A principal proposta da transversalidade no ensino
de História, e na educação em geral, é aproximar a escola do mundo dos
estudantes.
A proposta de um ensino baseada
na transversalidade está presente nos PCN’s (Parâmetros
Curriculares Nacionais), a partir de cinco temas transversais para a educação
nacional, são eles: ética, pluralidade cultural, saúde, orientação sexual e
meio ambiente. O principal objetivo dos temas transversais instituídos pelo MEC
(Ministério da Educação e Cultura) foi aproximar a escola da realidade vivida
pelos alunos, ou seja, trazer as disciplinas, os professores, os conteúdos
escolares e aproximá-los do mundo do estudante. Dessa maneira, os alunos teriam
uma aprendizagem significativa e seriam vistos com sujeitos históricos.
Geralmente os temas transversais são
abordados recorrentemente na escola a partir da proposta do trabalho
interdisciplinar. Essa abordagem não deixa de ser salutar, mas existem algumas
questões a serem observadas. Quase sempre a abordagem interdisciplinar é
realizada por meio de uma proposta temática comum e aplicada por professores de
duas ou mais disciplinas afins. O fato recorrente nessas abordagens
interdisciplinares é que cada disciplina se preocupa com seu recorte específico
sobre o tema, o que acaba fragmentando-o ainda mais. Há também o perigo de
repetição constante da temática (como, por exemplo, a abordagem sobre ética em
três disciplinas diferentes durante um mês). Isso para os alunos e também para
os professores se tornaria uma abordagem desgastante e exaustiva.
Uma proposta interessante e salutar
para trabalhar com a transversalidade na escola seria uma mudança na abordagem
das disciplinas, ou seja, cada disciplina deixaria de buscar objetivos em si
mesma, para se tornar um meio necessário para a realização dos objetivos
presentes nos temas transversais e nos PCN’s. Essa abordagem teria a seguinte
ênfase: as disciplinas como meios e a transversalidade como fim.
Para desenvolver a transversalidade
no ensino de História, a didática, a metodologia e os pressupostos teóricos
teriam que passar por uma reformulação. Segundo Neto (2004:65), “por isso,
podemos afirmar que a implantação dos temas transversais não se refere apenas a
mudanças didático-pedagógicas, mas também conceituais sobre o ato de educar e a
própria História”.
O ensino de História tradicional,
baseado em grandes acontecimentos, apresenta uma linearidade temporal em que os
fatos sempre são concebidos com um início, meio e fim, ou seja, a história e o
tempo histórico sempre foram tratados teleologicamente e escatologicamente, com
um fim certo e preciso.
A aplicação dos temas transversais no
ensino de História deve acontecer a partir da renovação nos métodos, conceitos
e didáticas no ensino de História. Segundo Neto (2004: 66), “deve-se abandonar
a visão do conhecimento específico da disciplina, sem abrir mão dos repertórios
e recursos de cada área de conhecimento, e, ao mesmo tempo, incorporar o papel
de formação exercido pelo educador, tratando de temas e questões que
ultrapassam o conteúdo programático, por meio dos temas transversais. A busca
da compreensão da realidade e a afetiva participação do indivíduo a partir de
dados e noções relativos ao seu cotidiano, ao seu universo, fazem com que a
escola passe a ser considerada como um espaço de conhecimento e reconhecimento,
onde por intermédio das diversas disciplinas e de sua nova abordagem o aluno
seja capaz de ver e vislumbrar-se como construtor de sua própria história”.
Os professores de História estão
atrelados a dois procedimentos mais usuais na prática escolar para trabalhar
com os temas transversais. O primeiro seria dividido por temas ou períodos
históricos: História Geral, História do Brasil e História da América. E o
segundo por eixos temáticos: escravidão antiga, moderna e contemporânea; a
propriedade da terra, o mundo do trabalho, a industrialização, entre outros. O
segundo procedimento, do ensino de História dividido por eixos temáticos, seria
o mais aconselhável, pois romperia com o ensino de História pautado na divisão
cronológica tradicional.
Para uma proposta de se trabalhar com
os temas transversais no ensino de História baseada em eixos temáticos, os
professores devem definir os conteúdos abordados no seu plano de curso e devem
ter amplo conhecimento dos objetivos e da problemática abordada.
Abaixo seguem algumas das principais
orientações sugeridas por Neto (2004: 72-73), para os professores que se
dispõem a realizar uma abordagem transversal salutar no ensino de História:
“- valorização do aluno e de seu
universo;
- estimular a oralidade e, com base
nela, a produção textual e a análise de documentos (textos, vídeos, mapas,
acervos...);
(...)
- dar a dimensão que o conhecimento
histórico é um meio para compreender o mundo, as questões da atualidade, suas
origens, as diversas respostas e explicações para um determinado fato, levando
o aluno a ver que há diversas explicações para uma mesma realidade, devendo
abrir-se para ouvi-las e questioná-las, numa prática que permitirá maior
lucidez e discernimento diante da sociedade e da própria vida” (NETO: 2004, p.
72-73).
Leandro Carvalho
Mestre em História
Mestre em História
Nenhum comentário:
Postar um comentário