segunda-feira, 26 de maio de 2025

A difícil tarefa de admitir quando estou errado


 




Algo que me incomoda profundamente é lidar com pessoas que acreditam estar sempre certas. Elas demonstram uma convicção inabalável em suas opiniões, mesmo quando os fatos provam o contrário. Quando algo dá errado, jamais assumem qualquer responsabilidade, a culpa, para elas, é sempre do outro.

Esse tipo de comportamento torna a convivência desgastante. Em vez de buscarem soluções ou aprenderem com os erros, preferem apontar falhas, parece sentir mais satisfação em encontrar algo que não funcionou do que em celebrar um acerto, basta um pequeno erro, uma falha mínima, para que aquilo se torne o centro das atenções, alvo de críticas e julgamentos.

Além disso, pessoas com esse perfil costumam ter um alto grau de desconfiança em relação aos que estão ao seu redor. Elas duvidam das intenções dos outros, interpretam gestos simples como ameaças veladas e, frequentemente, sentem-se traídas por situações que sequer envolvem má-fé. Essa constante vigilância, essa sensação de estar sempre cercadas por possíveis adversários, as torna defensivas, frias e, muitas vezes, agressivas em suas reações.

Do ponto de vista neurológico, esse padrão de comportamento está frequentemente associado a uma região do cérebro ligada ao processamento do medo, da ameaça e das emoções negativas que contribui para o foco excessivo nos erros, a dificuldade de confiar e a tendência a se proteger mesmo quando não há risco real. O córtex pré-frontal é a área do cérebro responsável pelo julgamento equilibrado, empatia e tomada de decisões conscientes, acabam sendo menos ativadas. Isso explica por que essas pessoas têm dificuldade em refletir sobre suas próprias atitudes, aceitar críticas ou enxergar as situações sob outros pontos de vista.

A negatividade constante e a desconfiança exagerada contaminam o ambiente. Um maior foco nos defeitos, nos deslizes e nas imperfeições dificulta a possibilidade de crescimento tanto pessoal quanto coletivo. Erros fazem parte da vida e nos ensinam a evoluir. Mas para que isso aconteça, é necessário ter humildade, empatia e maturidade emocional.

Pessoas que não admitem suas falhas, que não se abrem para outras perspectivas e que vivem sob o peso da desconfiança acabam afastando os outros. Convivem em constante tensão, como se estivessem num campo de batalha, e não num espaço de trocas e aprendizados. Em vez de colaborar, competem. Em vez de apoiar, condenam.

A convivência saudável exige diálogo, respeito e, acima de tudo, disposição para ouvir e confiar. Quando se entende que errar é humano, e que confiar nos outros é uma escolha que fortalece os vínculos, as relações se tornam mais leves, construtivas e verdadeiras.


Ednardo Sousa Bezerra Jr.

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