Ednardo Sousa Bezerra Jr
A história
da liberdade no Brasil é marcada por avanços importantes, mas também por
contradições profundas. A Maçonaria, com seus ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade, teve papel significativo na luta abolicionista ao oferecer espaço
para debates, articulações políticas e ações concretas em defesa da emancipação
dos escravizados. Figuras como José Bonifácio, Luís Gama, Rui Barbosa e Joaquim
Nabuco, todos ligados à Maçonaria, contribuíram decisivamente para que a Lei
Áurea fosse possível.
No entanto,
o fim formal da escravidão em 1888 não significou a eliminação imediata de
práticas violentas ou discriminatórias. Um exemplo emblemático é o caso da
Marinha brasileira, que, mesmo após a abolição, continuou a aplicar castigos
físicos — prática autorizada durante o governo de Marechal Deodoro da
Fonseca, ele próprio um maçom. Esse episódio revela a complexidade da
história: homens que defendiam a liberdade em determinados contextos
permaneceram, em outros, presos a estruturas autoritárias e desumanas herdadas
do período escravocrata.
Essa
contradição histórica evidencia que a abolição foi apenas um passo, e não a
chegada ao destino final. Sem políticas de inclusão, reparação ou proteção, a
população negra permaneceu vulnerável e marginalizada. Por isso, ainda hoje, o
Brasil enfrenta as marcas profundas do racismo estrutural: desigualdade de
oportunidades, discriminação cotidiana, violência e exclusão social.
É nesse
contexto que o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, se
torna essencial. A data, simbolizada pela resistência de Zumbi dos Palmares,
nos lembra que a luta pela liberdade é contínua. Ela exige reflexão sobre o
passado, reconhecimento das injustiças presentes e compromisso com a construção
de uma sociedade verdadeiramente igualitária.
Assim, ao
revisitar a atuação da Maçonaria na abolição, as contradições pós-1888 e o
significado da Consciência Negra, reafirmamos que a verdadeira liberdade não é
apenas a ausência de correntes, mas a presença de dignidade, respeito e
equidade para todos. A história nos chama a agir, ontem, hoje e sempre,pela
construção de um Brasil mais justo e humano.

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