domingo, 7 de setembro de 2014

A invenção do grito de independência

Independência ou Morte ou O Grito do Ipiranga de Pedro Americo

A imagem de d. Pedro I desembainhando a espada no alto do Ipiranga é uma das representações mais populares da história do Brasil. Há muitas décadas ela figura em livros didáticos e ilustra páginas de revistas e jornais por ocasião das comemorações da Independência. Diante dela temos a impressão de sermos testemunhas do evento histórico, aceito naturalmente como o "marco zero" da fundação da nação. 
No entanto, essa imagem é fruto da imaginação de um artista que nem mesmo tinha nascido no momento em que o episódio ocorreu.
Historiadores dentre eles temos Eduardo Bueno que defende que D. Pedro teria sofrido um dia de furria antes grito do Ipiranga, e tentam demonstrar que foram necessárias muitas décadas para que o hoje famoso episódio do "Grito do Ipiranga" adquirisse o status que ele possui no contexto das narrativas sobre a Independência. 

Era fundamental para as elites vinculadas ao governo evitar que o processo de independência se transformasse em uma revolução popular, como ocorrera na América Espanhola. Assim, nos primeiros anos após a Independência, as datas que reafirmavam a monarquia Bragança, como a aclamação e a coroação de d. Pedro I, é que são postas em evidência.
São esses mesmos episódios, a aclamação e a coroação, que mereceram destaque no livro Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, de Jean-Baptiste Debret (publicado na França entre 1834 e 1839). Debret, que chegou ao Brasil com a Missão Francesa em 1816, foi o artista mais próximo da Corte portuguesa em sua época. 
A prancha no 47 do livro, referente à Aclamação, apresenta D. Pedro I na varanda de um palacete no Campo de Santana, sendo saudado pela multidão, após ter aceitado o título de imperador do Brasil. Ao seu lado, encontram-se a imperatriz com a filha primogênita, Maria da Glória, e figuras de destaque no processo político de independência e do novo governo, como José Clemente Pereira (à época presidente do Senado), José Bonifácio, ministro do Império e seu irmão Martim Francisco, ministro das Finanças. 




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