Texto publicado em 20 de Janeiro 2015, JORNAL "O ESTADO"
Nem só de vida vive a morte. Ela mata também a história, as tradições, o patrimônio público…
Esse tipo de fenecimento, entretanto, não vem do além, mas sim de mãos humanas, ou seria melhor dizer, da indiferença cultural, fruto da ignorância e da falta de educação.
O fato é que não estamos acostumados/educados a preservar a nossa história, poucas são as cidades que se preocupam com a referida preservação, como Olinda, por exemplo.
Uma das formas de proteger as coisas ou os locais é o tombamento, que, segundo Hely Lopes Meirelles, “é a declaração pelo poder público do valor histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou científico das mencionadas coisas ou lugares. Nesse sentido, prescreve o art. 226, § 1º da Constituição Federal de 1988: “o poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação e de outras formas de acautelamento e preservação”.
Em Itapipoca, a conhecida Terra dos Três Climas, a preservação do patrimônio histórico está sendo preterida pela mera especulação imobiliária. Pessoas endinheiradas – na maioria novos ricos – de curta visão social, estão comprando casas de relevante valor cultural para transformá-las em nada ou em espaços vazios, como estacionamentos.
Onde está o poder público? Pasmem: está flertando perigosamente com o “destombamento” da casa e do escritório de advocacia do grande itapipoquense Perilo Teixeira. Não há na cidade uma política de preservação do patrimônio público, até mesmo a Biblioteca, pública entregue na distante gestão do capitão Francisco Pinheiro Alves está com as obras de reconstrução paralisadas. A residência do ilustre Gerardo Barroso desapareceu.
Como disse Rodrigo Melo Franco de Andrade “a cultura de um povo é seu maior patrimônio. Preservá-la é resgatar a história, perpetuar valores, é permitir que as novas gerações não vivam sob as trevas do anonimato”.
Na ausência da aludida política de preservação, os órgãos estatais (Ministério Público, sobretudo) devem ser procurados, com urgência, antes que, literalmente, “a casa caia”.
Não se pode esquecer, ainda, que o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem por missão institucional promover e coordenar o processo de preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro para fortalecer identidades, garantir o direito à memória e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do País.
Como orienta o hino itapipoquense: “avante Itapipoca, avante!”.
Fonte:http://www.oestadoce.com.br/opiniao/morte-em-itapipoca
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