quarta-feira, 24 de julho de 2013

Pesquisadores paulistas iniciarão teste de vacina oral contra hepatite B, mais barata e eficaz

O combate e prevenção à hepatite B deve ganhar mais um aliado no Brasil. Pesquisadores do Instituto Butantan devem iniciar testes de uma vacina oral contra a doença, que deve ser mais barata e de fácil aplicação, mantendo a eficácia da imunização injetável.
De acordo com o cientista Osvaldo Sant’Anna, outra vantagem da nova vacina é a menor possibilidade de reações adversas. “A vacina é importante mundialmente por mudar um paradigma de vacinação. O organismo não dispensa tanta energia ao receber umavacina pela via oral. Além disso, a boca é a via natural da instalação de uma infecção. É, portanto, o canal propício para ações de vacinação”, explicou durante conferência na 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Recife (PE)..
Estima-se que mais de 300 mil pessoas, no Brasil, tenham sido infectadas por formas virais de hepatite, somente entre 1999 e 2010                                                                                              Foto: Neysla Rocha                                                                                                   

Um dos desafios para se administrar vacinas por via oral é fazer com que os antígenos(responsáveis pela imunização) cheguem ao sistema imune, localizado fundamentalmente no intestino. A dificuldade ocorre porque é difícil para qualquer medicamento atravessar a acidez e enfrentar o ataque de enzimas do suco gástrico e chegar à cavidade intestinal. Aliás, um dos únicos exemplos de vacina oral utilizada em larga escala no mundo é a Sabin, utilizada para imunizar crianças contra a poliomielite.
Mas a técnica desenvolvida por Sant’Anna e pela pesquisadora Marcia Fantini, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), faz o encapsulamento dos antígenos, com o uso denanotubos de sílica, o segundo elemento mais presente na natureza. Com isso é possível à vacina atravessar a barreira gástrica e chegar intacta ao intestino. Os primeiros testes da vacina com sílica (mas ainda na forma injetável) foram realizados  em camundongos, entre 2001 e 2002,  e foi feita a partir de vírus geneticamente manipulados.
Em 2007, foram iniciados testes de administração por via oral, também em animais. “Constatamos que a vacina oral com sílica melhorou muito a resposta imunológica dos animais. Ela realmente os imunizou efetivamente contra a hepatite B”, afirmou Sant’Anna. A previsão é de que os testes com humanos sejam concluídos entre 2018 e 2020. A nova vacina chegue ao mercado em um prazo de dez anos. O protocolo para a realização desses testes está sendo montado pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa farmacêutica Cristália.


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