Algo que me incomoda profundamente é lidar com
pessoas que acreditam estar sempre certas. Elas demonstram uma convicção
inabalável em suas opiniões, mesmo quando os fatos provam o contrário. Quando
algo dá errado, jamais assumem qualquer responsabilidade, a culpa, para elas, é
sempre do outro.
Esse tipo de comportamento torna a convivência
desgastante. Em vez de buscarem soluções ou aprenderem com os erros, preferem
apontar falhas, parece sentir mais satisfação em encontrar algo que não
funcionou do que em celebrar um acerto, basta um pequeno erro, uma falha
mínima, para que aquilo se torne o centro das atenções, alvo de críticas e
julgamentos.
Além disso, pessoas com esse perfil costumam
ter um alto grau de desconfiança em relação aos que estão ao seu redor. Elas
duvidam das intenções dos outros, interpretam gestos simples como ameaças
veladas e, frequentemente, sentem-se traídas por situações que sequer envolvem
má-fé. Essa constante vigilância, essa sensação de estar sempre cercadas por
possíveis adversários, as torna defensivas, frias e, muitas vezes, agressivas
em suas reações.
Do ponto de vista neurológico, esse padrão de
comportamento está frequentemente associado a uma região do cérebro ligada ao
processamento do medo, da ameaça e das emoções negativas que contribui para o
foco excessivo nos erros, a dificuldade de confiar e a tendência a se proteger
mesmo quando não há risco real. O córtex pré-frontal é a área do cérebro
responsável pelo julgamento equilibrado, empatia e tomada de decisões
conscientes, acabam sendo menos ativadas. Isso explica por que essas pessoas
têm dificuldade em refletir sobre suas próprias atitudes, aceitar críticas ou
enxergar as situações sob outros pontos de vista.
A negatividade constante e a desconfiança
exagerada contaminam o ambiente. Um maior foco nos defeitos, nos deslizes e nas
imperfeições dificulta a possibilidade de crescimento tanto pessoal quanto
coletivo. Erros fazem parte da vida e nos ensinam a evoluir. Mas para que isso
aconteça, é necessário ter humildade, empatia e maturidade emocional.
Pessoas que não admitem suas falhas, que não
se abrem para outras perspectivas e que vivem sob o peso da desconfiança acabam
afastando os outros. Convivem em constante tensão, como se estivessem num campo
de batalha, e não num espaço de trocas e aprendizados. Em vez de colaborar,
competem. Em vez de apoiar, condenam.
A convivência saudável exige diálogo, respeito
e, acima de tudo, disposição para ouvir e confiar. Quando se entende que errar
é humano, e que confiar nos outros é uma escolha que fortalece os vínculos, as
relações se tornam mais leves, construtivas e verdadeiras.
Ednardo Sousa Bezerra Jr.
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