escola”( www.dicio.com.br/direito). Pois bem, entendo direito como algo que posso usufruir, bem como escolher se uso ou não o direito garantido por lei. Entretanto, caso não desfrute do meu direito de voto no Brasil devo justificar-me no cartório eleitoral e ser sujeito a multa, certo que o valor é irrisório, o problema maior é o incômodo.  
Nesse sentido, vejo o voto não como direito e sim obrigação, e nestes últimos dias a obrigatoriedade do voto tornou-se pra mim um tormento. Hoje encontro-me incapaz de escolher entre dois cidadãos que não representam em nada o que acredito.
Como professor da área de humanas não posso concordar com sistemas de governos autoritários, a história já mostrou inúmeras vezes que este tipo de governo não resolve de forma definitiva os problemas de uma nação, temos exemplo tanto no Brasil como em outros países da América Latina e na Europa.  
  Nos anos de 1960, a economia brasileira estava corroída por uma onda de desemprego, inflação e queda nos investimentos. Além disso, o populismo entrou em crise ao perceber que as reivindicações concedidas aos trabalhadores não poderiam ser impostas sem primeiro atender os interesses das elites. Setores da sociedade, como a classe média e a Igreja Católica, temiam o avanço do movimento comunista. Latifundiários ficaram preocupados com a reforma agrária e a tensão que ela poderia gerar no campo. Empresas multinacionais se sentiram prejudicadas com os limites impostos à remessa de lucros para o exterior.
Desta forma podemos ver que o golpe de 1964 interessava a elite burguesa. A democracia e o bem-estar social da população nada importava se os patrões tivessem seus interesse garantidos.
Percebo também que as políticas populistas não têm mais lugar em nosso tempo atual, pois a manutenção deste tipo de política requer um investimento muito alto entre os indivíduos que integram os cargos administrativos na gestão pública. Através de manobras ilícitas o dinheiro do povo fica nas mãos de uma minoria, para que determinados grupos políticos possam ter capital pra manter-se no poder.   
Hoje, ao longo de mais de quatro décadas de vida, vejo que nosso país a cada dia está mais dividido. Grande parte dos eleitores brasileiros só enxergam o próprio umbigo, colocam o interesse individual sempre à frente dos interesses coletivos.
Só posso acreditar em uma mudança real no Brasil, quando houver uma transformação de comportamento do povo. O inicio desta alteração se dará com uma educação significativa e com a equidade necessária para que uma criança não seja punida com uma educação sem qualidade pela falta de recursos financeiros de seus pais.

Fontes: 


SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA

  SOLIDARIEDADE NA MAÇONARIA Ednardo Sousa Bezerra Júnior.´. “É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao n...