Equipamento se tornou referência em todo o mundo nos estudos científicos da Paleontologia
Santana do Cariri. Considerado o maior espaço de salvaguarda de fósseis do período cretáceo do hemisfério sul, o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri completa 25 anos. O local se tornou referência mundial na pesquisa paleontológica e já atraiu pesquisadores de todos os continentes, além de visitantes. Desde que foi inaugurado, já recebeu cerca de 320 mil pessoas, tendo se tornado o segundo espaço de visitação turística, depois do monumento do Horto, no Padre Cícero, no Cariri. O museu está inserido na área do Geopark Araripe como equipamento de maior destaque do projeto.
Uma alvorada com banda de música abriu os festejos na sede do município Fotos: Elizângela Santos
São quase 10 mil peças no museu, e 1.500 delas estão expostas para os visitantes. Por conta do grande potencial fossilífero da região da Bacia Sedimentar do Araripe, o Museu de Paleontologia, criado pela prefeitura de Santana do Cariri e, posteriormente, cedido à Universidade Regional do Cariri (Urca), passou por duas grandes reformas e ampliações, para adequar o espaço à coleção de peças das mais variadas espécies de animais pré-históricos, a exemplo dos pterossauros e dinossauros, aos vegetais e invertebrados. A última delas houve investimento de quase R$ 1 milhão, para a modernização do espaço e sua ampliação.
Educação
A comemoração dos 25 anos foi aberta na manhã de ontem, com o Simpósio Científico de Paleontologia, pela reitora da Urca, professora Otonite Cortez, que destacou a importância histórica e científica do museu, além do grande potencial turístico, econômico e social que representa para a cidade e a região.
"É o espaço de educação popular, onde as pessoas têm acesso a um material que conta a história da vida no planeta", diz. Ela esteve representando o secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), René Barreira.
O museu foi criado em Santana do Cariri pelo sociólogo e ex-reitor da Urca, professor Plácido Cidade Nuvens, quando era prefeito da cidade, e atualmente está como coordenador do espaço, onde há a presença de 12 monitores mirins, capacitados para prestar esclarecimentos ao público que visita o museu sobre história e a importância das peças. Ele chegou a receber prêmios pela a criação do espaço, no centenário da cidade de Santana do Cariri, a exemplo do Sereia de Ouro, do Sistema Verdes Mares, e o Rodrigo de Melo Franco, do Ministério da Cultura (Minc).
O museu recebeu homenagem, em maio deste ano, pela passagem dos seus 25 anos, na Assembleia Legislativa do Estado. O Município de Santana do Cariri também recebeu do Legislativo estadual o título de "Capital da Paleontologia"´.
Mesmo sendo um grande atrativo para os pesquisadores, possibilitando o fortalecimento do turismo científico na região, o local recebe visitações diárias de estudantes de instituições da região e de vários estados do Brasil. Já registrou a passagem de turistas de todos os continentes do planeta. Os principais registros, inclusive de reportagens que proporcionou até os dias atuais, estão expostos em uma sala que expõe a própria história do equipamento. As pesquisas relacionadas aos fósseis no âmbito do Araripe foram iniciadas ainda no século XIX.
Para Plácido Cidade Nuvens, os 25 anos do Museu representam apoio e subsídio que a região oferece aos pesquisadores, e eles correspondem, porque ao longo desses anos já existem vários holótipos, unidades através das quais foram descobertas novas espécies e isso, conforme o coordenador, significa a valorização do museu. "O espaço que possui esse material tem prestígio, porque cada pesquisador tem que vir conhecer", afirma. Estudiosos, como Alex Kellner, com pesquisas relacionadas aos pterossauros; Diógenes de Almeida Campos, com os dinossauros; e Paulo Brito, com os peixes, segundo o professor Plácido, foram paleontólogos que fortaleceram o museu como centro de pesquisa e visitação.
Uma das grandes contribuições do museu, segundo o professor Plácido, foi possibilitar o controle da saída ilegal dos fósseis. "Havia uma sangria desatada, muito contrabando dos fósseis da nossa Chapada", diz ele, ao acrescentar que hoje se tem a alegria dos peixeiros, que antes vendiam as peças, trazerem para o museu as novidades e isso reforça o valor científico.
Para o professor Álamo Feitosa, que abriu o evento com palestra com Pesquisa Paleontológica da Bacia do Araripe - Estado da Arte , o museu é um formador de opinião e desperta vocações, não apenas na área da paleontologia, mas nas artes, conservação, defesa do ambiente e dos recursos naturais renováveis e não renováveis, além de criar uma identidade regional.
"Nós éramos acusados pelos estrangeiros de não termos um espaço adequado, hoje permeado de holótipos. Temos onde guardar esse material, no mesmo nível de outras instituições da área", afirma.
A Bacia do Araripe é atualmente um dos locais de incidência dos répteis voadores, visados para estudos no mundo e onde foram encontrados os mais antigos pterossauros. Em março deste ano, foi apresentado no Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais recente deles, o ´Tropeognathus mesembrinus´. Para a comunidade científica mundial, o pterossauro foi encontrado em 2011, durante a maior escavação controlada do Nordeste, que está sendo realizada na região.
Mais informações:Geopark Araripe
Universidade Regional do Cariri (Urca)
Carolino Sucupira, S/N
Telefone (88) 3102.1237